Cerca de 500 operacionais e dois meios aéreos mantêm-se hoje atentos aos pontos quentes e reativações no incêndio de Vila Real e Mondim de Basto, estando prevista a chegada de militares das Forças Armas para vigilância e patrulhamento.“Continua a haver muitos pontos quentes, continua a haver alguns pontos com chama ativa e é normal que existam algumas reativações, o que veio a acontecer durante toda a manhã”, afirmou José Guilherme, segundo Comandante Regional do Norte, que falava aos jornalistas pelas 13:00.O incêndio que deflagrou pelas 23:45 de sábado, em Sirarelhos, Vila Real, e se estendeu ao concelho de Mondim de Basto, entrou em fase de resolução às 07:45 de hoje, o que, de acordo com o responsável, “quer dizer que o perímetro do incêndio está estabilizado”.Apesar das reativações, José Guilherme referiu que “o empenho de meios tem sido rápido e têm-se mantido sempre um, dois meios aéreos neste teatro de operações”.Espalhados pela área percorrida pelo fogo estão 556 operacionais e 170 veículos, que contam com o apoio de dois meios aéreos.O comandante disse ainda que foi pedido um reforço, através das Forças Armadas e outras entidades, para a fase que se segue de conclusão e vigilância.“Foi solicitado o que estivesse disponível, uma vez que o número de ocorrências em simultâneo são muitas e temos que aguardar a disponibilidade das Forças Armadas”, referiu, concretizando que estes militares irão fazer vigilância e patrulhamento.O que, na sua opinião, acaba também por “ser dissuasor”.“Acabam por estar junto das populações e acompanhar, em caso de necessidade, alguma coisa”, apontou.Um balanço provisório feito pelos presidentes das câmaras de Vila Real e Mondim de Basto aponta para uma área ardida de cerca de 3.000 hectares nos dois concelhos..O incêndio que começou no sábado em Vila Real, se estendeu a Mondim de Basto e está esta quarta-feira em resolução queimou cerca de 3.000 hectares de área na serra do Alvão, disseram à Lusa os presidentes dos municípios.O presidente da Câmara de Vila Real, Alexandre Favaios, referiu ser esta a primeira avaliação do incêndio rural que deflagrou no sábado à noite, em Sirarelhos, no concelho, e que entrou em fase de resolução às 07:45 de hoje.“Estamos a falar de um prejuízo para aquilo que é a nossa biodiversidade e o Parque Natural do Alvão [PNA], que vai demorar anos a ser recuperado. Estamos a falar de mais de 3.000 hectares de área ardida”, afirmou o autarca.Alexandre Favaios apontou ainda algum impacto na agricultura, mas ressalvou que a avaliação dos prejuízos vai ser a “missão para os próximos dias”.“Como é obvio, o balanço, nesse aspeto, é extremamente negativo. Apesar de tudo, o aspeto positivo é não termos nenhuma habitação que foi consumida, que foi sequer danificada”, referiu, lembrando a intensidade e a grande dimensão do fogo, que atingiu que percorreu várias aldeias.O presidente da Câmara de Mondim de Basto, Bruno Ferreira, disse que no seu concelho – onde a área afetada representa um terço da área ardida total deste fogo - o principal dano foi na floresta e na paisagem.“Já tivemos mais de 1.000 hectares de área ardida no nosso concelho, o PNA também tem sido fustigado por este incêndio, o que nos traz também bastante preocupação do ponto de vista até da sustentabilidade, mas também do ponto de vista económico”, afirmou o autarca à Lusa.Mas o estrago não foi só na floresta, foi também no pasto, que “foi substancialmente destruído".“Tendo em conta que ainda temos um pastoreio extensivo, ou seja, a alimentação dos animais na montanha, este é também um sinal já de alerta para aquilo que possam ser as consequências futuras”, referiu Bruno Ferreira.O autarca elencou várias atividades afetadas: o turismo, a apicultura, a pastorícia e a floresta e a resinagem.Em consequência deste incêndio arderam também, na área de Mondim de Basto, uma casa de segunda habitação, uma antiga casa florestal requalificada, alguns apiários, muros de suporte e a infraestrutura de abastecimento de água em Ermelo.