A Câmara de Lisboa vai solicitar aos interessados no Programa Renda Acessível, que visa arrendar 6.000 fogos em 15 zonas da cidade a custo reduzido, que façam um registo online para ajudar a delinear o projeto.."O ponto de partida é baseado na melhor informação disponível, que são estudos de mercado e as candidaturas anteriores [a outros programas de habitação da autarquia], mas depois, a partir do momento em que há o registo, isto é um programa de habitação pública 'just in time'", que adapta a oferta à procura, disse o coordenador da equipa do projeto, Ricardo Veludo..O responsável, que falava num encontro com jornalistas sobre o tema nos Paços do Concelho, sublinhou que "é a primeira vez que existe um programa de habitação pública em que as manifestações de procura efetiva estão a influenciar, em contínuo, o desenho do programa"..Em causa está uma plataforma 'online', que estará disponível "dentro de alguns meses", na qual as famílias interessadas no Programa Renda Acessível se poderão registar, dando informações sobre o tipo de agregado e os rendimentos (de forma a calcular as rendas, que têm uma taxa de esforço máxima de 35% e mínima de 10%) e quais as zonas e tipologias em que gostariam de residir..De acordo com Ricardo Veludo, tais informações vão influenciar "todos os concursos para as concessões que vão ser a seguir desenvolvidas"..Apresentado a 6 de abril do ano passado, o programa prevê parcerias do município com o setor privado: enquanto o primeiro disponibiliza terrenos e edifícios que são sua propriedade, ao segundo caberá construir ou reabilitar..O investimento municipal será de cerca de 400 milhões de euros, em património imobiliário municipal, benefícios e isenções tributárias e recursos financeiros..O arrendamento de um T0 pode custar até 300 euros mensais, de um T1 até 350 euros, de um T2 até 500 euros e de um T3 ou T4 até 600 euros..Na reunião privada desta quinta-feira, o executivo aprovou a criação deste programa, assim como o lançamento do primeiro concurso público para concessão de 16 prédios na Rua de São Lázaro, freguesia de Arroios, que darão origem a 126 apartamentos para arrendar..Estas propostas tiveram os votos favoráveis da maioria PS (que inclui os Cidadãos por Lisboa) e abstenção do PSD, CDS-PP e PCP..Ricardo Veludo estimou que, "dentro de três anos, estejam concluídos os primeiros edifícios" na Rua de São Lázaro, de forma a receber moradores a partir dessa altura, mas ressalvou que o prazo depende dos concessionários e do ritmo das obras..Também presente na ocasião, a vereadora da Habitação, Paula Marques, assinalou que este é um "programa a pensar nas famílias", pois serão criadas infraestruturas como creches e espaços verdes, além de que as casas são de tipologia evolutiva (ou seja, podem ser redimensionadas)..Por seu lado, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, assinalou que o programa aposta, essencialmente, na construção nova porque dá "mais defesa" à autarquia quanto a futuros custos de manutenção..Na reunião, o CDS-PP sugeriu, entre outras alterações ao projeto, que 15% dos fogos fossem de tipologias T4 (em vez dos 6% previstos) para atrair famílias maiores, assim como a fixação de uma percentagem máxima de 30% dos lotes na área a atribuir ao concessionário..Porém, estas foram rejeitadas pela maioria socialista, com o vereador das Finanças, João Paulo Saraiva, a defender que as medidas sugeridas pelo centrista Gonçalves Pereira "podem ter impactos negativos" porque "não foram estudadas"..Do lado do PSD, o vereador António Prôa reconheceu a importância do programa, mas criticou o facto de vir "muito tarde"..Também o comunista João Ferreira apontou a "inação deste executivo ao longo de uma década" na área da habitação.