Capelão que criticou Gouveia e Melo sai da Marinha e vai para o Exército

Trata-se de uma rotação normal decidida pelo bispo, sem ligação à polémica Licínio Luís esteve envolvido, disse fonte oficial da Marinha ao DN .
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Afinal, Licínio Luís, o capelão da Marinha que criticou Gouveia e Melo nas redes sociais pela atuação no caso da morte do agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) Fábio Guerra, às mãos de fuzileiros, vai mesmo sair da Marinha... e rumar ao Exército.

O responsável será substituído pelo atual capelão dos Pupilos do Exército, o padre Diamantino Teixeira.

Fonte oficial da Marinha explicou ao DN que estas rotações são normais e decididas pelo bispo das Forças Armadas em concordância com os chefes.

Em março, após as críticas do Licínio Luís ao Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), o capelão foi exonerado mas reintegrado logo em seguida, após receber o perdão de Gouveia e Melo.

No entanto, o capelão não voltou aos fuzileiros, tendo sido colocado a prestar serviço na base do Alfeite.

Numa publicação no Facebook entretanto apagada, Licínio Luís pediu ao almirante para aguardar pela Justiça e não "julgar sem saber". "Os jovens estavam a divertir-se e foram provocados. Um deles é campeão nacional de boxe, no seu escalão, foi atingido a falsa fé e reagiu", escreveu.

"Quem não o fazia. É selvagem por isso? O senhor Almirante nunca foi para a noite? Nunca bebeu uns copos? Juízo com os nossos julgamentos. Aguardemos pelas investigações. Os nossos jovens têm direito a serem respeitados. Os jovens da PSP estavam no mesmo âmbito e alcoolicamente tão bem dispostos como os nossos. Juízo com os nossos julgamentos", acrescentou Licínio Luís.

O capelão ter-se-á reunido com Gouveia e Melo e pedido desculpas. Também no Facebook se veio redimir das palavras. "Enquanto militar, errei ao dirigir-me de forma incorreta, inapropriada, interpretativa e pública ao Almirante CEMA, que respeito pelo seu exemplo de coragem, de serviço prestado e dedicação à Marinha".

"Reli o discurso dele (...) e constato que defendeu a decência humana que a todos nos deve animar. (...) Como vosso capelão, quer pedir-vos desculpa por não ter defendido bem a posição cristã, que nenhuma agressão deve servir de resposta a qualquer ato terceiro, muito menos violência que possa ter contribuído para o falecimento de um agente da PSP, que lamento imenso", escreveu ainda.

Na semana anterior o almirante Gouveia e Melo tinha feito um discurso duro ao corpo de fuzileiros da Marinha, no dia do funeral do agente da PSP Fábio Guerra, vincando que não quer "arruaceiros" na Marinha, nem militares "sem valores".

"Os acontecimentos do último sábado já mancharam as nossas fardas, independentemente do que vier a ser apurado. O ataque selvático, desproporcional e despropositado não pode ter desculpas e justificações nos nossos valores, pois fere o nosso juramento de defender a nossa Pátria. O agente Fábio Guerra era a nossa pátria, a PSP e as Forças de Segurança são a nossa Pátria e nela todos os nossos cidadãos", sublinhou na altura.

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