“No fundo há aqui um impacto ambiental e económico e terá que ser feita uma avaliação em conjunto com todas as entidades, quer municipais, quer nacionais, para encontrarmos soluções”, frisou.No entanto, Bruno Ferreira disse que o incêndio ainda não terminou e, portanto, o foco é o combate, mas ao mesmo tempo perceber também de que forma se conseguem ir resolvendo os pequenos problemas que vão aparecendo..O ministro da Defesa Nacional anunciou hoje que o Estado vai adquirir dois 'kits' de combate aos incêndios florestais para equipar duas aeronaves C-130, num investimento de cerca de 16 milhões de euros.Em declarações aos jornalistas no Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, à margem de uma cerimónia de designação de dirigentes de direções-gerais do seu ministério, Nuno Melo anunciou que o Conselho de Ministros aprovará a aquisição de dois dos “mais modernos 'kits' de combates a fogos florestais” para equipar as aeronaves C-130 da Força Aérea.Esta compra terá um custo a rondar os 16 milhões de euros, disse o ministro, acrescentando que o objetivo do Governo é que estas duas aeronaves estejam disponíveis com a “maior rapidez” possível, embora não este ano, porque é preciso tempo aplicar os 'kits' e formar novas equipas para este tipo de missões.“Os 'kits' de incêndio, de novo, colocados nos C-130, transportam muito maior quantidade de água, suponho que até 12 toneladas, com descargas muito maiores de uma só vez ou parcelares, comparativamente com helicópteros e serão, em complemento, um equipamento importante”, explicou.No total, acrescentou o ministro, o país terá disponíveis para combate aos fogos nove helicópteros Black Hawk, cujo início de operação está previsto para 2026, bem como dois bombardeios Canadair entregues a Portugal em 2030.Questionado sobre a notícia do jornal Público, que dá conta de que a Força Aérea Portuguesa tem 10 aeronaves (três aviões KC-390 sete helicópteros Koala) que podiam ser usadas para combater incêndios rurais, mas não os utiliza para este fim porque o Estado não comprou os ‘kits’ que permitem adaptar os aparelhos para esta missão, Melo explicou que esses equipamentos estão pensados para outro tipo de funções.“KPC-390 não tem nada a ver com kits de incêndios, muito embora, por exemplo, no Brasil, alguns recebem kits de incêndios para cenários completamente diferentes (...) que não tem nada a ver com a realidade portuguesa. Portugal tem uma dimensão e uma natureza, o Brasil tem outra e para Portugal os C-130 são aviões muito melhor preparados”, detalhou.Sobre os Koala, Nuno Melo afirmou que estão a ser utilizados nos incêndios para o “transporte de operacionais, entre outras coisas” e que “nem sequer é correto dizer-se que não estão a ser utilizados”..A Força Aérea tem 10 aeronaves que podiam ser usadas para combater incêndios rurais, mas não os utiliza para este fim porque o Estado não comprou os ‘kits’ que permitem adaptar os aparelhos para esta missão.Segundo escreve hoje o jornal Público, para serem usados no combate aos incêndios, estes três aviões pesados e sete helicópteros ligeiros da Força Aérea Portuguesa (FAP) teriam de ser adaptados com um “sistema modular aerotransportável de combate a incêndios”, que integra um tanque com capacidade para transportar 12 mil litros.O ‘kit’ foi usado pela primeira vez pela Força Aérea Brasileira (FAB) em julho de 2024 e, segundo aquela entidade, tem “sido uma ferramenta eficaz no combate a incêndios florestais, como no Pantanal e no interior do estado de São Paulo”, refere o jornal..Revista de imprensa: aeronaves da Força Aérea sem kits para incêndios e o teletrabalho em xeque. Numa nota publicada no seu site, a FAB diz que o KC-390 está indicado para o “combate a incêndios florestais de grande escala”.Os seis KC-390 que Portugal comprou à brasileira Embraer — que pretendem substituir os Lockheed C-130 que operam há mais de 45 anos na FAP — não têm como missão primordial o combate a incêndios, mas podem ser usados nessas missões.Em agosto de 2019, quando foi assinado o contrato de compra dos aviões à Embraer, o ministro socialista João Gomes Cravinho disse que o KC390 teria um “duplo uso — civil e militar, incluindo combate aos incêndios”, mas não explicou que o contrato não previa a compra do kit que possibilita essa missão, escreve o diário.O KC-390 só se abastece de água num aeródromo - ao contrário dos anfíbios que conseguem reabastecer-se rapidamente num rio ou num lago – e precisa de cerca de 40 minutos para voltar a descolar, o que condiciona o ritmo das descargas.Contudo, explica o Público, consegue transportar 12 mil litros de água e não precisa de a largar de uma só vez, podendo uma única carga ser utilizada em vários incêndios..O incêndio que lavra em Vila Real desde sábado foi dado como dominado pelas 07:45 desta quarta-feira, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).“Às 07:45 mudámos a situação deste incêndio para em resolução, isso quer dizer que o incêndio está dentro do seu perímetro, está estabilizado, mas ainda temos alguns pontos muito quentes, outros com alguma chama ativa mas com equipas em trabalho”, afirmou José Guilherme, segundo Comandante Regional do Norte, que falava aos jornalistas pelas 08:00 no posto de comando.O incêndio que lavra desde às 23:45 de sábado teve início em Sirarelhos e serpenteou a serra do Alvão, passando por várias aldeias, até passar para o concelho de Mondim de Basto, atingindo área do Parque Natural do Alvão (PNA).Ao quarto dia, o fogo entrou em fase de resolução, mas, segundo José Guilherme, o dia ainda vai ser de muito trabalho no terreno.