De 1 a 27 de janeiro, as urgências hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registaram 436 437 episódios de urgência, mais 10 131 do que no mesmo período de 2024 (426 306), e mais doentes urgentes também, sendo que estes representam mais de 44% do total de doentes triados. Até agora, já foram triados com pulseira amarela 202 764 doentes, no ano passado foram 177 909. Ou seja, mais 24 855 doentes urgentes, o que pode querer dizer que os doentes estão a ser melhor encaminhados. Por outro lado, e se o aumento de urgências registado neste início de ano se mantiver, o SNS pode não conseguir reduzir os seis milhões de urgências anuais, um objetivo de há muito tempo. Os hospitais do Norte, São João, Braga e Vila Nova de Gaia, lideram com maior volume de casos. O Amadora-Sintra está em quarto lugar. Estes dados constam do site de monitorização diária do SNS e indicam também que, em 2025, já houve mais internamento de doentes que entraram pelas urgências - 36 893 contra 36 726 no ano passado, mais 121 casos. Contudo, há a destacar que, este ano, há menos doentes com alta por abandono do que no mesmo período no ano passado (desistência antes da observação médica), 19 879 contra 20 000 de 2024. E há também menos doentes não urgentes a recorrerem a estes serviços – neste período de 2025 houve 151 252 doentes não urgentes a recorrer às urgências, no ano passado, no mesmo período, foram 156 963, menos 5711..Em dois dias, Amadora-Sintra recebeu 891 urgências, mas 152 doentes desistiram antes de serem observados por um médico. Relativamente aos tempos médios de espera, houve também algumas melhorias, apesar dos mais de dez mil doentes nas urgências. Este ano, o tempo médio de espera entre a Admissão e a Triagem de um doente mantém-se nos 15 minutos, tal como no ano passado, na mesma altura. Mas o tempo médio de espera entre a triagem e a primeira observação médica baixou dos 68 minutos, em 2024, para 57 minutos, em 2025. O mesmo aconteceu com o tempo médio de permanência nos serviços que passou de 337 minutos, em 2024, para 279 minutos, neste ano. O que, e a ter em conta que as equipas de urgência estão cada vez mais reduzidas nalgumas unidades, “até é um bom indicador. É sinal que têm tentado responde ao máximo”, explica ao DN o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores, Xavier Barreto.Confrontado com o facto de nestes primeiros dias de janeiro já haver mais 10 mil urgências e se este aumento não poderá colocar em causa o objetivo de reduzir, no final do ano, os seis milhões de urgências que se têm vindo a registar, Xavier Barreto, considera ser “cedo para fazer essa leitura dos números. É preciso aguardar mais tempo. É muito difícil comparar estes pequenos períodos, são anos diferentes e os picos de gripe também podem ser diferentes”.Recorde-se que a diminuição dos seis milhões de urgências registados no final de cada ano, é um objetivo de há muito, tanto de políticos como de gestores e profissionais da Saúde, que consideram que estes serviços não podem ser uma porta de entrada para os cuidados. A questão é que, nalgumas zonas, pode ser difícil mudar esta situação – sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve, onde existe maior carência de médicos de família (1,5 milhões de utentes não têm médico de família no país). O presidente da APAH reconhece isso, no entanto, destaca, que nalgumas zonas também já se começam “a obter resultados na gestão do acesso às urgências”. Uma situação que diz ter a ver com a nova orgânica do SNS, Unidades Locais de Saúde, que permitem melhor articulação entre hospitais e cuidados primários, associada a outras medidas, como a pré-triagem pela linha SNS24.Mas, admite também que “só isto não chega”. “É preciso continuar a apostar nos cuidados primários, porque os utentes que não têm médico de família precisam de alternativas. Portanto, não há só uma solução, temos de atuar em vários níveis, e os cuidados primários são um deles”.Em 2024, Amadora-Sintra foi o segundo hospital