Enfermeiros passam a ficar responsáveis por partos de baixo risco

Enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde materna e obstétrica vão assegurar os partos considerados normais (de baixo risco), segundo uma norma da DGS. Médicos obstetras são chamados a intervir em situações mais complexas, em que é necessário o uso de instrumentos.
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Os partos considerados normais, de baixo risco, vão passar a poder ser assegurados apenas por enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde materna e obstétrica (EEESMO), deixando assim de ser feitos por médicos obstetras, noticia o JN.

A alteração consta de uma orientação da Direção-Geral da Saúde, publicada na quarta-feira, que oficializa uma prática levada a cabo por alguns hospitais, e pretende tentar solucionar os problemas decorrentes da falta de obstetras, anestesistas e pediatras que agravam a pressão nas urgências obstétricas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A norma da DGS, assinada por Rui Portugal, subdiretor-geral da Saúde, resulta de uma "proposta da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos", liderada por Diogo Ayres de Campos, que estuda soluções para a falta de médicos nesta especialidade.

Os médicos de Obstetrícia e Ginecologia mantêm-se sempre nos partos mais complexos, para os quais são exigidos instrumentos. Já nos partos normais, de baixo risco, os enfermeiros especialistas asseguram desde o internamento até às primeiras horas de vida do bebé.

Segundo o jornal, 80% dos partos são de baixo risco.

Nesta norma da DGS é clarificada o papel da cada profissional de saúde nos trabalhos de partos de baixo risco e nos que exigem maior vigilância. O enfermeiro passa, assim, a assegurar o internamento de uma grávida em trabalho de parto de baixo risco, sendo, preferencialmente, o responsável pelo parto.

Só nos casos em que o trabalho de parto for considerado mais complexo é que é chamado o médico, obstetra, anestesista ou pediatra.

Os objetivos desta orientação passam por "uniformizar os cuidados de saúde hospitalares" e "clarificar o papel dos vários profissionais de saúde intervenientes no trabalho de parto", refere a DGS.

Segundo a norma, "deve ser privilegiada a rentabilização dos recursos humanos e o desenvolvimento das competências de toda a equipa de saúde", sendo que "os principais objetivos a atingir são a promoção de cuidados de saúde de qualidade, com foco principal na segurança materno-fetal, bem como numa experiência positiva no parto para a grávida e para a família".

Apesar destas alterações, Diogo Ayres Magalhães, ouvido pelo JN, tem dúvidas que a norma da DGS ajude a aliviar as equipas médicas, uma vez que já estão muito reduzidas. Permitirá, no entanto, rentabilizar os recursos humanos quando faltam médicos especialistas em muitos hospitais do país.

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