Estudo ajuda portugueses a perceber se são mochos ou cotovias

Dia Mundial do Sono. Fica disponível hoje online um inquérito que pretende avaliar o relógio biológico de trabalhadores e estudantes
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Roberta Medina, Fernando Pimenta, Isabel Alçada. O que têm estes três personalidades de áreas tão diferentes como o espetáculo, o desporto e a educação têm comum? Uma ave: a madrugadora cotovia. Já o comentador de política e empresário Luís Marques Mendes está isolado. É um mocho. Ou seja, é noctívago.

Estas quatro personalidades aceitaram o desafio do DN e responderam ao inquérito que o Centro de Medicina do Sono do Hospital CUF Porto, dirigido por Marta Gonçalves, lança hoje. Do resultado ficaram as explicações do quarteto sobre os resultados obtidos.

O estudo pretende avaliar o cronotipo (determinado pelo relógio biológico interno de cada pessoa) dos trabalhadores, bem como dos estudantes do Instituto Politécnico do Porto. A investigação inclui vários questionários, disponíveis online por três semanas, que não só determinam o cronotipo como avaliam "a qualidade do sono, o grau de sonolência e o jetlag social [diferença entre o relógio biológico e o social, que determina os compromissos diários".

Aproveitando o Dia Mundial do Sono, que se celebra hoje, a psiquiatra Marta Gonçalves alerta para a existência de diferentes ritmos e para a necessidade de serem respeitados. Numa sociedade ideal, destaca, cada um trabalharia de acordo com o seu ritmo.

Com este trabalho, a especialista em medicina do sono quer sensibilizar a população "para a importância do ritmo de cada um" e para que se perceba que "cada pessoa tem uma hora ideal para se levantar e para se deitar". Isto porque, explica, não adianta um vespertino ir para a cama às 22.00, se só vai adormecer depois da meia-noite. "Porque é que temos de ser tão rígidos com a hora de deitar? Se calhar podemos ser mais flexíveis e perceber que há um horário melhor para cada pessoa", sugere a especialista no sono. Desta forma, prossegue, seria possível tirar partido do melhor de cada um.
"Como a sociedade tem uma orientação matutina, quem é vespertino acaba por ser visto como preguiçoso, atrasado ou irresponsável", frisa a especialista. A sociedade é "penalizadora" para os noctívagos, uma carga negativa que Marta Gonçalves quer mudar. "Deve tirar-se partido do melhor da pessoa. O matutino é mais produtivo de manhã, enquanto o vespertino será mais produtivo à tarde e à noite", explica.

Segundo o inquérito - disponibilizado ao DN numa versão reduzida -, existem cinco tipo de cronotipos: os vespertinos extremos, os vespertinos moderados, os intermédios, os matutinos moderados e os matutinos extremos. Nos extremos, pode existir um atraso ou avanço de fase, uma patologia que é tratada com luz e melatonina. No primeiro caso, há um atraso regular no início dos sonos. Em muitas situações, refere a psiquiatra, estas pessoas acabam por ter privação de sono, porque têm de acordar cedo para ir trabalhar ou estudar.

O diagnóstico é apenas uma parte daquilo que pode ser feito. "O desejo de qualquer investigador é que pudessem ser feitos ajustes, que os horários se pudessem adaptar ao ritmo de cada um", afirma a investigadora. Destacando que existem áreas em que essa adaptação pode ser viável, Marta Gonçalves mostra-se disponível para trabalhar com "empresas que queiram fazer um estudo exploratório" junto dos seus trabalhadores. Mesmo nos casais, é importante que se perceba que as pessoas têm ritmos diferentes.

Quando cinco horas chegam

Tanto a hora de adormecer e de acordar como o número de horas de sono "são determinados geneticamente". No que diz respeito à duração do sono, a maioria das pessoas deve dormir, em média, "sete a oito horas por noite, mas há quem fique bem com cinco e quem precise de dormir dez". Os primeiros são chamados de short sleepers e os segundos de long sleepers. Por exemplo, o Presidente da República contou ao DN, no ano passado, que dorme, em média, quatro a cinco horas por noite, aproximadamente mais uma do que nos tempos de juventude. Em janeiro de 2015 - desconhece-se se ainda mantém o mesmo hábito - deitava-se entre as 05.00 e as 05.30. Quer isto dizer que Marcelo Rebelo de Sousa é um vespertino e short sleeper.

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