As coberturas exteriores e as almofadas podem ser trocadas e conjugadas em várias cores.
As coberturas exteriores e as almofadas podem ser trocadas e conjugadas em várias cores.D.R. / Dyson

Dyson OnTrac. Um som de qualidade superior numa enorme variedade de cores

A casa britânica mais conhecida pelos aspiradores surpreende com a sua segunda entrada no mercado dos auscultadores: um produto capaz de competir com algumas das mais conhecidas marcas do segmento e com uma mais-valia de personalização neste momento única.
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Estes auscultadores querem - e merecem - ser tanto vistos como ouvidos. O que é dizer muito por duas razões: são bem grandes e têm um som de elevadíssima qualidade. O que a Dyson conseguiu com os novos headphones OnTrac foi um produto que se destaca tecnicamente, oferece longas horas de boa audição e conforto e ainda permite um nível de personalização que agradará, seguramente, aos mais jovens. Só é pena terem sido um pouco conservadores em algumas opções de ligação e a app que acompanha o aparelho ainda deixar um pouco a desejar... mas já vamos a esses detalhes.

Comecemos pelo conforto. Apesar das elevadas temperaturas nos termómetros em Lisboa na última semana, nunca nos sentimos com as “orelhas a arder” - nem nada que se pareça - ao longo das dezenas de horas de utilização dos OnTrac que já fizemos.

O que é de elogiar para uns fones over the ear, com um diâmetro de 10 centímetros. As “esponjas” em microfibra conseguem ser suficientemente “respiráveis” para não provocar calor e, ao mesmo tempo, isolar mecanicamente o som exterior - ainda que, como sempre acontece com este tipo de aparelhos, pessoas que utilizam óculos, como é o caso, inevitavelmente têm o efeito atenuado.

Além disso, além de parecerem maciços, os OnTrac não são particularmente leves: pesam 451 gramas. Mas após serem colocados na cabeça a distribuição de peso é tal que este quase meio quilo não se nota minimamente - isto garantido pelas cinco diferentes pessoas a quem perguntámos especificamente esta questão (com crânios de tamanhos diferentes...).

Apesar de serem grandes e pesarem mais de 400 gramas, os OnTrac são confortáveis. FOTO: RSF

Parte deste peso justifica-se pela dimensão das baterias que a Dyson colocou nos headphones. São células de lítio de 2540mAh - metade do que tem um smartphone topo de gama - que é o que permite ao fabricante anunciar uma autonomia até 55 horas de utilização. O que, pela nossa experiência, não será um exagero.

Isto, mesmo utilizando o sistema de cancelamento de ruído exterior ativo (ANC - Active Noise Cancellation).

Para este sistema - que capta os sons no ambiente e introduz “ruído” equivalente nos auscultadores de forma a anular o que se passa “lá fora” - a Dyson equipou os OnTrac com oito microfones. O fabricante diz que os fones “ouvem” o som exterior e agem para o cancelar 384 mil vezes por segundo, conseguindo uma redução de 40 decibéis “o melhor da sua categoria”.

Facto é que já experimentámos outros headphones mais eficazes do que estes a anular por completo o som exterior - os Sony WH-1000XM5 são um exemplo -, mas todos esses nos provocaram uma sensação de “opressão acústica” quando em silêncio que estes Dyson não fizeram. E uma vez que, em períodos de audição muito longos, essa sensação de estar a ouvir a supressão de som ao nível infra-sónico se torna desconfortável, preferimos perder um pouco de ANC - além de que a qualidade sonora, defendemos, ganha em fidelidade.

Graves profundos

A Dyson afirma que os altifalantes dos OnTrac, de 40mm e 16 ohms, construídos em neodímio, conseguem reproduzir sons tão graves quanto os 6hertz e tão agudos quanto os 21 kilohertz - ou seja, ultrapassam a capacidade teórica da audição humana.

Ouvindo, são capazes de ter razão. Podemos atestar que estes fones têm de facto um “punch” enorme, reproduzindo baixos profundos - mas sem perder detalhe - até um nível raro de ouvir em fones, mesmo nas gamas mais altas.

Mas atenção: não os julgue logo depois de saídos da caixa. Tal como acontece, aliás, com a maioria das “colunas” de som, estes pequenos altifalantes precisam de algumas horas de rodagem. Os OnTrac foram melhorando ao longo da semana de teste - e ganharam muito após os termos sujeitado a uma hora de “burn in” com uma faixa de um CD da Monitor Audio para o efeito - e mesmo no momento em que escrevemos este artigo temos a sensação de que ainda podem ter um pouco (subtilmente) mais para dar.

Desmontados, os OnTrac mostram o altifalante de 40 mm. FOTO: RSF

Onde, no entanto, eles falham um pouco é no detalhe. Estes não são, de todo, os fones mais detalhados que já ouvimos. Quando saltamos deles para os nossos velhinhos Grado GW100 (igualmente Bluetooth, mas on-ear), nota-se imediatamente a diferença entre um produto criado por uma marca de áudio “perfeccionista”. Os Grado são “afinados” para ter um (excelente) som próprio. Ao mesmo tempo, não incluem ANC nem qualquer outro tipo de supressão de ruído e são abertos - quem está cá fora ouve tudo o que o utilizador está a ouvir - o que faz com que seja tecnicamente mais simples conseguir com eles um amplo palco sonoro.

