Evento na CPLP. Ao centro, Mário Moreira, presidente da Fiocruz, e Fernando Almeida (2.º a contar da direita), presidente do INSA.
Evento na CPLP. Ao centro, Mário Moreira, presidente da Fiocruz, e Fernando Almeida (2.º a contar da direita), presidente do INSA.Foto: Leonardo Negrão.

Fome ainda é “questão problemática” em Portugal

Memorando de entendimento assinado entre o secretariado executivo da CPLP, a Fundação Oswaldo Cruz e a Agência Brasileira de Cooperação vai reforçar o plano estratégico desenvolvido nos Estados-membros para combate à fome e à malnutrição.
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A fome ainda é uma “questão problemática em Portugal” afirmou o presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Fernando Almeida falava na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Lisboa, depois da assinatura, ontem, de um memorando de entendimento entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o secretariado executivo da CPLP para projetos na área da Saúde.

“Eu diria que é uma questão problemática não só a fome, mas também o acesso à alimentação, questão que tem a ver não só com a subnutrição, mas com a malnutrição”, explicou o médico português.

“Para além de as pessoas terem dificuldades de acesso à comida, aquilo que comem não é aquilo que devem comer. Por razões também sociais. Os alimentos mais processados são os mais baratos e são aqueles que nos causam a maior preocupação em função de obesidade, de equilíbrios alimentares”, afirmou Fernando Almeida.

O combate à fome e à malnutrição é um dos pontos em destaque no Plano Estratégico de Cooperação em Saúde da CPLP, vigente até 2027. O Instituto Ri- cardo Jorge é uma das entidades de aconselhamento técnico e científico à execução do programa. Para o responsável, são necessárias medidas que não envolvam apenas a área da Saúde, mas todo o sistema de produção de alimentos.
“Nós agora temos de nos preocupar, para além do acesso à alimentação e da fome, com como é que  vamos ver a sustentabilidade alimentar. Ou seja, como é que nós conseguimos produzir mais neste ritmo. E não pode ser só a Saúde, tem que ser todos os outros setores”, completou Fernando Almeida.

Fiocruz em Lisboa

Com a assinatura do memorando, a Fundação Oswaldo Cruz, que detinha o mesmo papel de assessora técnica, passa a ter condições formais para que “possa aportar na CPLP recursos humanos e também orçamentários para impulsionar o nosso plano estratégico”, disse o presidente da entidade brasileira, Mário Moreira. A estimativa é de que a Fiocruz disponibilize 400 mil euros em recursos, de 2025 a 2027, para ações nos países do bloco.

Com o estabelecimento de uma unidade da Fiocruz em Lisboa, no prédio que está a ser conhecido como “Casa Brasil”, a fundação também espera poder alocar, pelo menos, um profissional junto ao secretariado executivo para reforçar o acompanhamento das ações. Este recurso humano vai somar-se às “centenas de profissionais” que, atualmente, já estão envolvidas nas ações conjuntas da entidade brasileira com a CPLP, disse o coordenador de cooperação do secretariado executivo, Manuel Clarote Lapão.

A Fundação Oswaldo Cruz é uma das principais entidades de investigação científica do mundo. Para Mário Moreira, a questão da fome é um problema que exige cooperação internacional. Sobre o papel que a Fiocruz passa a ter na CPLP, o brasileiro disse que “não é só cooperar no sentido de levar conhecimento, mas de aprender. Temos discutido isso com o próprio Instituto Nacional de Saúde” Dr. Ricardo Jorge, disse em referência ao trabalho com o parceiro português.

No mesmo dia da assinatura do memorando em Lisboa, Portugal participava na criação da Aliança Global Contra a Fome, iniciativa lançada no âmbito da reunião do G20, no Rio de Janeiro.

caroline.ribeiro@dn.pt

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