A futura Feira Popular de Lisboa, em Carnide, deverá ter um preço de entrada de dois euros. No primeiro ano de exploração, o espaço deverá receber 800 mil visitantes, que cinco anos depois deverão atingir 1,4 milhões. O projeto implicará um investimento de 70 milhões de euros..Estas são projeções de um plano preliminar encomendado pela Câmara Municipal de Lisboa à JoraVision, uma empresa holandesa especializada no design e construção de parques de entretenimento. Foi com base neste estudo, datado de outubro de 2015 - o anúncio da nova Feira Popular foi feito pelo presidente da Câmara da capital, Fernando Medina, a 3 de novembro do ano passado - que foi traçado o primeiro desenho do que será a futura Feira Popular..O estudo preliminar aponta para a existência de dois espaços de diversão distintos - um dedicado à família, o outro para quem procura emoções fortes, um conceito associado a um público mais juvenil. O primeiro deve ser mais "romântico" e "clássico", seja nos equipamentos de diversão ou no design do espaço. O segundo deve apostar no "desafio", na "adrenalina" e nas "altas velocidades", conceitos que devem ter tradução em todo o ambiente desse espaço..O plano sustenta que a feira deve incorporar elementos da cultura portuguesa, de forma a dar-lhe uma identidade própria. E dá exemplos: a calçada e os azulejos. E deve também ter um "mercado" - "um tipo de restaurante com grande potencial" numa Feira Popular. Quer um quer o outro "atraem as massas, independentemente da condição social"..O plano preliminar da empresa holandesa prevê que a Feira Popular receba, em 2018, 800 mil visitantes, chegando a um milhão em 2020. Dois anos depois, a projeção aponta para 1,4 milhões de entradas no novo espaço de divertimento da capital. Acompanhando a tendência de crescimento, o espaço de diversões deverá ter no primeiro ano 1,8 milhões de lucro, que em 2022 deverá ascender aos 15 milhões..Com uma previsão de investimento inicial de 70 milhões de euros, a maior fatia dos custos é atribuída à instalação dos equipamentos de diversão - 27 milhões de euros. Segue-se o que é designado no estudo como "paisagem", que inclui as infraestruturas e que atinge os 19,5 milhões. A construção de edifícios deverá atingir os cinco milhões e o design do espaço 3,2 milhões..No capítulo dos custos para o visitante, o valor da entrada é estimado em dois euros. As projeções apontam para que cada visitante gaste, numa ida à Feira, cerca de 20 euros, sendo metade atribuída aos gastos nos equipamentos de diversão. Mais de 20 páginas do plano são fotografias do que poderão ser as futuras atrações da feira - uma roda gigante, uma torre de queda, vários tipos de montanha-russa. O espaço de "família" integra carrosséis, carrinhos de choque, uma montanha-russa para crianças ou uma casa de espelhos..O estudo, ontem divulgado no jornal online Observador, foi pedido pelo vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, que diz ter ficado "incrédulo" com o documento que lhe chegou às mãos: "Acho manifestamente exagerado o preço do estudo". O vereador centrista critica também que tenha sido feita uma reunião da Comissão de Acompanhamento da Feira Popular, na qual não foi dado conhecimento da existência deste plano preliminar. "Descobri-o numa pesquisa no base.gov [site que publica os ajustes diretos feitos por entidades públicas]. Vi que havia um ajuste direto para um estudo sobre parques de diversão em que a câmara gastava 57 mil euros", diz João Gonçalves Pereira, acrescentando que solicitou então o estudo, que só chegou "dois meses depois"..Em comunicado, o gabinete de Fernando Medina contestou as críticas do vereador centrista, afirmando que a câmara "não pagou 57 mil euros por um powerpoint, mas por um trabalho de vários meses que passou pela definição de um conceito estratégico de raiz para o que será um dos maiores parques urbanos e de diversões da Europa". "A Câmara Municipal de Lisboa, ou qualquer entidade pública ou privada em Portugal, não tem experiência ou know how para a concretização de um parque com esta dimensão e ambição", refere a nota oficial da autarquia. Que justifica a escolha da empresa holandesa, referindo que esta foi responsável pelos "estudos para alguns dos maiores parques temáticos na Europa, como é o caso da Disneyland Paris, Futuruscope, Tivoli ou Legoland", e que foi escolhida também face ao que a câmara diz ser um custo "várias vezes mais baixo do que é praticado internacionalmente neste tipo de projetos". As obras da nova Feira Popular deverão arrancar "até final do ano", garantiu Medina, em abril.