Caso opte por comprar uns Pixel Buds Pro 2 - algo que, dizemos já, recomendamos vivamente - há duas coisas que precisa: atualizar o firmware e ter alguma paciência..A primeira prende-se com o facto de os fones virem de fábrica com uma versão nitidamente incompleta do sistema ativo de cancelamento de ruído ambiente (ANC, na sigla inglesa), que, apesar de eliminar quase tudo o que se passa em nosso redor, interfere ligeiramente na qualidade da música. Algo que, após a atualização, deixámos de sentir..O segundo fator, a paciência, prende-se com o facto de estes fones (tal como acontece com todo este tipo de aparelhos de qualidade, diga-se) precisarem de algumas horas de “rodagem” para chegarem à sua total qualidade sonora. A princípio estão muito “presos”, os graves têm pouca definição. Mas isso muda, é só dar-lhes tempo..Tal como na geração anterior, os Buds Pro trazem um “tutorial” importante de seguir relativamente ao tamanho das “almofadinhas” a utilizar e o ajuste no ouvido - como habitualmente, são fornecidas quatro medidas. Há ainda, nas definições dos Buds, um rápido teste à insonorização mecânica assim obtida que recomendamos, pois é a melhor forma de garantir que escolheu o modelo certo..O sistema ativo de cancelamento de ruído dos Buds Pro 2 foi melhorado pela utilização do chip Tensor A1, a arquitetura baseada em ARM, mas proprietária da Google, porque é otimizada para correr algoritmos de IA e é utilizada nos aparelhos da linha Pixel. Segundo o fabricante, isto permite uma “latência [resposta] ultrabaixa, adaptando-se ao ambiente até 3 milhões de vezes por segundo”. O número avançado, em comunicado, é um “cancelamento de ruído duas vezes maior do que no Pixel Buds Pro” - e, de facto, a melhoria sente-se, sem que, no entanto, se ouça qualquer “silvo” ou sensação de “opressão” que alguns modelos com ANC que já experimentámos provocam..E não notámos (após a atualização de firmware) qualquer interferência na qualidade sonora..De resto, a IA incorporada (tal como já acontecia na geração anterior) permite reconhecer quando iniciamos uma conversação e para a música, colocando os fones em modo Transparência automaticamente, de forma a ouvirmos o que se passa no exterior..Os Buds Pro 2 são suficientemente pequenos para ficar quase totalmente no interior da orelha (pelo menos em alguns casos...) FOTO: RSF.Detalhados e imersivos.Após pelo menos 16 horas de utilização, os Buds revelaram-se uns fones capazes de oferecer a melhor qualidade sonora que ouvimos em aparelhos deste género que não criados por uma marca de áudio perfeccionista - e por um preço inevitavelmente superior..Apesar das suas pequenas dimensões - que permitem (em alguns casos, pelo menos) entrarem quase totalmente no ouvido -, que lhe reduzem a já minúscula “caixa”, os Pro 2 conseguem gerar baixos suficientemente profundos para não deixarem ninguém desiludido. Talvez não cheguem aos exageros de alguns Sony (não pudemos comparar, estamos a falar de memória), mas pelo menos os graves nunca são “amálgamas” descontroladas, têm detalhe - a não ser que se estrague tudo utilizando o equalizador disponibilizado nas definições, claro. Todas as observações aqui descritas foram testadas com o EQ em neutro..O palco sonoro é muito bem definido e o som é “grande” e envolvente, mesmo em níveis relativamente baixos - aqui é muito interessante o efeito conseguido por uma função em que o sistema automaticamente aumente graves e agudos à medida que se baixa o volume - uma espécie de loudness ativo que é relativamente eficaz..Pena é que, apesar de os Buds Pro 2 utilizarem os mais recentes protocolos de Bluetooth, estejam limitados a amostragens de 24bits/48Hertz o que, apesar de tecnicamente tal já ser considerado “HD áudio”, é bem abaixo do que são capazes de fazer os recentemente lançados topos de gama da Samsung, por exemplo, uns fones true wireless que descodificam áudio até 24/196Hz. Mas não tivemos oportunidade de ouvir estes últimos e os números não são tudo....Comparação de dimensões entre os Pixel Buds Pro e a mais recente geração. A diferença de dimensões é evidente. FOTO: RSF.Qualidade de chamada e conforto.Tal como referido, os Buds Pro 2 destacam-se também pelo facto de ficarem quase na totalidade no interior da orelha (pelo menos no nosso caso), sendo o encaixe muito confortável. Tanto que chegámos a dormir com eles colocados mais do que uma vez.. mesmo com a cabeça de lado na almofada..A Google refere que a eficiência do Tensor A1 permitiu manter a autonomia dos fones relativamente à geração anterior, dado o seu tamanho menor, e de facto conseguimos estar cerca de oito horas com música (e ANC) sem interrupções, desde que num volume moderado..Quanto a esta questão, de louvar o software (que vem já com os Buds anteriores), que monitoriza permanentemente o volume em que estamos a ouvir música e alerta, via notificação, se estamos a ultrapassar os níveis aconselháveis durante um período considerado nocivo, isto é, os decibéis que podem prejudicar a audição. A Google não é a única a incluir este tipo de serviço, mas as boas ideias são de mencionar..No que tivemos de confiar em terceiros para saber ser melhor do que no modelo anterior foi a qualidade em chamada... Segundo várias pessoas nos disseram: “Nem parece que estás com fones.” Ok, obrigado!.Por fim, como não podia deixar de ser, tal como toda a linha de aparelhos atuais da Google, os Buds Pro 2 vêm preparados para se ligarem ao Gemini, a IA da gigante do software norte-americano..Seja pressionando continuamente num deles (direito ou esquerdo, é configurável) ou por comando de voz, o sistema lança o Gemini que é capaz de empreender ações do mais básico (fazer chamadas, ler mensagens, pedir o melhor caminho no Maps) até iniciar uma conversa no Gemini Live - funcionalidade por enquanto limitada ao inglês..Por um preço de 250 euros e em quatro cores possíveis, para quem utiliza telefones Android, estes fones são, atualmente, uma das melhores opções a ter em conta. Palavra de quem até dorme com eles...