Estamos assim um pouco a comparar incomparáveis. No entanto, demos por nós, ao longo desta semana, a saltar entre uns e outros fones consoante as circunstâncias: quando sozinhos, sem ninguém por perto que se incomodasse com o som que vaza do design aberto, pegávamos nos Grado - que já não saíam da caixa há demasiado tempo. No resto do tempo, os Dyson foram o palco da banda sonora do dia a dia, e sempre proporcionando uma enorme satisfação.

Comandos fáceis, app a melhorar

Detalhe de realçar nos OnTrac é a facilidade com que é possível controlar as funções nos próprios aparelhos.

Desde logo, o ANC. Dois toques em qualquer um dos auscultadores e o sistema muda automaticamente do modo de supressão total para “transparência” - que permite ouvir o que se passa no exterior, misturado com a música. Somos avisados da mudança por um forte sinal sonoro (à primeira parece um exagero, mas depois até se acha graça).

Não existe, no entanto (e sentimos a falta) um sistema de IA que perceba quando estamos a conversar e mude automaticamente os fones para modo “transparência”.

Na estrutura do auscultador direito foi colocado um pequeno joystick para controlar as funções do leitor de música - o que é absolutamente genial. Esta é uma solução muito melhor do que as habituais fórmulas de “um toque para avançar a faixa; dois para repetir; três para recuar”, etc. que, pela nossa experiência, na maior parte das vezes não fazem aquilo que pretendemos. Com este pequeno botão físico, empurrando para um lado ou para o outro, para cima ou para baixo, temos a certeza dos movimentos que estamos a fazer - e o software responde de acordo com a ordem dada. O botão serve ainda para chamar o assistente digital.

Na redação do DN, os Dyson OnTrac em tons de alumínio e laranja. Estes são fones que merecem ser mostrados. FOTO: RSF

Os headphones Dyson incluem também um sistema de autodeteção quando estão postos, que coloca a música em pause no momento em que se retiram.

O que a Dyson precisa melhorar com urgência é a app que acompanha os OnTrac - que, na realidade, é a mesma app para os aspiradores, purificadores de ar, etc.

Desde logo, porque com alguma frequência a app deixa de conseguir detetar que os fones estão ligados ao telefone (ou demora muito tempo a encontrá-los). Depois, porque apesar de ter um “equalizador” para personalizar o áudio - o Enhanced, que “puxa” um pouco pelos graves e agudos, numa espécie de loudness dos Anos 70; o Bass Boost, com mais graves; e o Neutral, quase linear (mas aparentemente não totalmente) -, a app não deixa fazer regulações finas, o que é uma falta pouco compreensível.

A app permite ainda ver, em tempo real, se o áudio está num volume prejudicial para a saúde e o nível de supressão do ANC.

Os acessórios são um must

No pacote, com os headphones, vêm incluídos um segundo conjunto de “esponjas” e outros revestimentos exteriores em alumínio. No nosso caso, vinham uns discretos modelos cinza-escuro. Mas, vendidos à parte (por 50 euros o par) existem mais cores, como se pode ver na foto na abertura destas páginas.

Ao todo, diz o fabricante, são “mais de 2000 combinações de cores personalizáveis para as capas exteriores e almofadas”, em acabamentos cerâmico ou anodizado.

Também merece destaque vir incluído com os fones uma das melhores caixas de transporte que já vimos. Os OnTrac resvalam lá para dentro e ficam protegidos na perfeição e, quando retirados, a caixa “espalma-se” sob si própria, ficando com uma espessura mínima. Excelente!

Os OnTrac sobre a caixa Dyson que perde todo o volume mal os fones são retirados do seu interior. Fantástico!! FOTO: RSF

Ligações ortodoxas

Além da referida questão da subtileza do detalhe - que continuamos a só encontrar nos aparelhos de áudio perfeccionistas - só não percebemos por que razão a Dyson optou por equipar os OnTrac com Bluetooth 5.0 (perfis A2DP, AVRCP e HFP, bem como os tradicionais codecs SBC, AAC e LHDC). Ou melhor, percebemos: permite uma compatibilidade quase universal relativamente aos telemóveis e tablets no mercado. No entanto, seriam muito bem-vindas também as ligações mais recentes capazes de transportar áudio com amostragens até 96kHz ou até superiores.

Detalhe do braço em 'gimbal' que faz com que o auscultador “abrace” a cabeça eficazmente. FOTO: RSF

Seja como for, esta segunda incursão no mundo dos headphones - a primeira foi com os Zone, os futuristas fones que incluíam uma máscara purificadora de ar - é uma seriíssima aposta da marca britânica neste segmento. Por tudo aquilo que inclui (e pelas horas de prazer sonoro que proporciona) justifica plenamente os 500 euros de preço que pede.

Isto, dito por quem não considera a questão do acessório de moda muito relevante. Já o facto de os fones também poderem ser usados com fio (desde que comprando op adaptador USB C-jack ainda não disponível). Já isso é outra conversa...

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