O Governo vai criar uma Linha SNS Criança para desviar das urgências pediátricas os casos não urgentes, enviando-os para consultas agendadas nos centros de saúde, anunciou esta terça-feira o pediatra Alberto Caldas Afonso, que preside à Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, na apresentação do plano de reorganização para as urgências de obstetrícia, ginecologia e pediatria..Na conferência de imprensa, o pediatra referiu que "cerca de 50% das idas a um serviço de urgência de pediatria" são situações classificadas como "sem gravidade ou de muito baixa gravidade". "Têm de ir para um local que deve estar vocacionado para os ver. Numa primeira fase, são os cuidados de saúde primários", disse..Nesse sentido, anunciou "que vai ser criada a Linha SNS Criança", que vai ter a capacidade de identificar o problema reportado para depois ser reencaminhado para os serviços adequados. "Quando são situações sem gravidade [pulseira azul], numa primeira instância, a Linha vai marcar àquela família uma consulta, a chamada consulta diferida dos centros de saúde", num prazo de 48 horas, explicou..Já as situações de "alguma gravidade" (pulseira verde) serão "encaminhadas para a consulta aberta dentro das slots dos centros de saúde, portanto são logo marcadas". Ou seja, estes casos serão logo encaminhados para a chamada 'consulta aberta' nos centros de saúde, para que a criança possa ser vista em 24 horas. .As situações que devem ser atendidas nas urgências são "todas aquelas que são enviadas pelo CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes]", mas também as que são referenciadas por uma carta de um médico assistente ou enfermeira especialista, exemplificou..Plano de reorganização para as urgências de obstetrícia, ginecologia e pediatria vai entrar em vigor como projeto-piloto nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Oeste e Península de Setúbal, anunciou a ministra da Saúde. São as três regiões "onde sentimos as maiores difuldades", justficou Ana Paula Martins. Plano será depois trabalhado, avaliado e alargado ao resto do país, acrescentou a ministra. "É um grande avanço neste domínio", frisou a governante. .Caldas Afonso lembrou que a intenção é deixar de ter urgências rotativas, sublinhando: "as pessoas têm direito a estar informadas e o que está aberto no dia 1 de janeiro deve estar sempre aberto"..O responsável falou numa "mudança de paradigma" nas urgências de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia, lembrando que é preciso aumentar a literacia e transmitir a informação correta aos portugueses, que "têm de saber dirigir-se ao local apropriado para a necessidade assistencial que tem naquele momento".."Esta noção ainda não existe", afirmou..O presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente disse ainda que este grupo de trabalho teve o cuidado de "partilhar as propostas com todos os Conselhos de Administração das Unidades Locais de Saúde", envolvendo diretores dos serviços de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia e dando-lhes tempo para receber as suas sugestões e comentários para melhorar a proposta.."A maioria [das sugestões] fazia sentido, o que mostra que as pessoas estão motivadas, e estão refletidas no documento", afirmou.Esta comissão foi criada em julho por despacho da ministra da Saúde, substituindo a anterior Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente, que estava integrada na Direção-Geral da Saúde..A nova comissão passou a desenvolver a sua atividade na dependência direta do gabinete da ministra, que considerou, no seu despacho, ser necessário antecipar "elementos críticos a curto e médio prazo, bem como prever um conjunto de medidas estruturantes, com uma impactante alteração de paradigma na área materno infantil do Serviço Nacional de Saúde"..As urgências de obstetrícia/ginecologia e de pediatria voltaram, durante este verão, a registar dificuldades de funcionamento, devido à falta de especialistas para preencher as escalas, o que levou ao encerramento parcial ou a constrangimentos desses serviços. .Grávidas têm de ligar para a linha SNS antes de irem à urgência.As grávidas terão sempre de ligar para a Linha SNS Grávidas antes de recorrer à urgência hospitalar de Ginecologia e Obstetrícia, segundo o plano de reorganização das urgências hoje apresentado..O plano de