O mais alto título da Universidade Nova de Lisboa para Aga Khan
Ser o líder da comunidade Imamat Ismaili, a proximidade da sede da Fundação Aga Khan e os protocolos com as universidades ismaelitas são os três motivos que levam a Universidade Nova de Lisboa a conceder o doutoramento honoris causa ao príncipe Shah Karim al--Hussaini. António Rendas, o reitor, disse ao DN que há um ano iniciaram contactos mais assíduos para estabelecer parcerias e que a cerimónia de doutoramento, hoje à tarde na reitoria, representa o estreitar de relações tendo em vista projetos de cooperação.
"Temos uma relação fluida com o príncipe Aga Khan, que é uma figura mundial e que no dia 11 começou a festejar o jubileu de diamante [o 60.º aniversário como imã hereditário dos muçulmanos Shia Imami Ismaili], esta é a primeira cerimónia fora da comunidade. Além disso, vai instalar a sede da Fundação Aga Khan no Palacete Mendonça, muito perto da reitoria da Universidade Nova, e temos contactos com as suas duas universidades no sentido de estabelecer protocolos de cooperação", sublinha António Rendas.
Na verdade, o palacete onde os ismaelitas vão instalar a sua sede mundial pertencia à Universidade Nova de Lisboa (UNL), tendo sido vendido por 12 milhões de euros. Um edifício classificado, cuja transação por ajuste direto é justificada em Conselho de Ministros, por "excecional interesse público". Prevê-se que a reabilitação e adaptação ascenda a seis milhões de euros.
As duas universidades têm sede em Nairobi (Universidade Hospital Aga Khan) e no Quirguistão (Universidade da Ásia Central) e os protocolos com a Nova são nas áreas da saúde, economia e ciências sociais. O doutoramento honoris causa é concedido por todas as faculdades que integram a UNL e terá lugar hoje, às 14.30, no auditório da reitoria, prevendo-se a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que presidirá à cerimónia. Francisco Pinto Balsemão é o padrinho do laureado e Daniel Traça, diretor da Faculdade de Economia, profere a oração laudatória.
O príncipe e a comunidade
O príncipe Aga Khan, 80 anos, é o descendente do profeta Maomé e sucedeu ao seu avô em 1957, tornando-se o 49. º imã da comunidade muçulmana Shia Imami Ismaili.. Nasceu na Suíça, estudou em Inglaterra e tem residência oficial em França. Portugal parece surgir como o seu novo destino - situação que o DN não conseguiu confirmar junto dos representantes da comunidade.
O nome completo do príncipe é Shah Karim al-Hussaini Aga Khan IV e, segundo a revista Forbes, é o 11.º membro da realeza mais rico do mundo, possuidor de uma fortuna pessoal avaliada em 800 milhões de euros.
Criou as agências da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), com o objetivo de desenvolver ações de apoio nas áreas da educação e do desenvolvimento, com várias fundações pelo mundo, incluindo Portugal.
Um dos últimos atos públicos no país em seu nome foi a doação de 500 mil euros para as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande.
Há cerca de 15 milhões de ismailis espalhados pelo mundo, particularmente em 30 países, residindo sete mil em Portugal. As maiores comunidades residem na Grã-Bretanha, França e Portugal.
Os ismaelitas têm origem na Índia, tendo os portugueses emigrado para Moçambique. Chegaram a Portugal depois do 25 de Abril, com a descolonização dos países africanos de língua portuguesa. Estão particularmente representados na Grande Lisboa (cidade e Margem Sul). Encontram-se maioritariamente nas profissões liberais, função pública e em vários ramos da atividade comercial (importação-exportação, hotelaria, mobiliário, etc.), segundo refere um documento da comunidade ismaili.