De canários a periquitos, papagaios e araras. Europarque recebe as mais belas aves de gaiola do mundo
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De canários a periquitos, papagaios e araras. Europarque recebe as mais belas aves de gaiola do mundo

Público pode contemplar, de sexta a domingo, mais de 20 mil espécimes. Aves são avaliadas em várias categorias com base em critérios como plumagem, cor, postura, canto ou comportamento.
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Plumagens de todas as cores, chilreares melodiosos e papagaios faladores enchem por estes dias o Europarque, em Santa Maria da Feira, transformado no epicentro da ornitologia para receber o campeonato do mundo de aves de gaiola. No total, são mais de 21 mil pássaros, trazidos por 290 criadores oriundos de 22 países para competirem pelas medalhas que coroam as mais belas aves domésticas do planeta.

Entre esta sexta-feira (24) e domingo (26), tem a oportunidade da admirar os mais reputados espécimes de “canários, periquitos, diamantes-de-gould, diamantes estrela, bengalins do Japão, pintassilgos, pardais de Java”, bem como toda a família de pistaciformes, como papagaios, catatuas e araras, que são aquelas aves que mais se interrelacionam com os humanos, as chamadas aves de bico curvo, que são as mais inteligentes”, apresenta ao DN um dos principais impulsionares do evento, Carlos Ramoa, presidente da Federação Ornitológica Nacional Portuguesa (FONP) e da Confederação Ornitológica Mundial.

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Com 53 anos e “criador desde os 7”, Ramoa diz ter herdado do avô, “columbófilo”, o gosto pelas aves. Hoje, tem “mais de 200 exemplares em casa” e defende com paixão esta “rica tradição cultural”. “Estas aves são domésticas, e a gaiola é o ambiente onde se sentem seguras. Libertá-las ao ar livre seria o equivalente a abandonar um animal doméstico”.

Organizado pela Confederação Ornitológica Mundial, da qual Portugal é membro fundador desde 1957, este campeonato anual é o maior evento ornitológico do mundo. Os criadores de aves domésticas competem em várias categorias e os pássaros são avaliados por juízes especializados com base em critérios rigorosos, como plumagem, cor, postura, canto ou comportamento. "É como um concurso de beleza", equipara o dirigente.

Arquivo Global Imagens

Portugal tem uma longa tradição ornitológica e está entre os países com maior número de medalhas nos campeonatos mundiais, “ocupando regularmente a terceira ou quarta posição, atrás de potências como Espanha e Itália”, conta Carlos Ramoa. Com “cerca de cinco mil criadores federados” e “uma estimativa de 50 mil adeptos da modalidade”, o país destaca-se “não apenas pela qualidade das aves, mas também pela organização de competições internacionais”, assegura o dirigente.

Estas aves são domésticas, e a gaiola é o ambiente onde se sentem seguras. Libertá-las ao ar livre seria o equivalente a abandonar um animal doméstico

Carlos Ramoa

Este é, de resto, o oitavo Campeonato Mundial de Ornitologia realizado em Portugal. A primeira edição aconteceu em 1957, em Lisboa, e o evento também já foi acolhido por Santa Maria da Feira em 2001, regressando agora ao Europarque. "É uma honra voltar a trazer este campeonato para o nosso país e a uma cidade com tanta tradição na arte de bem receber", afirma Carlos Ramoa, estimando o impacto económico do evento para a região em “dois a três milhões de euros”.

Para além das capacidades logísticas, a existência de uma significativa comunidade ornitológica na região, onde está situado o único Parque Ornitológico do país, o Zoo de Lourosa, foi outro dos motivos a pesar na escolha do local.

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Pássaros portugueses premiados

Ao contrário do que acontece na columbofilia com os pombos mais premiados, por exemplo, que podem ser vendidos por valores astronómicos, uma ave de gaiola medalhada num campeonato do mundo “não tem grande valor económico de mercado”, diz o presidente da FONP. “Em casos raros, alguns medalhados podem chegar a valer uns 5 a 10 mil euros. Mas a maior parte das aves domésticas de pequeno porte não tem grande valor económico, porque o seu circuito de vida é muito curto. Estamos a falar de aves com três ou quatro anos de vida, a correr bem.”

A parte competitiva do evento já ocorreu, apenas perante os juízes, nos últimos dois dias. A partir desta sexta-feira é aberta a exposição ao público, já com os medalhados devidamente identificados, oferecendo a todos a oportunidade ver as melhores aves de gaiola do mundo. E, mais uma vez, “houve várias aves portugueses entre as premiadas”.

A exposição decorre até domingo no Europarque de Santa Maria da Feira, com a entrada a 15 euros para adultos e gratuita para crianças e jovens até aos 15 anos.

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