Excesso de peso na gravidez favorece desenvolvimento de défice de atenção em crianças

Foram recolhidos dados de mais de mil mulheres com diabetes gestacional ou que ganharam peso excessivo durante a gravidez. Os filhos, que têm agora 17 anos, foram diagnosticados com transtorno de défice de atenção com hiperatividade em 13% dos casos. "Não encontramos essa associação quando estas mulheres ganham uma quantidade saudável de peso durante a gravidez", diz endocrinologista que liderou o estudo desenvolvido pelo hospital espanhol Mútua Terrassa.
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Mulheres com diabetes gestacional que ganham demasiado peso durante a gravidez têm mais probabilidades de ter um filho com transtorno de défice de atenção com hiperatividade (TDAH). Esta é a conclusão de um estudo desenvolvido pela unidade de Endocrinologia e Nutrição do hospital Mútua Terrassa, em Espanha, que recolheu dados de mais de mil mulheres.

Os resultados da investigação, publicados no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, indicam que 13% dos filhos - agora com cerca de 17 anos - das 1.036 mulheres que participaram no estudo, que sofreram de diabetes gestacional ou que tiveram um aumento excessivo de peso durante a gravidez, foram diagnosticados com TDAH. Um valor que representa o dobro das probabilidades face à população em geral, refere o estudo.

"Não encontramos essa associação quando estas mulheres ganharam uma quantidade saudável de peso durante a gravidez", refere a endocrinologista Verónica Perea, citada pelo jornal La Vanguardia, que liderou o estudo. Uma investigação que teve como base a evidência de que as mulheres com obesidade ou diabetes gestacional têm um risco maior de ter filhos com doenças metabólicas e excesso de peso, mas também partiu das suspeitas de que estas patologias nas mães podem ter efeitos nos filhos ao nível cognitivo.

Além da obesidade, foi analisado o peso que se ganha durante a gravidez. "Ficamos surpreendidos que, se se começa com obesidade, mas não se ganha peso além do recomendado, o risco de TDAH é igual ao da população com peso normal", afirmou Verónica Perea.

Entre as mulheres "com diabetes gestacional, a obesidade pré-gestacional foi associada a um maior risco de TDAH" nos filhos. No entanto, quando foi considerado o peso que se ganhou durante a gravidez, apenas a "associação conjunta de obesidade e excesso de peso permaneceu significativa", lê-se no estudo.

Perante estes resultados a médica dá ênfase à importância de controlar o peso, uma recomendação às grávidas que, defendeu, deve ser reforçada. Tal como já acontece quando os médicos recomendam a eliminação do tabaco e do álcool. Porque nem tudo termina com o parto, considerou.

O melhor cenário seria "iniciar a gravidez com o peso ideal, mas se tal não for possível, é preciso manter um controlo rigoroso", defendeu. A Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição recomenda, exemplifica o La Vanguardia, mais 12 a 16 quilos para mulheres que têm uma constituição e peso normal e entre 6 a 9 quilos para aquelas que têm excesso de peso.

Em Portugal, de acordo com o Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco, da Direção-Geral da Saúde (DGS), de 2015, às mulheres com peso normal é recomendado entre 11,5 a 16 quilos a mais, ganhos durante a gravidez, e entre 7 a 11,5 quilos a mulheres com excesso de peso.

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