O diretor executivo do SNS, Álvaro Almeida, assegurou esta quarta-feira, 10 de setembro, não haver qualquer relação entre o encerramento de urgências obstétricas e o “desfecho fatídico” de duas grávidas que perderam os bebés.Álvaro Almeida respondia a questões levantadas pelo deputado do Chega Rui Cristina na comissão parlamentar de Saúde sobre os casos ocorridos em junho e julho de uma grávida de 38 anos que foi encaminhada do Barreiro para o Hospital de Cascais, onde o feto já chegou sem vida, e de uma mulher de 37 anos que perdeu o bebé depois de ter sido assistida em cinco hospitais.No início da audição, requerida pelo Chega, Rui Cristina considerou que as ruturas nas urgências obstétricas são “deveras preocupantes” e que a morte dos dois bebés “expõem falhas múltiplas e recorrentes”, resultado de “anos de desinvestimento no SNS”, questionando o diretor executivo sobre que “medidas concretas” tomou para entender o que levou a estas falhas.“Quantos mais casos trágicos têm de acontecer para reconhecer que esta rede de referenciação hospitalar é completamente inadequada”, questionou ainda o deputado.Em resposta, o diretor executivo do SNS afirmou que “não há nenhuma relação entre o encerramento de urgências” e a morte dos dois bebés, mas reconheceu que “todos estes acontecimentos são infelizes e lamentáveis”.No requerimento, o Chega relata o caso de uma grávida de 31 semanas, do Barreiro, com antecedentes de descolamento da placenta, que perdeu o bebé após “um calvário de quatro horas à procura de atendimento médico” numa altura em que “todas as urgências obstétricas da Margem Sul estavam encerradas”, tendo os bombeiros sido obrigados a percorrer mais de uma hora até ao Hospital de Cascais. .Grávida do Barreiro esperou horas para entrar no Hospital de Cascais para ser assistida. Feto chegou sem vida. “Este caso soma-se ao de uma outra mulher de 37 anos que perdeu igualmente o seu bebé após ter sido atendida em cinco hospitais diferentes, incluindo as três urgências da margem Sul”, refere o Chega, sublinhando que “estas duas vidas poderiam ter sido salvas se o SNS não estivesse neste estado lastimável”.Álvaro Almeida refutou estas críticas, afirmando que apresentam um “conjunto de incorreções factuais”.No caso da grávida de 31 semanas, o diretor executivo explicou que o Hospital de Setúbal estava a funcionar e que a grávida não foi transferida para lá porque “precisava de apoio perinatal diferenciado”, que não existe em Setúbal e no Barreiro.Explicou que o hospital mais próximo da área de residência da grávida que garantia estes cuidados era o Garcia de Orta, em Almada, que estava fechado.“Não estando Almada disponível, foi para Cascais”, disse, defendendo que o “tempo que demora, sobretudo durante a madrugada, transportar do Barreiro para Almada ou do Barreiro para Cascais” será de cerca de dez ou 15 minutos adicionais.Álvaro Almeida vincou que durante o transporte, a grávida foi “devidamente acompanhada” por uma equipa da Viatura de Emergência Médica e Reanimação do INEM, considerando que não foi por causa do transporte que ocorreu a morte do bebé.“É altamente improvável que fossem os 10 ou 15 minutos de transporte adicional, acompanhado por médico, a causa deste desfecho”, sustentou.Relativamente ao segundo caso, Álvaro Almeida afirmou que a grávida foi atendida “em todos os hospitais a que foi, como deveria ser”.“Mais uma vez aqui também não há nenhuma relação entre o encerramento de urgências e o desfecho fatídico”, defendeu.“No primeiro caso, não sabemos se naqueles 10 minutos fizeram a diferença ou não. É altamente improvável, mas não sabemos. No segundo, temos a certeza que não foi por causa de encerramento de urgências”, rematou..Ministra rejeita demissão por caso da grávida que perdeu bebé após ida a 5 hospitais