"Heróis são pessoas que se superam todos os dias apesar das dificuldades que enfrentam"

A investigadora Diana Soller responde ao questionário de Proust e desvenda alguns dos seus gostos, o que considera ser a "felicidade perfeita" e a sua divisa: <em>"Ever tried, ever failed. No matter. Try again, fail again, fail better".</em>
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A sua virtude preferida?
O sentido de humor e a ironia. Rir-me de mim própria mesmo quando está tudo de pernas para o ar.

A qualidade que mais aprecia num homem?
Há muitas. A inteligência, o sentido de humor, a sensibilidade, a empatia.

A qualidade que mais aprecia numa mulher?
As mesmas. Mas as mulheres socialmente têm a vantagem de poder mostrar os seus sentimentos de maneira mais aberta. Gosto de autenticidade.

O que aprecia mais nos seus amigos?
Autenticidade, mais uma vez.

O seu principal defeito?
Tenho imensos defeitos. Entre eles querer estar em todo o lado ao mesmo tempo, comprometer-me a fazer mais coisas do que consigo. E acabar por trabalhar mais do que devia.

A sua ocupação preferida?
Duas: ler e viajar.

Qual é a sua ideia de "felicidade perfeita"?
Há duas coisas que associo a momentos felizes. As minhas viagens, especialmente as que fiz sozinha, sem destino definido. A outra são os afetos. Pode ser uma mesa cheia de gente, uma boa conversa... Há inúmeras possibilidades.

Um desgosto?
Alguns. Mas pessoais.

O que é que gostaria de ser?
Assim de repente, ser quem sou já me dá imenso trabalho.

Em que país gostaria de viver?
Portugal. Já vivi fora e tenho-me voltado a apaixonar por Lisboa diversas vezes. Gostava de continuar a passar temporadas fora, faz parte da minha natureza essa vontade de viver de outras formas noutros lugares. Mas hoje sei que quero voltar, sempre.

A cor preferida?
Normalmente azul. Mas varia.

A flor de que gosta?
Girassóis.

O pássaro que prefere?
Não percebo muito de pássaros.

O autor preferido em prosa?
Virginia Woolf. Se calhar já não é, mas acho que sim desde muito nova. As Ondas foi o primeiro livro que me marcou profundamente. As releituras só me trouxeram alegrias.

Poetas preferidos?
Gosto mais de prosa poética. A poesia tem um tempo muito curto. Marcaram-me os "poetas malditos", especialmente nas suas divagações sobre o tédio.

O seu herói da ficção?
O anti-herói Jay Gatsby, porque encarna na perfeição a ambição e as fraquezas humanas, o desamor, a solidão.

Heroínas favoritas na ficção?
Cathy Earnshaw, tão intensa.

Os heróis da vida real?
Heróis são pessoas que se superam todos os dias apesar das dificuldades enormes que enfrentam. Tenho um fraquinho por quem o faz sem perder a bondade, a empatia e o respeito pelos outros.

As heroínas históricas?
Não sei se é uma heroína mas gosto da história da Rosa Parks, que resistiu à segregação racial num autocarro em Montgomery e tem o seu nome em todos os autocarros americanos. Não foi a única, mas tornou-se um símbolo de resistência a injustiças que não podem, de forma alguma, ser aceites. Nem antes nem hoje.

Os pintores preferidos?
Muitos. O Modigliani emociona-me muito.

Compositores preferidos?
Talvez Chopin tenha um encanto especial ligado às memórias.

Os seus nomes preferidos?
Nomes simples. Ou que pertençam a alguém que tenha significado para mim.

O que detesta acima de tudo?
Sentimentos negativos extremos: ódio, raiva, inveja. Também me aborrece muito a falta de bom senso.

A personagem histórica que mais despreza?
As pessoas em massa quando instrumentalizadas por regimes mal-intencionados. Um homem ou uma mulher só não conseguem nada.

O feito militar que mais admira?
O desembarque na Normandia. Simboliza a nossa nova oportunidade de sermos livres, que nem sempre temos apreciado da melhor maneira.

O dom da natureza que gostaria de ter?
A resiliência daquelas árvores que não quebram durante as tempestades.

Como gostaria de morrer?
Muito velhinha, com a sensação de que a vida valeu a pena e teve sentido.

Estado de espírito atual?
Inquieta. Sempre.

Os erros que lhe inspiram maior indulgência?
Errar é tão humano que não vejo porque não ser indulgente.

A sua divisa?
Há uma frase do Beckett que repito muitas vezes: "Ever tried, ever failed. No matter. Try again, fail again, fail better."

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