O Huawei Fit 3 tem mais serviços do que o preço levaria pensar.
O Huawei Fit 3 tem mais serviços do que o preço levaria pensar.D.R. / Huawei

Huawei mostra à Apple como fazer um relógio com dias de autonomia

Novo wearable da marca chinesa tem linhas evidentemente inspiradas no modelo da maçã. E, apesar de custar uma fração do preço da concorrência, é um smartwatch extremamente completo.
Publicado a
Atualizado a

Basta um relance para perceber que o novo Huawei Watch Fit 3, recém-chegado ao mercado nacional, tem um design inspirado no Apple Watch (mais concretamente, no modelo SE). O que não tem mal nenhum. Desde logo, porque sendo a marca da maçã fechada ao seu próprio ecossistema, é ótimo existir uma opção de smartwatch de qualidade em design “quadrado” para os utilizadores Android; depois, uma vez que este aparelho também é compatível com o iOS e custa uma fração do preço do que a Apple pede pelos seus relógios - 159 euros contra 290 euros na versão mais barata do SE - também pode ser uma solução para um utilizador iPhone que não queira gastar tanto dinheiro.

E ainda que, neste último cenário, haja, de facto, um nível de integração de sistemas relógio/telefone que apenas o Apple Watch permite fazer, há algo que quem opta pelo Huawei fica a ganhar: a autonomia do aparelho. A marca chinesa refere até 10 dias, mas desde que se use o ecrã sempre ligado e outros serviços que gastam muita bateria. Na nossa experiência de mais de uma semana com o relógio, mesmo com estas funções ativadas só foi necessário carregar ao fim de uns cinco dias. A autonomia do Apple Watch SE são 18... horas.

A não tão grande integração com o telefone aplica-se igualmente aos Android. Por exemplo (e tal como acontece com todos os outros wearables Huawei que testámos) ao “limpar” as notificações no relógio estas não desaparecem no telefone - nem há forma de o programar. Aliás, não há qualquer forma de fazer facilmente com que o Huawei espelhe o que acontece no smartphone. Há quem prefira (já mo disseram, manter as notificações no telefone é a forma de não esquecer coisas importantes), mas não é o nosso caso.

O modelo que testámos, com a correia cinza. Destacamos a grande variedade de mostradores disponível na app da Huawei.

Também por a Huawei não ter acesso aos serviços Google, são praticamente inexistentes as apps comuns de outros serviços, mesmo os mais comuns, como o Spotify oficial, o WhatsApp ou o Slack. É possível controlar a música do telefone, desde que este esteja ao pé de si (via Bluetooth) e o relógio tem um leitor de áudio incorporado, é só. E não é de todo possível responder às mensagens daquelas apps pelo relógio, como permite fazer, por exemplo, o Google Pixel Watch 2 - que custa mais do dobro e... é redondo.

Também continua a não ser possível utilizar o pagamento eletrónico da Huawei em Portugal, pelo que não dá para fazer pagamentos com o relógio, e a assistente digital apenas funciona desde que o relógio esteja emparelhado com um smartwatch da Huawei.

100 exercícios e excelente monitorização

Onde o Huawei Watch Fit 3 se destaca é ao nível da monitorização de saúde e de exercício físico. A marca chinesa colocou neste modelo todo o extenso know-how nesta área, que funciona aqui - tanto quanto fomos capazes de perceber - ao nível dos modelos mais caros do fabricante.

No exercício, por alguma razão este relógio se chama “Fit”: traz uma centena de exercícios pré-programados, incluindo demonstrações de aquecimento, alongamentos, etc. Dificilmente não encontra aqui uma atividade física para si, dentro ou fora de água - o relógio pode mergulhar até 50 metros.

Todas estas atividades são geolocalizadas por GPS (de apenas um canal, mas de ligação suficientemente rápida para não aborrecer) e monitorizadas por sensor de ritmo cardíaco (claro) e SPO2 - verificação de oxigenação do sangue.

Estes dois sensores (além do acelerómetro, naturalmente) são também utilizados nas medições de níveis de saúde, como os de stresse e  sono. Destacamos este último: o TruSleep da Huawei, que já conhecemos de outros modelos, é um sistema de Inteligência Artificial integrado na app Health que processa os dados captados pelo relógio e os processa de forma “fina”, não apenas dividindo as fases do sono e ritmo cardíaco como monitorizando mesmo - nesta versão 4.0 - a frequência respiratória. Os resultados são agora resumidos em pequenos relatórios de fácil leitura.

Com um hardware quase irrepreensível - ainda que o carregador pudesse ser melhorado, é magnético, mas muito estreito e “salta” com facilidade - a fazer correr de forma muito fluida uma versão bem desenhada para wearables do HarmonyOS, é mesmo muito fácil recomendar este Watch Fit 3.

A qualidade de construção, para o preço, é excelente e olhar para ele é um prazer, desde que se goste do tipo de design. O ecrã AMOLED de 1,82 polegadas, com um rácio corpo-display de 77,4% e um brilho anunciado de 1500 nits responde bem ao toque e tem uma qualidade que impressiona. E até fazer chamadas através do relógio, para quem gosta do género, é uma experiência de qualidade, uma vez que o altifalante incorporado torna o dispositivo um “alta-voz” Bluetooth perfeitamente eficiente.

Os  3,2 × 36,3 × 9,9 mm fazem deste relógio um modelo de dimensões apropriadas para quase todos os pulsos, masculinos ou femininos, e os apenas 26 gramas de peso (sem bracelete) tornam-no muito confortável, mesmo durante a noite, a dormir.

Caso as limitações atrás mencionadas não lhe façam diferença - e para um aparelho deste preço já muita coisa este relógio inclui - este é sem dúvida uma excelente alternativa ao Apple Watch SE. Ou a quase qualquer outro smartwatch.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt