Dias surprendentes: estudantes querem demissão de ministro e nas polícias há quem seja racista

Na semana em que Cristiano Ronaldo decidiu "abrir o livro" e voltar a colocar-se no centro das atenção, os estudantes continuaram o seu protesto em prol do fim dos combustíveis fósseis mostrando uma consciência ambiental esquecida por muitos.
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Estudantes ocupam escolas em luta pelo ambiente

Uma marcha pelo clima pelas ruas de Lisboa, integrada no conjunto de protestos que incluíram a ocupação da Escola António Arroio e da Faculdade de Letras, acabou com uma invasão à Ordem dos Contabilistas, onde estava o ministro da Economia (que querem ver demitido), e alguns estudantes detidos. Os protestos são contra a utilização de combustíveis fósseis, mas se a consciência ecológica é de elogiar, destacar e apoiar, já o rol de exigências apresentado deixa-os num patamar muito pouco realista (no mínimo). Por exemplo, pedir ao diretor de uma faculdade que demita o ministro António Costa Silva nem se consegue qualificar. E o que dizer de quererem despedir professores baseando-se em "suspeitas de abuso" sem qualquer procedimento legal? Será que tantas ações de protesto lhes retiraram o discernimento?

Raimundo manda sentar quem espera fim do PCP

O novo secretário-geral do PCP tem um sonho: "[O partido] está condenado a crescer e a alargar a sua influência." Paulo Raimundo deixou esta ideia -- entre outras mais ou menos confiáveis, como a de que o seu partido tem a "autoridade de quem se opôs" à guerra na Ucrânia -- no primeiro discurso no lugar que foi de Jerónimo de Sousa durante quase 18 anos (cumpria esse período dia 27). Desconhecido para a generalidade das pessoas -- mesmo no partido --, Raimundo tem a tarefa de convencer os portugueses a voltar a votar no PCP. Mas, como o próprio já reconheceu, é preciso mudanças e mais ligação às pessoas. Um projeto sábio este...

O "livre direto" de Ronaldo que fez esquecer a seleção

O dia amanheceu com um forte "livre direto" de Cristiano Ronaldo direcionado ao Manchester United e à sua, mais uma e desta vez provavelmente bem-sucedida, tentativa de sair do clube inglês. Numa entrevista que pediu para dar ao jornalista Piers Morgan, o futebolista criticou praticamente todos os departamentos do clube -- considerando-o ultrapassado -- e os últimos treinadores e dirigentes, de quem não terá recebido o apoio que merecia quando um dos filhos morreu ao nascer. Ronaldo pode ter razão em algumas das suas críticas, ou até em todas, mas dar a entrevista para ser publicada no dia em que a seleção começa a preparação para o Mundial do Qatar, quando já não está em Inglaterra e fazendo com que todos os holofotes se virassem para ele, talvez não seja a melhor forma de pedir união em torno da seleção. O futuro não se sabe, mas Ronaldo jogou muito forte, por isso ou o Mundial lhe corre muito bem ou poderá ter um final de época/carreira atribulado.

Lisboa: casas até 250 mil euros isentas de IMT. Onde?

A Câmara de Lisboa apresentou o seu orçamento para 2023 -- no valor de 1,3 mil milhões de euros -- com várias propostas e projetos da equipa liderada por Carlos Moedas. Entre os vários itens, um merece destaque, principalmente pela inovação/dificuldade que encerra, embora o objetivo seja meritório. O executivo quer isentar as pessoas com menos de 35 anos de pagamento do IMT na compra de habitação própria e permanente em Lisboa. Escrito assim, a ideia parece ótima e de elogiar, o problema é quando se continua a ler a proposta e se percebe que essa isenção só é válida para casas até 250 mil euros. Acreditando nas notícias sobre o valor dos apartamentos na capital, talvez não seja má ideia juntar-se um mapa com os locais e tipologias onde se podem comprar essas casas...

Míssil cai na Polónia e gera ainda mais tensão na guerra

Um míssil que caiu na Polónia, perto da fronteira com a Ucrânia, provocando a morte a duas pessoas, na noite de terça-feira, deixou o mundo em suspenso sobre a possibilidade de ter sido um ataque russo à Polónia. Por isso esta quarta-feira foi um dia de reuniões na NATO, de análise ao que tinha sucedido e se, de facto, foi um ataque russo a um membro da Aliança Atlântica, o que levaria os restantes países da organização a unirem-se na defesa da Polónia. Muita informação e contrainformação depois, as explicações apontaram para a hipótese de ter sido uma ação da defesa antiaérea ucraniana a fazer com que o míssil caísse naquela zona ou até um eventual míssil disparado pelo exército de Volodymyr Zelensky. O certo é que, perante a ausência de uma resposta evidente, baixou a tensão, com os EUA e a NATO a afirmarem não ter informações sobre o envolvimento direto russo no caso.

Um país surpreendido por haver polícias racistas

O país acordou surpreendido por uma notícia que não é surpreendente: há nas forças de segurança pessoas que assumem posições racistas e xenófobas. De acordo com jornalistas da Visão, Público e SIC, centenas de polícias -- apesar de tudo uma minoria em relação ao total dos quadros --- publicaram nos últimos anos comentários nas redes sociais que podem ser considerados como incitamento ao ódio e que até são punidos pelos regulamentos internos da PSP e GNR. A condenação foi geral, exceto do Chega, que tem nas forças policiais alguns dos seus maiores apoiantes. Mas, perante a surpresa evidenciada, fica a questão: será que ninguém esteve atento ao Movimento Zero e às suas atitudes?

Qatar não respeita direitos humanos, mas agora vamos ao futebol

A realização do Mundial de Futebol no Qatar -- conhecida há vários anos -- tem sido muito criticada nas últimas semanas, com chamadas de atenção para o facto de o país não ser um exemplo no respeito pelos direitos humanos. Críticas sobre situações denunciadas há anos pela Amnistia Internacional, mas das quais só agora o mundo parece ter tido conhecimento. E pelo meio Portugal tem o Presidente da República. No final do único jogo de preparação -- a seleção venceu a Nigéria por 4-0 --, Marcelo saiu-se com a seguinte frase: "O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa." Claro que foi imediatamente criticado e teve de dar uma nova explicação. Mas o mal já estava feito.

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