BE questiona Governo sobre as agressões no exército
O Bloco de Esquerda enviou esta sexta-feira um pedido de esclarecimento à Ministra da Defesa Nacional sobre as práticas violentas na recruta do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), após a notícia avançada esta sexta-feira pelo Diário de Notícias.
A carta enviada pelo grupo parlamentar e assinada pela deputada Joana Mortágua, deixa quatro questões ao Ministério da Defesa:
"1. O Ministério tem conhecimento deste caso? As entidades competentes estão a averiguar o sucedido? Quais as conclusões?
2. É prática admissível nas forças armadas a castigos físicos que podem colocar em causa a sua integridade física?
3. É prática admissível nas forças armadas sujeitar recrutas a exercícios físicos incompatíveis com os diagnósticos médicos e as baixas médias decretadas pelo hospital das forças armada?
4. É prática admissível nas forças armadas obrigar as recrutas do género feminino a limpar as casernas dos recrutas do género masculino?"
Em causa está a denúncia feita por uma jovem recruta ao DN, na qual a mesma relata o intenso esforço físico exigido pelo RAME, que a terá levado à exaustão e à ansiedade, acabando por ir parar ao hospital com uma crise de taquicardia.
Apesar de lhe ter sido prescrita uma baixa médica de três dias, no segundo dia, alega que, por ter limpado mal a arma, foi obrigada a rastejar pelo chão de terra à noite, vários metros.
Terá ainda sido atingida por uma pedra vinda da direção onde estava o sargento instrutor, que lhe acertou na cara, rente ao olho. Na mesma noite, a recruta e outras duas colegas do género feminino foram obrigadas limpar a caserna masculina, sob a justificação de que "os rapazes não a limpavam em condições".
A recruta também terá sido obrigada a beber água suja de lixívia e areia, para além de um vasto conjunto de castigos físicos que descreveu ao pormenor ao DN.
Estes castigos físicos terão sido levados a cabo no âmbito de uma praxe que na gíria denominam de "Formação Orientada de Desenvolvimento de Atitudes" em referência ao acrónimo "F.O.D.A"s".
Até ao momento, o Governo ainda não se pronunciou sobre o caso.