"Guerra tem uma atividade destrutiva, mas também criativa que permite um desenvolvimento tecnológico"
FOTO: Leonardo Negrão

"Guerra tem uma atividade destrutiva, mas também criativa que permite um desenvolvimento tecnológico"

Guilherme Martins, membro da assembleia representativa da Ordem dos Economistas, considera as tecnologias de duplo uso são fundamentais para "gerar utilidade no investimento" em defesa.
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A indústria europeia da defesa enfrenta desafios multifacetados que exigem uma abordagem estratégica que vá além das tradicionais capacidades militares, mas há também oportunidades à vista. A fronteira entre as tecnologias civis e militares é cada vez mais ténue, representando um rol de oportunidades no atual contexto geopolítico dos vários países europeus.

O investimento na defesa é um dos temas na ordem do dia e torna-se imperativo que o pesado envelope de milhões alocado a este setor seja rentabilizado . "Estamos concentrados em gerar utilidade no investimento, porque sabemos que o período de guerra tem uma atividade destrutiva, mas também criativa que permite um desenvolvimento tecnológico mais à frente", defendeu esta terça-feira, 22, Guilherme Waldemar d’Oliveira Martins.

O membro da assembleia representativa da Ordem dos Economistas, que foi um dos convidados da Grande Conferência do Diário de Notícias sobre Defesa Nacional, considera as tecnologias de duplo uso - aquelas que podem ser utilizadas tanto para fins civis como militares - são fundamentais para "gerar utilidade no investimento" em defesa. São exemplos  as aéreas da robótica, dos drones, da aeronáutica e da construção naval e espacial.

Para o especialista "a produção nacional e europeia nesta matéria deve estar inserida numa cadeia de valor". "Devemos valorizar a intervenção de todos os que queiram estar envolvidos. Em segundo lugar, temos de ter presente a necessidade da política de contrapartidas que significa que os atores públicos e privados têm de ver incentivos à frente, como os incentivos à exportação", apontou.

Já o CEO da Thales Portugal, disse ser urgente desmistificar a ideia de que a "Europa ficou para trás em termos de capacidade tecnológica e que existe e uma diferença na valorização da capacidade tecnológica das empresas americanas e europeias".

"As empresas europeias são líderes mundiais em diversas áreas: encriptação quântica e toda a parte de proteção de pagamentos bancários, por exemplo. A componente microeletrónica, da qual estamos dependentes de Taiwan, é feita na Holanda", referiu Sérgio Barbedo durante a sua intervenção no painel sob o mote "Indústria Europeia de Defesa, infraestruturas e tecnologias de duplo uso: competitividade, sustentabilidade e cooperação".

O orador defendeu ainda ser necessário desenvolver mecanismos de financiamento eficazes e que envolvam os cidadãos.

Já Major-General João Vieira Borges, Coordenador do Observatório de Segurança e Defesa da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES), corrobora com os seus pares sublinhando que "é a desenvolver capacidades nestas áreas" que se garante que o "investimento na defesa é, de facto um investimento e não um gasto".

"A indústria da defesa está a fazer um bom caminho com as empresas, o Estado e a Academia ligados nesta trilogia. Agora, é olhar para a Europa. Estamos no bom caminho, continuemos a acompanhar", disse.

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