reorganização para as urgências de obstetrícia/ginecologia e pediatria, hoje apresentado em conferência de imprensa, no Ministério da Saúde, pelo seu coordenador, Alberto Caldas Afonso, recomenda que a grávida que ligue para a Linha SNS 24 e seja triada com a pulseira verde (pouco urgente) será encaminhada para uma consulta aberta hospitalar em 24 horas..Já a grávida que for triada com pulseira azul (não urgente) será enviada para uma consulta aberta nos cuidados de saúde primários no dia útil seguinte ou para uma consulta normal..No caso de a grávida se dirigir pelo próprio pé à urgência será aconselhada a ligar para a linha SNS 24. Caso não queira ligar, será observada por um enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica (EESMO), explicou Caldas Afonso..Há ainda outras situações previstas no fluxograma que preveem o reencaminhamento direto para a urgência de obstetrícia e ginecologia, nomeadamente se a grávida tiver uma carta do médico ou de um enfermeiro especialista, for reencaminhada por uma emergência pré-hospitalar ou se correr risco de vida..Segundo Caldas Afonso, todos os enfermeiros que estão a fazer o atendimento na linha SNS 24 fazem uma "formação robusta" obrigatória para a triagem e para o fluxograma..Realçou a importância da disponibilidade da linha "em tempo célere, o que tem acontecido, e um encaminhamento adequado"..O coordenador do plano salientou ainda que é preciso retirar das urgências obstétricas cerca de 45 a 50% das situações que não são consideradas urgentes e que estão a condicionar os recursos humanos.."São situações muito simples (...) que não faz sentido que vão consumir recursos humanos mais diferenciados que têm que estar vocacionados para aquilo que é a missão daquela unidade, dar a melhor assistência a quem vai ter o seu filho", comentou..Porto e Lisboa vão ter centros de atendimento clínicos pediátricos.Porto e Lisboa vão ter centros de atendimento clínicos pediátricos para receber crianças triadas pelos hospitais da região como não urgentes, anunciouo coordenador do Plano de Reorganização para as Urgências de Obstetrícia/Ginecologia e Pediatria..Alberto Caldas Afonso avançou na conferência de imprensa no Ministério da Saúde, em Lisboa, onde apresentou o plano, que o Centro de Atendimento Clínico (CAC) pediátrico do Porto vai funcionar no Hospital da Prelada, onde já funciona o CAC de adultos, que tem "excelentes condições"..Este CAC irá receber as crianças reencaminhadas pelo centro hospitalar do Porto e pelos hospitais de Matosinhos e de Gaia..Em Lisboa, o Centro de Atendimento Clínico pediátrico irá funcionar no Hospital da Cruz Vermelha e irá receber as crianças enviadas pelos hospitais Santa Maria, Dona Estefânia e São Francisco Xavier.."Em Lisboa, o local foi mais difícil de encontrar", mas "dá garantias" para realizar o trabalho necessário, comentou Caldas Afonso, avançando que irão iniciar-se as negociações para operacionalizar o processo..Segundo o presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, que elaborou o plano, nos CAC haverá sempre um pediatra na equipa e enfermeiros, preferencialmente, com experiência em saúde infantil..Sem avançar com uma data para abertura dos CAC, Caldas Afonso disse que gostaria que acontecesse "antes do pico de inverno das infeções respiratórias", para evitar que as crianças passem "tempos intermináveis" nas urgências como geralmente acontece neste período..O responsável alertou, na conferência, para a questão da falta de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde, defendendo um modelo de incentivos para conseguir captar e manter os profissionais.. "A nossa convicção daquilo que estamos a trabalhar em termos de propostas nesta matéria é que vamos ser altamente competitivos e muitos dos médicos que saíram para outras atividades, nomeadamente para o setor privado, irão voltar para o SNS", declarou..Também presente na conferência de imprensa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia, Diogo Ayres de Campos, falou das dificuldades das equipas de obstetrícia em reter os profissionais..Para alterar esta situação, Diogo Ayres de Campos disse que existem "algumas medidas de fundo" relacionadas com os incentivos e com a normalização das horas extras.."O pagamento das horas extras que nós queremos de facto implementar", apontou Ayres de Campos.