“Dizer que PJ está exposta a um risco maior que PSP ou GNR é brincadeira”
Hoje realiza-se a terceira manifestação de polícias e militares da GNR, em Lisboa. Foto: Gerardo Santos/Global Imagens

“Dizer que PJ está exposta a um risco maior que PSP ou GNR é brincadeira”

Hoje, dia do debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, forças de segurança voltam a mobilizar-se para nova ação de protestos em Lisboa. Apontam todas as reivindicações ao novo Governo que sair das eleições.
Publicado a
Atualizado a

O Terreiro do Paço, a principal praça de Lisboa, é o local escolhido para uma nova manifestação de polícias, a terceira desde o início do ano, que tem lugar hoje a partir das 17.30. Apesar de o primeiro-ministro demissionário, António Costa, ter enviado uma carta à plataforma das forças de segurança, que reúne os sindicatos da  PSP e da GNR, afirmando não ter “legitimidade para negociar ou decidir a matéria que tem vindo a ser reivindicada por esta plataforma sindical”, os polícias e os militares da GNR não desarmam. E apontam agora todas as baterias ao novo Governo, que sairá das eleições do próximo dia 10 de março. “A escolha desta data para a concentração tem o simbolismo de ser no mesmo  dia do debate entre os dois principais candidatos a líder do novo Governo (ver páginas 6 e 7)”, observa Bruno Pereira, do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP) e porta-voz da plataforma. “Já tínhamos dito que não iríamos parar até haver novo Governo constituído. Até porque é importante continuar a discutir e a vincular os agentes políticos a esta discussão, numa matéria que nunca tinha sido discutida como tem sido nas últimas semanas”, afirma este responsável.


Bruno Pereira, mas também Paulo Santos, da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), avisam que, durante a concentração de hoje, na Praça do Comércio, haverá um momento especial. “Poderemos fazer, por exemplo, uma parada, uma iniciativa com valor simbólico”, avisa Paulo Santos. “Haverá qualquer coisa parecida, um cordão, uma parada, algo de impacto visual”, adenda Bruno Pereira. Tudo depende da quantidade de polícias e militares da GNR que comparecerem a esta terceira manifestação, no espaço de mês e meio. Paulo Santos não admite que haja menor vontade mas analisa que “desta vez não tivemos capacidade de mobilizar com tanto tempo como nas outras manifestações. Como em tudo na vida, quando se organizam duas manifestações com tanta dimensão e adesão (Lisboa e Porto, a 24 e 31 de janeiro), depois é muito difícil fazer o mesmo uma terceira vez”.


Certo é que as forças de segurança não arredam pé, sobretudo no que respeita às suas reivindicações. Uma delas diz respeito ao subsídio de risco. “A verba não poderá ser diferente daquela atribuída à Polícia Judiciária (PJ)”, começa por dizer Bruno Pereira, do SNOP. “Aliás, o mínimo é ser igual. Se fosse rigoroso, então até deveria exigir um valor maior”. Isto porque, segundo o oficial da PSP, os riscos corridos pelos agentes desta força de segurança são mais elevados do aqueles a que estão sujeitos os inspetores da PJ. “Quem está exposto a zonas perigosas, difíceis, sensíveis, àquilo que é lidar com as ocorrências puramente imprevisíveis, é a PSP e a GNR. Todos sabemos o que é o mundo. Admitir como razoável e defensável que a PJ está exposta a um risco maior do que a PSP ou a GNR é brincadeira”, destaca o oficial.


Ao longo das últimas seis semanas vários episódios têm marcado a luta dos polícias e dos militares da GNR. Um deles foi o das baixas médicas, que acabou mesmo por limitar o número de agentes presentes nos aeroportos e impediu a realização de alguns eventos desportivos. “Não nos podemos esquecer que os polícias não têm auto-baixa, tem de ser um médico a passar. Além disso, não é só a incapacidade física que pode pôr em causa a capacidade mínima para desempenhar o dever. Outra, e mais importante, é a emocional. Isto porquê? Os polícias portam uma arma de fogo. Se o polícia acha que não tem condições emocionais está a pôr em causa o serviço. Uma arma de fogo não é uma coisa para se brincar”, afirma. 


O oficial da PSP reivindica, ainda, o direito à greve, ainda que “de forma mitigada” e tem noção de que tudo o que se tem passado possa contribuir “para uma sensação de insegurança”. Agora, os dados estão lançados e está tudo nas mãos do próximo Governo. “Tanto o PS como o PSD já afirmaram publicamente o que irão fazer. Caso isto não seja resolvido teremos problemas sérios e difíceis”, conclui.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt