No dia 2, foi no Algarve, no dia 3 em Viseu, amanhã é em Lisboa, no IPO; depois será no Porto, Loures, Vila Franca, Setúbal, Figueira da Foz, Cova da Beira, Médio Tejo, Oeste, Coimbra, Viseu-Tondela, ARS de Lisboa e do Centro e por aí adiante. Os enfermeiros elegeram o mês de fevereiro como o mês de protesto contra as injustiças que não foram reparadas pelo Decreto-Lei 80-B/2022 e contra as unidades que não o estão a aplicar corretamente. "Andámos tanto tempo em luta pela correção de injustiças, acaba por ser publicado um decreto-lei que não corrige todas e, mesmo assim, ainda há instituições que não estão a aplicar o decreto corretamente, como o IPO Lisboa", explica ao DN a enfermeira da instituição Elisabete Amoedo, também dirigente nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP)..A mesma diz ainda haver grandes expetativas com esta paralisação, porque "só se avançou para esta situação limite por os profissionais estarem muito, muito desmotivados, e até magoados com a forma como o decreto-lei está a ser aplicado", argumenta. "A maior parte dos enfermeiros do IPO Lisboa está no regime de CIT (Contrato Individual de Trabalho) e não tinha contagem de pontos, e, agora, deparam-se com contagens mal feitas pela instituição. Andamos nesta luta desde há quatro anos, os profissionais não só estão cansados, como desmotivados, sentindo que esta situação é mais uma injustiça tremenda", sustenta ainda Elisabete Amoedo..Ao mesmo tempo, relembra que o próprio decreto-lei não veio corrigir todas as injustiças identificadas pela classe e que foram sempre colocadas em cima da mesa das negociações. Portanto, com estas "paralisações, nomeadamente a que vai decorrer no IPO Lisboa e em outras unidades até ao final do mês, queremos que sejam repostos os direitos que nos são devidos, queremos que seja regularizado o que foi mal feito e que a própria tutela encontre uma forma de resolver as injustiças que constam do próprio decreto"..E exemplifica: "Temos enfermeiros especialistas com o mesmo vencimento que enfermeiros generalistas e com muitos anos de serviço. Isto não é possível manter, porque é uma situação que gera conflitos e desmotivação. Já que a tutela não teve o cuidado de acautelar no decreto as nossas reivindicações, agora, esperamos que intervenha e que dê instruções às administrações das unidades de saúde para que de uma vez por todas aplique a lei corretamente", sublinha a dirigente do SEP..Elisabete Amoedo dá ainda conta que ,"em muitas unidades, os enfermeiros reclamaram em relação às contagens que estavam erradas e as situações têm estado a ser resolvidas, o que não aconteceu no IPO. Aliás, o SEP já pediu três reuniões ao Conselho de Administração, que nunca agendou nenhuma para se debater o assunto" e, diz, "atingimos uma situação limite"..No dia 6, os enfermeiros do IPO Lisboa vão estar em greve das 08:00 às 12:00 e com uma concentração à porta do hospital, às 10:30. O objetivo é "conseguirmos a contagem correta de pontos, retroativos desde janeiro de 2018 e não desde 2022, e a correção de injustiças relativas decorrentes da progressão e a harmonização de direitos, nomeadamente os dias de férias"..No pré-aviso de greve do SEP é referido que os enfermeiros partem para esta paralisação para exigirem: "A contabilização de todos os anos de serviço no SNS para efeitos de progressão, independentemente do mês de entrada, nomeadamente os anos com contrato com vínculo precário e tempo trabalhado noutras instituições; O pagamento dos retroativos desde o momento em que se adquire o direito à progressão, a partir de 2018; A correção de injustiças relativas decorrentes da progressão, nomeadamente os enfermeiros especialistas; A harmonização de direitos, com a redução da carga horária e majoração de férias aos detentores de um CIT, tal como está previsto para os detentores de um CTFP; A contratação de enfermeiros, tendo em conta as necessidades.".Elisabete Amoedo esclarece que "o que tem passado e para opinião pública é que os enfermeiros foram aumentados e isso não é verdade. Os enfermeiros receberam o que está designado no Decreto-Lei 80-B/2022, o qual já deveria ter sido publicado há mais tempo. Andamos nesta luta desde 2018, o próprio decreto não vai ao encontro do que são as nossas exigências e ainda por cima há instituições que não o cumprem. O ministério tem de resolver a situação", rematou..Em novembro, logo após a publicação do decreto, o SEP informou a classe que já tinha pedido "a todas as instituições um pedido de reunião para apresentar a fundamentação jurídica que suporta a exigência de pagamento dos justos e legais retroativos desde janeiro de 2018", considerando que se as instituições quiserem "o atual quadro legal permite resolver esta e outras injustiças". Portanto, "no quadro da sua autonomia, cabe às administrações das instituições resolverem a situação".