Descoberto o primeiro milípede que tem, de facto, mais de 1000 pernas
Um grupo de cientistas descobriu o primeiro verdadeiro milípede do mundo, na passada quinta-feira (15 de dezembro). A criatura é descrita como sendo extremamente longa, fina e segmentada com o número extraordinário de 1.306 pernas - mais do que qualquer outro animal já conhecido.
Estas criaturas, em forma de minhoca e com centenas de pernas, são normalmente conhecidas como milípedes, um nome que se pode traduzir de uma forma simplista para "mil pés" - mas, o que é facto é que, até agora, nenhum milípede tinha sido registado com mais de 750 pés.
A espécie recorde foi descoberta 60 metros debaixo do solo numa abertura de uma área de mineração na Austrália Ocidental e foi apelidada de Eumillipes Persephone.
"O nome da espécie surge inspirado na deusa mitológica grega do submundo, Perséfone, que originalmente vivia à superfície, mas foi levada para o submundo por Hades", disse à AFP o autor do estudo, Paul Marek, da Virginia Tech University.
A criatura - que parece um pequeno fio de corda - tem menos de um milímetro de largura, mas quase 10 centímetros de comprimento e tem "uma cabeça em forma de cone com enormes antenas e um bico para alimentação", pode ler-se nesse estudo.
Também não tem olhos e é incolor, traços característicos de animais que passam toda a sua vida no subsolo.
"O milípede constrói as suas tocas esticando o seu corpo ao máximo, tornando-o mais fino para caber entre pequenas fendas", disse Marek. "As milhares de pernas impulsionam o corpo e forçam-no a abrir pequenas fissuras e fendas."
O especialista em insetos Andre Nel, que não esteve envolvido na investigação, descreveu a nova criatura como sendo notável. "Em insetos que vivem em cavidades, o normal é que esses mesmos insetos tenham as pernas alongadas e não os seus corpos", comentou à AFP.
Nel acrescentou que a descoberta foi uma esperança para a biodiversidade, especialmente pelo local da descoberta, isto porque, sendo uma área de mineração, esta terá sido muito danificada.
O especialista disse ainda que esta espécie de milípede "re-colonizou cavidades artificiais, o que é bastante encorajador". As chamadas micro-cavidades são um habitat em grande parte ainda desconhecido pelos cientistas e, por isso, novas espécies são frequentemente descobertas.
Os milípedes foram alguns dos primeiros organismos a habitar na terra, segundo se pode ler no estudo, e algumas espécies extintas atingiram uns expressivos dois metros de comprimento.
A espécie desempenha um papel vital nos ecossistemas em que habita, ao comer detritos e reciclar nutrientes. Apesar dos milípedes nascerem apenas com quatro pernas, esse número pode ir aumentando consoante o seu desenvolvimento. A Eumillipes Persephone regista agora o número recorde de 1306.