Costa destaca "papel extraordinário" de empresário com "grande visão"

Chefe do Governo fala num "momento de grande tristeza para todos aqueles que conheceram o Comendador Rui Nabeiro, mas também para Campo Maior onde teve um papel extraordinário".

O primeiro-ministro, António Costa, destacou esta terça-feira o "papel extraordinário" que o empresário Rui Nabeiro desempenhou e deixou ao país, enaltecendo a sua "grande visão" empresarial que teve a partir de Campo Maior (Portalegre).

"É um momento de grande tristeza para todos aqueles que conheceram o Comendador Rui Nabeiro, mas também para Campo Maior onde teve um papel extraordinário", disse o primeiro-ministro que falava aos jornalistas à entrada para a Igreja Matriz de Campo Maior, onde decorre a missa de corpo presente do empresário.

"É um homem que teve uma grande visão, de uma terra que é do interior do interior conseguiu construir uma multinacional, foi sempre um homem muito comprometido com o desenvolvimento da sua terra, com uma enorme preocupação na relação que tinha com todos aqueles que trabalhavam no Grupo Delta", acrescentou António Costa.

António Costa recordou que teve o "privilégio" de fazer em tempos uma visita guiada à torrefação e à fábrica de café na companhia do empresário e "verificar" que Rui Nabeiro conhecia pessoalmente o nome de cada um dos funcionários.

Nas declarações aos jornalistas, António Costa recordou também o papel de Rui Nabeiro enquanto militante do PS, sublinhando que o empresário foi "um grande socialista".

"Foi um grande socialista, um grande militante do PS, sempre empenhado, foi duas vezes presidente de câmara aqui de Campo Maior, eleito pelo Partido Socialista e não houve campanha eleitoral em que não estivesse presente", recordou.

"E tinha também, para além dessa relação de admiração como empresário e a estima que tinha como amigo, também essa relação de camaradagem", acrescentou.

Para António Costa, Rui Nabeiro deixa uma marca na história do PS, do empresariado e de Portugal.

"É preciso ter em conta que é muito difícil fazer uma grande empresa num país como Portugal, com uma dimensão internacional e ainda mais difícil fazendo-o aqui na raia", sublinhou.

O primeiro-ministro, que recordou ainda que a vida de Rui Nabeiro no mundo empresarial atravessa vários ramos, desde a venda de café à produção e venda de vinhos e azeites, entre outros produtos.

"A mim acontece-me sempre, cada vez que estou numa cidade europeia, sempre procuro encontrar um café Delta. Naqueles oito meses que vivi em Bruxelas (Bélgica), uma das coisas que me reconfortava muito era que, perto da minha casa, havia um cafezinho que tinha café Delta e o café Delta faz a diferença relativamente a todos os outros cafés", disse.

António Costa acrescentou ainda que o Comendador Rui Nabeiro é um "homem irrepetível" no mundo empresarial, mas alertou que o país tem também outros empresários que "fazem um trabalho notável" pela economia portuguesa.

"O país não cresceu o ano passado como cresceu, não atingiu pela primeira vez mais de 50% das suas exportações no Produto Interno Bruto (PIB) se não tivéssemos grandes empresas e grandes empresários", disse.

Santos Silva destaca que esforço do empresário era pelo bem comum

O presidente da Assembleia da República destacou que Rui Nabeiro entendia a sua atividade empresarial como um esforço pelo bem comum e disse, em Campo Maior, que o empresário era um modelo para todos.

"Rui Nabeiro entendia o seu esforço como empresário, como empregador, como um esforço pelo bem-estar comum e isso é uma lição que é muito importante de notar hoje, em particular com esta turbulência nos mercados financeiros, que a Economia não é um fim em si, é uma atividade que contribui para um bem maior que é o bem-estar de todos nós", frisou Augusto Santos Silva à entrada para as cerimónias fúnebres do fundador do Grupo Delta.

Disse estar "certo de representar o sentimento unânime de todo o Parlamento português", que, na hora da sua morte "chora" o empresário de quem "devemos colher a lição".

"Foi um grande empregador, amigo dos seus trabalhadores, foi autarca, presidente desta Câmara Municipal [de Campo Maior] e um cidadão exemplar. E é essa figura, como um todo, que nós devemos respeitar e, com humildade, tentar imitar", concluiu o segundo maior representante do Estado português.

Presidente do PS lembra "referência" e "exemplo de empreendedorismo"

Também o presidente do PS, Carlos César, realçou que Rui Nabeiro, além de "uma referência" para os socialistas, foi "um exemplo de empreendedorismo, de sabedoria, de humildade".

"Rui Nabeiro é, muito para além da sua condição de um simples militante socialista, uma referência para o PS. Eu lembro sempre a com uma memória muito forte a forma como ele era recebido nos nossos congressos", evocou Carlos César à chegada à Igreja Matriz de Campo Maior (Portalegre), para estar presente na missa do empresário e fundador do Grupo Nabeiro -- Delta Cafés.

Do ponto de vista pessoal, o presidente socialista apontou "o grande empenhamento cívico" do empresário e o apoio que este lhe deu, "em várias circunstâncias".

Mas Carlos César recusou também "resumir" Rui Nabeiro à "sua opção partidária", porque, para além disso, foi "um exemplo de empreendedorismo, de sabedoria, de humildade".

"E conjugou tudo isso fazendo uma obra que é uma obra especialmente relevante, não só para a sua comunidade mais próxima, mas também para a representação externa e para a pujança empresarial no país", realçou.

O país tem "muitos empresários, muita capacidade, muita iniciativa" e o comendador Rui Nabeiro foi "um símbolo maior dessa capacidade, desse empenhamento e da forma de fazer sucesso".

A eucaristia na Igreja Matriz de Campo Maior, presidida pelo arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, começou às 12:00.

Durante a missa, que deverá durar cerca de duas horas, a fadista Carminho vai interpretar uma música de que Rui Nabeiro gostava, intitulada "Estrela", e o Coro Gulbenkian também vai interpretar "Eu quero é viver", de António Variações.

A missa de corpo presente está também a ser transmitida para o exterior da igreja através de um ecrã gigante para que os muitos populares concentrados na praça possam assistir à mesma.

O cortejo fúnebre seguirá, depois, em direção ao Cemitério Municipal da vila.

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu em Campo Maior, vila do interior do país, no distrito de Portalegre, junto à raia com Espanha, em 28 de março de 1931. O fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, morreu no domingo, aos 91 anos, vítima de doença, no Hospital da Luz, em Lisboa.

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