As "tempestades" intergalácticas que alimentam buracos negros

Equipa de 25 investigadores observou pela primeira vez este fenómeno
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Uma equipa de cientistas internacionais observou, pela primeira vez, como a partir de um grupo de nuvens frias e densas cheias de gás intergaláctico "chove" sobre um buraco negro supermassivo situado no centro de uma galáxia.

Os resultados do estudo, publicado na revista "Nature", modificam a visão que os astrónomos tinham sobre o processo conhecido como "acreção", ou seja, a alimentação dos buracos negros supermassivos, afirmou hoje o Observatório Europeu Austral (ESO), em comunicado.

A equipa de cientistas, liderada pelo astrónomo da Universidade de Yale em New Haven (Estados Unidos) Grant Tremblay, observou graças ao telescópio ALMA, situado no Chile, que quando as condições meteorológicas intergalácticas são favoráveis, os buracos negros podem também alimentar-se "de nuvens gigantes de gás molecular muito frio em forma de aguaceiros granulosos".

"É emocionante pensar que podemos estar a observar este aguaceiro que abrange toda a galáxia e que alimenta um buraco negro cuja massa é cerca de 300 milhões de vezes maior que a do sol", afirmou Tremblay.

A equipa, composta por 25 investigadores de todo o mundo, utilizou o telescópio ALMA para estudar um conjunto de 50 galáxias excecionalmente brilhantes, conhecido como Abell 2597, que se encontra a mil milhões de anos-luz da Terra.

Segundo explicou o ESO, trata-se de um evento meteorológico cósmico sem precedentes, pois até ao momento os astrónomos acreditavam que nas galáxias maiores os buracos negros supermassivos se alimentavam de gás quente ionizado e de uma forma lenta e constante.

O que estes cientistas descobriram é, como afirmou Tremblay, que este gás, que está muito quente, pode esfriar rapidamente, condensar-se e precipitar-se de uma forma muito similar ao que ocorre na atmosfera da terra quando o ar quente e húmido gera nuvens de chuva.

Os astrónomos planeiam agora utilizar o telescópio ALMA para procurar estas "tempestades" noutras galáxias com o objetivo de determinar se esta "meteorologia cósmica" é tão comum como sugere a teoria atual.

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