Depois das obras na MAC, Rosa Matos espera que novo hospital de Todos-os-Santos "esteja a funcionar em 2027”
Rosa Valente Matos está à frente da que é agora a Unidade Local de Saúde São José há mais de cinco anos. Na altura, eram sete edifícios espalhados pela cidade que, assume, “não estavam em muito boas condições, por haver sempre em perspetiva a construção do novo hospital”, referindo-se ao Hospital de Todos-os-Santos, pensado há mais de 30 anos e que deverá servir toda a população da área oriental e a zona sul do país.
Quando a sua equipa chegou “não havia grande investimentos em termos de infraestruturas e até em termos de equipamentos, mas decidimos que tínhamos de fazer algumas obras. Como costumo dizer, nalguns casos tapámos os buracos no chão e pintámos as paredes, mas ao menos demos algumas condições aos serviços.”
Mas, neste tempo, houve três grandes obras, "uma na urgência geral do Hospital São José, na Unidade de Cuidados Intensivos, devido à covid-19 e agora na MAC". O objetivo dos investimentos, tendo sempre em conta de que estava para vir um novo hospital, era "melhorar a qualidade dos cuidados aos utentes e das condições de trabalho a quem os prestava". Rosa Matos reconhece que "ainda há coisas para fazer, mas, pelo menos, fizemos melhoramentos”.
As obras na MAC, que duraram seis meses, estiveram “sempre em cima da mesa das nossas prioridades e quando foi lançado um programa a nível nacional para melhoramento nas maternidades do país, fomos contemplados com mais de dois milhões de euros e avançámos para as obras, mas sempre a funcionar, o que foi uma mais valia para os utentes e para as urgências da cidade de Lisboa”.
Na visita que fez com o DN às instalações da MAC, Rosa Matos diz que o resultado final está à vista. “Teremos sempre utentes que não estarão satisfeitas, mas penso que a maioria se sente bem acolhida e bem tratada na MAC”. Como ela própria diz, "foram seis meses difíceis". E o que foi feito "só foi possível pelo empenhamento dos profissionais e porque houve uma grande coordenação deste trabalho com os profissionais, que desde cedo estiveram a participar no projeto de recuperação. Isso permitiu que tudo corresse com seriedade e serenidade".
Por outro lado, reconhece também que lhes valeu a participação dos utentes. "Perceberam que não tinhamos as melhores condições para serem recebidos, mas aceitaram, porque também sabiam que o seu acompanhamento estava a ser feito em segurança, porque este é o nosso principal objetivo, dar resposta ao problema de saúde de quem nos procura e garantir a segurança nos cuidados". Isto apesar de reconhecer o cenário traçado por quem lá trabalha: "Os recursos humanos estão no limite”, sobretudo nesta fase de férias, mas garante que, tal como em anos anteriores, “estamos a reforçar as equipas dentro do que é a nossa possibilidade e da oferta do que temos no mercado”.
No final das obras, diz não ter dúvidas de que a ULS São José passou "a ter a maternidade com maior inovação do país. O material que aqui está será aproveitado para o novo hospital", mas no final do dia, e como gosta de dizer, o importante é que "os utentes saiam daqui satisfeitos e que quem cá trabalha se sinta feliz também".
A partir de agora, os olhos da administração da ULS estão colocados no futuro e na construção do Hospital de Todos-os-Santos. Rosa Matos diz esperar notícias para “muito em breve", acreditando mesmo que possa estar a funcionar "entre 2026 e 2027". "É verdade que o projeto inclui vários edifícios acoplados uns aos outros, se calhar não se consegue ter todos a funcionar ao mesmo tempo, mas estou convencida que daqui a três anos ou quatro a obra está feita.”
À pergunta se é uma garantia que teve, diz: “Não. Esta é a minha perceção por ter acompanhado desde o início este processo.” E conta: “Era presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo quando o então ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, me deu ordem direta para avançar com o processo do novo hospital. E assim o fizemos. Depois, quando fui secretária de Estado durante dez meses, também acompanhei o processo para lançar o concurso e quando vim para o centro hospitalar Lisboa Central fiz parte do júri do concurso. É um processo que conheço bem. O contrato já foi assinado, embora tenhamos tido agora um problema com o projeto sísmico, que teve de ser alterado, mas a empresa, que tem prazos para cumprir, também está interessada em começar rapidamente a obra.”
O novo hospital vai albergar os nove hospitais que hoje compõem a ULS - São José, Santa Marta, Capuchos, São Lázaro, onde está a funcionar a clínica pré-operatória, o Curry Cabral, D. Estefânia, na pediatria, a MAC e ainda o Júlio de Matos e o Instituto Gama Pinto, na área da oftalmologia.
Gerir uma unidade que não é um mono bloco, “não é fácil, mas é um grande desafio", diz Rosa Matos, sublinhando mesmo que “tem sido um grande orgulho estar a liderar esta grande instituição, que é histórica. Vem dos hospitais civis de Lisboa, temos sido dos primeiros em muitas áreas, nomeadamente na inovação, e temos condições para continuar a ser”.
Por isto mesmo aquilo que mais deseja, como líder de uma equipa em que “todos são importantes”, é que “os utentes que nos procuram sintam que têm respostas ao seu problema de saúde e os que cá trabalham gostem de cá estar, a fazer o seu melhor dentro das melhores condições possíveis”.