Medo de um grande terramoto como o de 1755 veio ao de cima
O sismo registado hoje pelas 07:44 em Sobral de Monte Agraço, Lisboa, foi sentido na região de Lisboa e, nas redes sociais, não faltaram referências ao grande terramoto de 1755. O abalo desta manhã foi moderado, segundo as referências da escala de Mercalli, mas a vibração do chão e o balançar dos candeeiros fez vir ao de cima alguns receios.
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A 1 de novembro de 1755 Portugal sentiu o maior e mais destrutivo terramoto de que há memória. O abalo de magnitude 8,75 na escala de Ritcher, fez entre 40 a 80 mil vítimas, calculando-se que só em Lisboa tenham morrido 20 mil das 200 mil pessoas que habitavam a capital na época.
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O património também foi afetado, tendo sido destruídas ou irremediavelmente danificadas 32 igrejas, 60 capelas, 31 mosteiros, 15 conventos e 53 palácios.
Por ter tido o seu epicentro no mar, o sismo provocou ainda um maremoto que fez estragos significativos nas costas oeste e sul da Península Ibérica e no norte de África.
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Mas há investigadores que dizem que os lisboetas podem estar tranquilos. "Só daqui a mais de mil anos é que Lisboa deverá sofrer um sismo como o de 1755", defendeu José Luís Zêzere, investigador do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, em março deste ano, a propósito da realização de uma conferência subordinada ao tema.
A convicção baseia-se no facto de os terramotos serem cíclicos e de o mais provável antecessor do terramoto de 1755 ter ocorrido em 63 depois de Cristo. "O período de retorno pode andar pelos 1700 anos", frisou em declarações ao DN.
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No entanto, o investigador deu como uma "certeza científica" que mais cedo ou mais tarde Lisboa e o Litoral português voltarão a ser atingidos por um sismo seguido de tsunami.
Segundo o simulador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, um novo sismo poderá matar entre 17 mil e 27 mil pessoas, dada a vulnerabilidade de Lisboa, sobretudo ao nível dos edifícios.
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"Há sempre uma tensão, só não sabemos quando é libertada. Mas historicamente, de 200 em 200 anos, há grandes sismos em Portugal", defendeu a especialista Cristina Oliveira em 2016, considerando que da "lição" de 1755 restaram apenas duas frases ("resvés Campo de Ourique" e "cair o Carmo e a Trindade") e que os portugueses não estão preparados nem alertados, nem preocupados, e não sabem como se comportar perante um sismo.