Esquema investigado pela PJ permitiu a realização de pelo menos 64 casamentos brancos
Pelo menos 64 casamentos fraudulentos foram realizados no âmbito de um esquema para promover a regularização fraudulenta de cidadãos estrangeiros, apurou o DN, na sequência da operação Aliança Digital, que a Polícia Judiciária desencadeou na manhã desta quarta-feira, 9 de julho.
Cerca de 300 elementos da PJ estiveram envolvidos nesta operação, que resultou na detenção de 55 pessoas. O DN apurou que a maioria dos detidos são mulheres, as noivas destas uniões fraudulentas, conhecidas como casamentos brancos, e os angariadores. Os noivos estarão constituídos arguidos, mas não se encontram em Portugal, uma vez que, tendo a autorização de residência podem circular livremente na União Europeia.
Estas mullheres, a maioria residente na região da Grande Lisboa, não eram, segundo apurou o DN, necessariamente de classe baixa. "São mulheres que viram uma oportunidade para ganhar algum dinheiro extra, ou por dificuldades económicas estruturais ou de momento", explicou ao DN uma fonte judicial que está a acompanhar o processo.
A maior parte dos detidos são as mulheres "noivas" que residem em Portugal. Os "noivos", uma vez obtida a autorização de residência portuguesa, podem circular no espaço da União Europeia. Apesar de estarem também como alvos da investigação não foi detido ainda nenhum, suspeitando as autoridades que não se encontram em território nacional.
Segundo um comunicado da PJ, "os suspeitos delinearam e concretizaram um plano criminoso, através das redes sociais, com o intuito de promover a regularização fraudulenta de cidadãos estrangeiros".
Inicialmente, os cidadãos estrangeiros deslocavam-se a Portugal para se reunirem com os suspeitos, onde lhes era explicado que a forma mais fácil de se regularizarem e obterem autorização de residência seria com a abertura de empresa.
Posteriormente, uma vez que tais procedimentos eram exigentes, os suspeitos passaram a sugerir a realização de casamentos de conveniência com cidadãs portuguesas, não havendo qualquer relação entre os nubentes, mediante o pagamento de elevadas contrapartidas pecuniárias.
De acordo com as informações recolhidas pelo DN, seriam pagas "largas centenas de euros" como contrapartida pela realização dos casamentos brancos.