“Vamos acompanhando a evolução da situação, o que é que a evolução meteorológica nos traz hoje, mas neste momento o incêndio está na fase de resolução”, realçou, referindo ainda que durante a noite estiveram a trabalho 606 operacionais.Esta manhã, são 512 operacionais que estão espalhados pelo perímetro extenso deste incêndio. Logo que possível, de acordo com o responsável, serão ativados meios aéreos.“Um helicóptero pesado ou uma parelha de alfas para fazer uma vigilância armada, ou seja, não vão fazer descargas diretas, vão andar em voo carregados e se houver alguma necessidade na hora atuam”, explicou.E se for preciso será também aumentado o número de operacionais.“Está tudo planeado e agilizado com o comando nacional (…). Ainda há preocupação, o incêndio estar em resolução não é igual a estar em conclusão ou já consolidado, há muito trabalho a fazer, temos muitas zonas quentes que parecem de acompanhamento e de alguma preocupação”, repetiu.Na terça-feira, verificam-se várias reativações durante a tarde e a que mais preocupou foi a de Galegos da Serra, aldeia onde foi feito o confinamento da população devido também ao fumo intenso.Ali foram concentrados muito meios e, segundo José Guilherme, nunca a população esteve em perigo.“Em toda a noite houve mais um vez um trabalho de excelência, abnegado e de entrega de profissionalismo de todas estas mulheres e homens que mais uma noite fizeram um esforço para que agora, a esta hora, conseguíssemos ter este incêndio nesta situação”, fez questão de destacar o Comandante das Operações de Socorro (COS)..O Programa de Reabilitação para Incendiários, anunciado em 2018, foi entretanto reformulado, mas ainda não foi implementado nas prisões, onde estão atualmente 86 pessoas presas pelo crime de incêndio florestal.Em resposta enviada à Lusa, a Direção-Geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais (DGRSP) explicou que o programa “foi objeto de avaliação e de reformulação” e adiantou também que foi dada formação a 38 técnicos.“Todavia e em termos práticos, o programa ainda não foi implementado junto da população reclusa”, acrescentou a DGRSP, sem adiantar uma data para a implementação do Programa de Reabilitação para Incendiários.Neste momento, de acordo com os números adiantados pela DGRSP, as cadeias portuguesas têm 86 pessoas presas pelo crime de incêndio florestal. Deste total, 40 foram condenados a pena de prisão efetiva, 25 foram considerados inimputáveis e encontram-se a cumprir medida de internamento, 16 estão em prisão preventiva a aguardar julgamento e cinco esperam que a condenação transite em julgado.O registo de condenados e de inimputáveis - 65 reclusos - é o número mais elevado desde 2013, ano em que há registo e em que existiam nas prisões 21 presos pelo crime de incêndio florestal. Em comparação com os dados do ano passado, atualizados a 31 de dezembro de 2024, há agora mais 15 presos.Além dos detidos nas prisões, há ainda a registar, neste momento, 13 pessoas com vigilância eletrónica - 11 no âmbito da suspensão da execução da pena de prisão e 2 em liberdade condicional.O Programa de Reabilitação para Incendiários começou a ser desenhado em 2016, tendo a DGRSP avançado com uma proposta de adaptação para o contexto português do programa “Firesetting Intervention, Programme For Prisoners”, da Universidade de Kent, no Reino Unido, que tinha como objetivo prevenir a reincidência.De acordo com a informação avançada esta quarta-feira pela DGRSP, os conteúdos deste programa foram revistos em 2019 e durante os anos de 2021 e 2022 foram feitas “ações de formação dirigidas a aplicadores do referido programa, tendo sido capacitados 38 técnicos superiores e de reinserção social”.A DGRSP informou que foram feitos testes ao programa, que revelaram “a sua desadequação às características sociocriminais e psicológicas/psiquiátricas dos sujeitos condenados a pena privativa de liberdade pelo crime de incêndio florestal”. Por isso, acrescentou a mesma fonte, “está a equacionar-se o reajustamento do programa para aplicação no âmbito das penas e medidas de execução na comunidade”..Bom dia!Acompanhe aqui as principais incidências desta quarta-feira, 6 de agosto, relacionadas com os incêndios em Portugal..Área ardida este ano já é oito vezes superior à do mesmo período de 2024. Registadas hoje 69 ocorrências