Em Azul Profundo. "A beleza da sensibilidade da mulher"
A obra de Francisco Simões foi escolhida para capa do DN. O escultor falou sobre a figura do feminino como centro da sua obra.
"A mulher sai-me da ponta dos dedos em desenhos, palavras, esculturas e pinturas". Quem o diz é o escultor e pintor Francisco Simões, autor do desenho que hoje, Dia Internacional da Mulher, ilustra a capa do Diário de Notícias.
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O desenho em pastel da Mulher em Azul Profundo foi a técnica de pintura escolhida por Francisco Simões para enaltecer e dar expressão a algo que considera muito importante: a beleza do corpo feminino.
A cor azul que pinta o corpo da mulher na obra de Francisco Simões é o que o pintor chama de um Azul Profundo, nome da série à qual o desenho pertence. A cor pretende simbolizar a paz, esperança e o amor. "Faz todo o sentido que a mulher se enquadre neste mundo de paz. O azul traz serenidade e tranquilidade tal como a mulher", explicou o autor ao DN.
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O pintor descreve esta obra como um desenho simples "feito com o amor, respeito, admiração" que sente pelo género feminino.

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Por vezes, o escultor precisa de estudar para, depois, avançar para a concretização da obra. Outras vezes, desenha de forma mais fluida. Na série Azul Profundo não sabe apontar quanto tempo demorou. "Se calhar demorou apenas 20 minutos ou uma hora. Às vezes demora um dia inteiro e no fim do dia rasgamos a folha porque não gostamos do desenho", sublinha.
A mulher é o centro da obra do artista, tendo ao longo da sua vida dedicado várias peças às suas vertentes: mãe, irmã, filha, companheira, amante, trabalhadora e intelectual.
Sobre a luta pelos direitos femininos, Francisco Simões afirma que há um caminho longo a percorrer e que a sociedade ainda não respeita a mulher, a sua importância e o seu papel. "Todos os dias nos deparamos com a barbárie que é a agressão à mulher. Todos os dias nos deparamos com ofensas contra a mulher. Muitos dizem que gostam de mulheres, mas no final de contas não gostam porque se gostassem não as agrediram, respeitavam-nas como ser mais maravilhoso e mais bonito que o universo tem".
Os trabalhos de Francisco Simões estão espalhados por todo o país, desde as estátuas das Mulheres de Lisboa no Campo Pequeno, passando pelo Parque dos Poetas de Oeiras, até ao Porto, onde no Largo Amor de Perdição (junto à antiga Cadeia da Relação) está uma estátua sua que homenageia Camilo Castelo Branco. Internacionalmente, o escultor trabalhou no Museu do Louvre na década de 60. Mais tarde, foi também nomeado consultor de Artes Plásticas para o projeto A Cultura Começa na Escola no final da década de 80.
O Parque dos Poetas, em Oeiras, foi uma das obras que deu mais prazer a Francisco Simões de concretizar durante o seu percurso como artista. Fez vinte estátuas de vinte poetas portugueses do século XX. "Tive de estudar a vida e a obra de cada um deles. Então isso deu-me imenso prazer pela procura estética, realização do retrato do poeta, mas também pelo prazer do estudo da poesia e da literatura".
mariana.goncalves@dn.pt
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