Europa dependente dos Estados Unidos
Tal como hoje, há cinquenta anos debatia-se a dependência europeia dos Estados Unidos, face ao poder soviético. O risco das armas nucleares eram já uma evidência. “Se Washington retirar os seus soldados... A Europa não poderá resistir ao colosso atómico soviético sem a proteção nuclear americana”, titulava-se, na primeira página. “Imaginemos o que poderia suceder se os Estados Unidos abandonassem a Europa ocidental à sua sorte. Não, não se trata de simples devaneio”, podia ler-se numa crónica especialmente preparada para o DN.
“Já não é a primeira vez que se põe e não será certamente a última. Agora voltou-se a falar no assunto quando Nixon submeteu os seus aliados europeus a uma espécie de 'duche escocês’ (primeiro água fria depois para aliviar água quente) ao proferir dois discursos seguidos, um em Chicago, inquietante para os parceiros dos Estados Unidos na Aliança Atlântica, e o outro em Houston, muito mais moderado, para não dizer, reconciliador e reconfortante”, continuava o texto.
A segurança da Europa poderia estar em causa, face à União Soviética. “Em causa, claro, a tão falada, a eventual, a hipotética, a possível, etc, retirada das tropas norte-americanas da Europa, qualquer coisa como uns 300 mil soldados que, desde 1945, garantem a segurança do velho mundo”.
No DN deste dia era dado grande destaque a uma nova obra, com o patrocínio deste jornal. “A primeira pedra do futuro edifício de Centro Infantil Helen Keller foi colocada hoje pelo Chefe de Estado; A colaboração do ‘Diário de Notícias’ para a concretização da benemérita obra foi posta em relevo pelo Dr. Henrique Moutinho”, lia-se, num enorme título, acompanhado por foto do presidente Américo Thomaz e outras individualidades.
De Nova Iorque chegava a notícia de que o preço do petróleo deveria baixar: “O preço do petróleobaixará sob a pressão dos mercados mundias”, lia-se em título, uma afirmação de William Simon, diretor da Agência Federal de Energia norte-americana.
Em Moscovo continuava Henry Kissinger que dava boas notícias. “Fortaleceremos as relações pacíficas soviéto-americanas”, disse ao líder soviético Lionid Brejenv. Já a princesa Ana estava de partida para a Alemanha.