De mochila às costas a caminho de Glasgow e da COP26

A aventura de ligar Cascais a Glasgow já começou. O desafio <em>Climes to Go,</em> que envolve três equipas num total de 12 jovens, está a caminhar em direção à COP26. Um dos membros da equipa Energia conta-nos as primeiras aventuras.
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Mochila às costas carregada de bens necessários e pesada de ansiedade, entro no Metro das Olaias e parto rumo à aventura. Confesso que tinha perdido o hábito de andar de transportes públicos pelo elevado valor do passe na altura e a escassa autonomia que me oferecia, mas talvez a beleza da estação e a jornada que se inicia poderão dar outro sentido a futuras viagens. No Cais do Sodré encontro o Tiago, jovem da minha idade, também selecionado para embarcar rumo a Glasgow, numa viagem que é mais que o destino. É o Climes to Go, um desafio inovador que vai testar 3 equipas e as suas escolhas. Da minha fazem ainda parte a Mariana e a Sara, ambas do mundo das artes.

A partida dá-se em Cascais, estão lá todos num cerimonial a lembrar a partida de uma equipa para o campeonato do mundo. Afinal de contas, comigo vão 11 jovens, pessoas diferentes, de diversas áreas e identidade própria que só por duas vezes se encontraram. Viemos por várias razões, porém o objetivo final é o mesmo: chegar à Escócia da forma mais sustentável possível e na COP 26 relatarmos a nossa experiência. Do projeto fazem parte vários desafios. É então que surge a oportunidade de avançarmos num deles, o da economia circular.

Após recebermos um cantil de água do embaixador do Reino Unido em Portugal, a nossa equipa decide trocar com o Ministro do Ambiente e com o Presidente da CM Cascais por um frasco de mel, que nas palavras do primeiro representa a biodiversidade e oportunamente adoçará intensas e tensas negociações entre países. Protocolo cumprido e tiro de partida dado, fazemos duas paragens antes de seguir para Madrid.

A primeira na NOVA SBE, mais propriamente numa cave da universidade onde encontramos o Mike, um australiano empreendedor à procura de produzir nutrientes de forma eficiente, com rentabilização de espaço e promovendo a própria eficiência energética do edifício, numa start-up chamada Bios. Já no Largo da Luz vamos de encontro ao André, Vice-presidente da Youth Climate Leaders Portugal, que não se cansa de frisar a importância da literacia numa era em que a informação não é sinónimo de conhecimento. Dar formações a jovens, muitos deles já licenciados, e fazer deles elementos-chave na mudança de mentalidades é uma aposta no papel indispensável da sociedade civil e dos cidadãos diligentes enquanto motor de Nações e do próprio planeta.

Chegou o momento de dar o salto, embarcando num autocarro noturno em direção à capital espanhola, para pouparmos uma estadia. O motorista fardado como um piloto de low cost, faz-nos sentir à vontade na sua viatura com a sua simpatia. Num conforto desconfortável cerramos os olhos, fechando o primeiro dia. A luz rapidamente nos desperta num lamento da viagem não ser mais longa, apressadamente deixamos aquele assento que nos parte o pescoço, pois é tempo de Agir. Lava-se a cara, troca-se a roupa e promove-se a higiene oral com uma escova de Bambu, tudo conta.

Andamos pouco mais de uma hora até chegarmos ao Museu das Ciências Naturais, onde combinámos ser recebidos antes de abrir. Pelo cedo da manhã fizemos adeus às crianças que pernoitaram no Museu. Acantonar é uma das experiências interessantes que oferecem, aprender pode ser divertido. É isso que nos explicam o Luís e a Gemma, o Museu tem um papel indispensável na consciencialização dos mais novos e das famílias. Podemos observar animais já extintos e perceber os muitos que seguem as suas pisadas, em parte pelas nossas pegadas.

Francisco Araújo (Equipa Energia em representação das equipas participantes no Climes to Go)

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