Energica Experia: Será esta a Tesla das motos elétricas?
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Energica Experia: Será esta a Tesla das motos elétricas?

Na indústria automóvel, a maioria dos fabricantes foram obrigados a apanhar o “comboio” da eletrificação, sobretudo por causa da Tesla. Nas motos, isso não aconteceu.
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É verdade que surgiram imensas propostas na forma de trotinetes e scooters elétricas como alternativas para a mobilidade urbana. Mas para quem quisesse trocar a sua moto de combustão por uma alternativa totalmente elétrica, sobretudo os motociclistas que gostam de viajar, não existiam grandes opções no mercado. Até agora.

Fundada em 2014 na cidade italiana de Modena, a Energica não receia desafiar os preconceitos em relação a este tipo de veículos elétricos. Começou por desenvolver a tecnologia há mais de dez anos. Não só fabrica motos elétricas altamente sofisticadas, como foi o primeiro fornecedor para o campeonato mundial de MotoE até ao final de 2022. O estilo desta moto elétrica, embrulha convenientemente o pacote tecnológico na forma do motor e bateria, desenvolvidos a partir da experiência adquirida no MotoE e nas motos de estrada.

A sua conceção exigiu uma plataforma desenhada de raiz. O novo quadro em treliça de aço tubular alberga um motor de imane permanente, mais leve e compacto, que, apesar da sua eficiência térmica melhorada, continua a ser refrigerado por líquido – tal como o inversor –, e lubrificado por óleo.

A bateria tem uma capacidade aproximada às que equipavam os Renault Zoe da primeira geração: 22.5 kWh (19.6 kWh efetivos). É a maior que encontramos atualmente numa moto elétrica de produção, e a marca estima ser possível obter até 420 quilómetros de autonomia em cidade; 250 km em percurso combinado; e 209 km em extra-urbano.

Na altura de carregar a bateria, é bom saber que o processo é semelhante ao que encontramos num automóvel elétrico atual, ou seja: não há surpresas com fichas ou tomadas de carregamento proprietárias. Está equipada com uma tomada de carregamento CSS Tipo 2, adotadas globalmente pela rede de carregamento. Assim, é possível tirar partido de uma wallbox em casa, e carregar em nível 2 até ao máximo de 3 kW demorando cerca de sete horas do zero até cem porcento, ou num carregador público até ao máximo de 25 kW em apenas 20 minutos dos 20% aos 80%. A Energica dá uma garantia na bateria de três anos ou 50 mil quilómetros. O que acontecer primeiro.

Durante o primeiro dia do nosso teste não nos preocupámos com consumos e, com uma condução entusiasmada, obtivemos 15,4 kWh de média com a Experia. Tendo em conta o tamanho da bateria carregada a 100%, daria para cerca de 127 quilómetros. É um valor abaixo do indicado pela marca para qualquer uma das estimativas, mas nos dias seguintes, já com o entusiasmo moderado no punho direito, foi possível baixar o consumo para 9,9 kWh e cerca de 198 quilómetros de autonomia. Mais perto dos 200 km indicados pelo fabricante em percurso extra-urbano.

A ergonomia está bem conseguida, apesar de o assento estar a 846 mm de altura. A Energica equipou a Experia com um sistema que permite realizar as manobras para a frente e para trás a uma velocidade muito reduzida, útil quando se está a parquear ou a sair do lugar.

Em andamento, a Experia é uma moto extremamente confortável e até custa acreditar que pesa 260 quilos, pois não se fazem notar. Mesmo em andamentos a ritmos mais elevados, demonstrou uma grande agilidade a curvar. A suspensão totalmente ajustável e o amortecedor com regulação da extensão e pré-carga, ambos ZF Sachs vinham com uma afinação firme, mas lidaram com todo o tipo de pisos em que rodamos sem prejudicar o conforto.

As especificações, que podem parecer algo modestas no papel - apenas 80 cv, atingindo os 100 cv em picos de potência; e a velocidade máxima limitada aos 180 km/h - contrastam com o seu desempenho. O motor da Experia produz 115 Nm de torque instantâneo, catapultando-a dos 0 aos 100 km/h em 3,5 segundos. Por comparação a Suzuki Hayabusa tem um binário máximo de 150 Nm com um motor com 1300 cc.

Qualquer ultrapassagem é feita rapidamente e em segurança, mesmo viajando com um passageiro atrás. Dominar a potência desta moto não seria tarefa fácil sem a preciosa ajuda da eletrónica, e neste aspeto vem com um pacote muito completo.

Apesar da boa visibilidade, gostaríamos que o painel de instrumentos com 5 polegadas TFT fosse um pouco maior. Nele é possível escolher quatro modos de condução (Eco, Urban, Rain, Sport), mais três modos personalizados. Existem também 4 níveis de travagem regenerativa, 6 níveis de controlo de tração e ainda o cruise control. Rodámos maioritariamente nos modos Urban e Sport, experimentando os níveis de controlo de tração, que tivemos oportunidade de ver em ação ao passar nas listas de uma passadeira para peões. Mas também a travagem regenerativa, para concluir que no máximo, tem quase o mesmo efeito do travão do motor de uma bicilindrica com 800 cc.

Ainda no capítulo da travagem, a tarefa de parar este míssil com 260 kg está a cargo do sistema Brembo de duplo disco flutuante, com 330 mm de diâmetro e por pinças de 4 pistões de montagem radial na frente. E um disco de 240 mm e pinça de dois pistões na traseira. Realçamos que está ainda equipada com o sistema de travagem em curva ABS Cornering da Bosch.

Com a Experia, a Energica prova que tal como nos automóveis, é também um fabricante de fora do meio que toma a liderança ao apresentar uma moto com a qual se pode viajar. 

Preço: 29 213 euros

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