do país com mais urgências. O gestor dá como exemplo o Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), que neste último fim-de-semana atingiu tempos de espera para os doentes urgentes “nunca vistos”, de 30 horas ou mais, como relataram ao DN fontes hospitalares. “O Amadora-Sintra ainda não aderiu ao projeto Ligue Antes, Salve Vidas para ter uma pré-triagem dos doentes. Há muitos outros no país que ainda não o fizeram também, mas é preciso ver que o hospital Amadora-Sintra, tem circunstâncias diferentes de outros que já aderiram”, sustenta. “É um hospital que está subdimensionado para a população que serve e que tem muito pouca cultura de médico de família”, lembra – aliás, a Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra é das que tem maior escassez de médico de família na própria região de Lisboa e Vale do Tejo. “Enquanto não se modificar esta situação, não se pode esperar que o acesso às urgências mude muito ou de repetente”, refere..Os quatro desafios do novo diretor executivo do SNS: urgências, profissionais, articulação e autonomia. Recorde-se que, tal como o DN noticiou, a atividade das urgências no último fim-de-semana no Amadora-Sintra foi tema de discussão na reunião semanal da Direção Executiva com todas as ULS, e que a DE terá recomendado que esta unidade aderisse o mais rápido possível ao projeto Ligue Antes, Salve Vidas. Ao DN, o conselho de administração desta ULS confirmou que esse pedido já tinha sido feito, aguardando apenas que seja autorizado para avançarem.No último fim-de-semana, esta unidade recebeu nas urgências 891 casos, destes 440 foram encaminhados pela Linha SNS24, mas, na totalidade, foram reencaminhados por este linha 730 doentes, além dos que foram para a urgência mais 290 para os cuidados primários.São números elevados, e talvez, por isso, o Hospital Amadora-Sintra seja o quarto hospital do país com maior número de urgências de 1 de janeiro até ao dia 27. De acordo com os dados do site do SNS, quem tem mais urgências é o Hospital São João, no Porto, depois os hospitais de Braga e de Vila Nova de Gaia, e depois Amadora-Sintra. Hospitais do orte lideram urgênciasMas os dados deste site indicam também que no final d 2024, o Amadora-Sintra, foi o segundo hospital do país com mais urgências. À sua frente ficou o Hospital São João, uma unidade de fim de linha. Depois, ficaram os hospitais de Braga, Vila Nova de Gaia, Santa Maria, em Lisboa, Vale do Sousa, no Grande Porto, Cascais, Garcia de Orta, em Almada, Aveiro e Universitário de Coimbra. Este top10 não tem mudado muito de ano para ano. Aliás, de 2023 para 2024 e 2025, só há uma saída a registar, ado Hospital São José, em Lisboa, que deu lugar à entrada do Hospital Santa Maria da Feira.Xavier Barreto recorda a este respeito que São José é das unidades que “já tem as urgências a funcionar no modelo de Centro de Responsabilidade Integrada, e esta organização pode estar a fazer a diferença”. Quanto ao facto de o top10 integrar nos primeiros lugares três unidades do Norte, o gestor acredita que tal tem a ver com o facto de em Lisboa e Vale do Tejo haver maior implantação de unidades privadas às quais muitos dos doentes, com seguros ou planos de saúde, acorrem. “Não tenho dados concretos sobre esta questão, mas acredito que é uma explicação”, diz ao DN.Em termos de resultados futuros, o presidente da APAH defende que é preciso que as ULS continuem o processo de aplicação das medidas definidas para se dar resposta ao doente agudo no período de inverno, mas não só. “É preciso que se apliquem as medidas de pré-triagem telefónica, mas também que se avance para a criação de equipas dedicadas aos serviços de urgência, com a criação de CRI nas urgências, com os quais ainda não se avançou. E, por fim, é preciso que se invista mais nos cuidados primários, para melhor se tratar o doente crónico, para que estes não descompensem. E quando descompensar, é preciso atendê-los em áreas de consultas abertas, nos hospitais ou nos cuidados primários”, defende.