Governo cria equipa para acompanhar crise e revê salários dos médicos nas urgências
Depois da crise nas urgências de obstetrícia e ginecologia, a ministra deu a conhecer esta tarde os detalhes do plano para tentar combater a situação. Revisões salariais, mais formação e uma comissão para acompanhar a situação nos hospitais são as prioridades, deixando ainda uma garantia: demissão é um não-assunto.
Na sequência dos casos recentes de urgências hospitalares a fecharem temporariamente em todo o território nacional, a ministra da Saúde assume: "Há fragilidades de recursos humanos no SNS". Assim, revelou Marta Temido, o Governo vai criar uma comissão de acompanhamento em obstetrícia. Esta comissão, explicou a ministra, irá identificar os recursos de cada hospital, aprovando, simultaneamente, um "modelo de articulação e gestão integrada dos hospitais de cada região". De acordo com a governante, a comissão irá ainda acompanhar os indicadores de saúde materna tendo como objetivo monitorizar a qualidade dos serviços.
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Uma outra "tarefa muito importante" desta nova comissão será o acompanhamento dos indicadores de saúde materna no curto prazo para efeitos de monitorização da qualidade, adiantou.
Em conferência de imprensa, Marta Temido assumiu que os problemas resultam da falta de recursos humanos, não sendo possível assegurar todas as escalas, sobretudo na especialidade de ginecologia e obstetrícia, e considerou: "Tem havido falhas na capacidade regional que permite que a rede funcione sem desequilíbrios." E, por enquanto, a demissão da ministra é um não-assunto. "A resposta é só uma: cabe ao senhor primeiro-ministro tomar a decisão. Eu vou continuar a lutar todos os dias", respondeu.
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Além disso, especificou a ministra, a criação da comissão irá também servir para celebrar acordos com o setor privado, que mostrou "disponibilidade" dentro das limitações que também tem. A solução não é inédita e "já aconteceu noutras situações", explicou.
No longo prazo, revelou a ministra, o Governo vai ainda ainda rever as remunerações dos médicos dos serviços de urgências e vão ser abertas 1600 vagas para recém-especialistas, de modo a colmatar as falhas verificadas nos últimos dias. A ministra explicou ainda que está também agendada uma reunião com os sindicatos tendo em vista um acordo para subir as remunerações. "O empenho é em desenhar uma proposta de solução que resolva os problemas", disse Marta Temido. Ainda a longo prazo, a ministra da Saúde explicou ainda que o Governo vai procurar aumentar a capacidade formativa.
"Todas as áreas governativas se empenharam em desenhar, num prazo muito curto, uma proposta de solução que responde às principais preocupações das estruturas", disse a governante, que considerou, sem especificar os valores que serão alvo de negociação, ser uma "solução que envolve a correção de potenciais desigualdades" gerada pelos montantes pagos aos prestadores de serviços nesta área.