Luís Carrilho
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Governo demite diretor nacional da PSP. Luís Carrilho é o novo líder

O superintendente chefe José Barros Correia estava ao comando da PSP desde setembro do ano passado. A sua primeira e última entrevista foi ao DN e à TSF, na passada sexta-feira. Para o substituir o Governo escolheu Luís Carrilho, o atual comandante da Unidade Especial de Polícia (UEP).
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O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública foi exonerado nesta segunda-feira. "Nova equipa, novos projetos para PSP novo impulso", terão sido as razões apresentadas.

Luís Carrilho, apenas com o posto de superintendente, e atual comandante da Unidade Especial
de Polícia (UEP) da PSP desde 26 de outubro de 2023, é o senhor que se segue a liderar esta força de segurança num momento extremamente crítico de negociações com o Governo.

Em comunicado, o ministério da Administração Interna refere que "esta decisão de indigitação surge no âmbito da reestruturação operacional da Políca de Segurança Pública, quer no plano nacional, quer no plano da representação institucional e internacional desta força de segurança pública."

"O Governo agradece ao Diretor Nacional cessante, José Barros Correia a elevação institucional, o
profissionalismo e a entrega abnegada à missão de serviço público que desenvolveu", acrescenta o comunicado do ministério liderado por Margarida Blasco. 

Luís Carrilho esteve 15 anos fora do país em missões internacionais. Foi Conselheiro de Polícia das Nações Unidas (UNPOL) e Diretor da Divisão de Polícia no Departamento de Operações de Paz da ONU em 2017, tendo coordenado em 2018 e 2022 as reuniões do "UNCOPS - United Nations Chiefs of Police Summit".

Foi comandante da Polícia das Nações Unidas em três operações de manutenção da paz: na Missão Multidimensional de Estabilização Integrada na República Centro-Africana (MINUSCA) de 2014 a 2016; na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) de 2013 a 2014; e na Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) de 2009 a 2012.

Entre 1996 e 1998 serviu na Missão das Nações Unidas na Bósnia e Herzegovina (UNMIBH) e entre 2000 e 2001 na Administração Transitória das Nações Unidas em Timor-Leste (UNTAET), onde foi o primeiro Diretor da Academia da Polícia Nacional de Timor-Leste.

Antes de ir comandar a UEP era o Chefe do Serviço de Segurança e Oficial da Segurança do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, funções que também já tinha desempenhado com Cavaco Silva em Belém.

Foi também o comandante do Corpo de Segurança Pessoal da PSP, comandante da Esquadra de Santa Apolónia, e comandante da "super-esquadra" dos Olivais - onde esteve também Barros Correia.

Luís Carrilho, 58 anos, é casado e tem 2 filhas (uma delas jornalista na CMTV). O pai era chefe da PSP.
Natural da ilha de Santa Maria, nos Açores, mas viveu toda a juventude em Campo de Ourique.

Tem uma pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais pela FCSH. É membro do "UNITAR Advisory Board of the Peacekeeping Training Programme".

Tem diversas condecorações nacionais e estrangeiras (Brasil, Espanha, França, Timor-Leste, Perú, Polónia, Áustria, etc.), incluindo Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída por Cavaco Silva e o "Outstanding Role Model Award" atribuído pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, em 2015.

"É um profissional de créditos firmados e reconhecidíssimo quer em Portugal quer no Estrangeiro. Pelas funções desempenhadas tem excelentes relações na área da Segurança Interna e na política. Inteligente, prático, empático, cordial e bem-humorado a sua ação de comando tem sido até hoje bem aceite e com muito bons resultados. Na licenciatura foi o primeiro classificado e é por todos considerado como o seu líder natural.", sintetizou um superintendente do seu curso.

Barros Correia tinha sido nomeado em setembro

Apesar de há alguns dias correrem rumores sobre a eventualidade da substituição de Barros Correia, esta decisão apanhou de surpresa a PSP - principalmente pelo facto de internamente este superintendente chefe ser muito respeitado tanto pelos comandantes, como pelas bases, tal como pela generalidade dos sindicatos.

Também surpreendeu pelo facto de o perfil mais civilista e menos securitário de Barros Correia - um dos criadores dos programas de policialmento de proximidade - ser o que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, mais defendia enquanto ocupou o lugar de Inspetora-Geral da Administração Interna.

José Barros Correia
(Reinaldo Rodrigues/Global Imagens)

Barros Correia tomou posse em setembro do ano passado e a sua escolha prometia um novo paradigma na PSP, conforme o DN noticiou

Na recente entrevista DN-TSF - a sua primeira e última neste cargo - quando confrontado com a possibilidade de ser demitido, o diretor nacional respondeu:"Sou um servidor do Estado e cumpro a minha missão onde estiver e e é assim que gostava de responder à vossa pergunta. Acho que não devo fazer nenhum comentário relativamente a isso".

Ocupava desde 2018 o cargo de secretário-geral dos Serviços Sociais da PSP, tendo exercido as funções de presidente do Grupo de Cooperação Policial da União Europeia durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, comandante regional dos Açores e oficial de ligação do Ministério da Administração Interna na Embaixada de Portugal na República Democrática de São Tomé e Príncipe.

Na sua intervenção, Barros Correia alertou para a importância de ser feito um "investimento crescente" do Governo nas forças de segurança para o cumprimento da sua missão, assinalando que a "segurança é o primeiro fator de liberdade que promove a consolidação democrática" do Estado.

"Será determinante o apoio das políticas públicas ao nosso desempenho, alicerçado em objetivos tangíveis e enquadrados numa visão de futuro que nos congregue em prol da segurança pública e dos nossos concidadãos, bem como um orçamento que permita cumprir a nossa missão com excelência. Mas, para atingir a excelência na Polícia de Segurança Pública, terá de existir, de forma sustentada, um investimento crescente nas várias áreas de atividade", afirmou.

Agradecendo o trabalho do antecessor Magina da Silva à frente da direção nacional, Barros Correia apelou também à coesão institucional da PSP e à criação de "melhores condições e processos de trabalho" para os polícias, além de elencar as principais áreas a necessitar de investimento para alcançar os objetivos traçados em termos de política criminal.

"Será determinante investir na continuação dos modelos integrados de policiamento, que privilegiem a prevenção da criminalidade, a qualidade do trabalho a desenvolver, a relação com o público, o trabalho em equipa e uma gestão policial por objetivos, que devidamente coordenados e implementados, possam reduzir as oportunidades de atos criminais e contraordenacionais", acrescentou.

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