Diretor do SIS: “Extrema direita quer fazer vítimas humanas, extrema esquerda quer provocar danos em instalações”
Portugal tem vindo a acompanhar as mesmas tendências europeias no que diz respeito aos extremismos. A avaliação é de Adélio Neiva da Cruz, diretor do Serviço de Informações de Segurança (SIS), que participou de um dos painéis do aniversário de 160 anos do Diário de Notícias. Na visão do diretor, o país possui movimentos de "extrema-direita e extrema-esquerda", mas que ambas possuem diferenças "fundamentais".
Segundo Cruz, no caso da extrema direita, “o objetivo é fazer vítimas, nas minorias, políticos de esquerda, adversários”. Já no caso da extrema esquerda, “o objetivo é provocar danos em instalações, equipamentos e infraestruturas”.
O diretor do SIS pontuou que os movimentos de extrema-direita em Portugal têm como alvos “as minorias étnicas, a comunidade LGBT+ e atores de esquerda”. Já o movimento de esquerda no país está relacionado com a causa palestiniana e as alterações climáticas, com danos em prédios do Governo e bancos, por exemplo.
Ao mesmo tempo, pontua que os casos em Portugal “são residuais no padrão europeu”, mas alerta para o aumento da radicalização dos jovens online em Portugal, algo já pontuado pelo último Relatório da Segurança Interna (RASI).
Uma das consequências está na política. “Há movimentos de extremismos, com forte polarização política em Portugal que proporcionam um campo de pressão sobre o estado de direito”, disse. Neste cenário, acrescentou que o trabalho do SIS “ganha relevância”. O diretor destacou que outra preocupação a nível europeu é a partilha de informações sobre alvos, nomeadamente ameaças terroristas. “Trocamos informação diária sobre alvos de partilhamos”, disse. O diretor complementou que os alvos jihadistas costumam ser “atores solitários”.
Espionagem
“A Europa é um palco privilegiado para todas as questões e com espionagem internacional”, alertou. Na visão de Neiva da Cruz, aspetos da segurança e defesa serão “alvo de espionagem internacional na política de segurança e defesa”, especialmente pela participação de Portugal na NATO.
O chefe das secretas avalia que, em 2025, é esperada a “intensificação de ataques de segurança”, com tentativa de recolha de informação classificada, além de manipulação de propaganda política para interferir em eleições. Sobre a guerra na Ucrânia, Adélio Neiva deixou sua avaliação sobre Vladmir Putin: "Putin continua a ser um espião e a força é sua razão de ser”.
amanda.lima@dn.pt