"Até Marcelo esqueceu Pedrógão, é triste"
E ao fim de seis anos? A Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) decidiu "não convidar ninguém e ver quem é que de, facto, é verdadeiramente amigo e se junta a nós por sentir que deve estar presente".
O resultado? António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS, lembrou a memória do 17 de junho no Twitter :"Não há ano que passe que nos faça esquecer a tragédia dos incêndios de 2017. Curvemo-nos perante a memória das vítimas e expressemos sempre respeito pela dor das famílias (...) a memória deve acima de tudo reanimar a determinação de prosseguir o trabalho de reforma estrutural da floresta e de recordar o dever de todos (...) Concluída esta semana a obra projetada por Eduardo Souto Moura, em data a escolher pela Câmara Municipal e de acordo com as famílias, aí devemos homenagear permanentemente os que perdemos".
Como não houve cerimónia oficial nem para a inauguração do Memorial [responsabilidade do governo], aberto desde quinta-feira, nem para o dia de ontem [a cerimónia habitual de todos os anos da AVIPG] nenhum representante do governo ou dos deputados esteve presente. Esta foi a "justificação oficial" que o DN ouviu de várias fontes. Nem PS, nem PCP, nem BE, nem PAN, nem Livre. Marcelo Rebelo de Sousa também esteve ausente por "não recebido qualquer convite".
DestaquedestaqueO memorial de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017, com o nome das 115 vítimas mortais, não teve cerimónia de inauguração e não tem indicação do que é - só tem uma lista de nomes.
Dina Duarte, da AVIPG, só tem uma frase para a ausência do Presidente: "Até Marcelo esqueceu Pedrógão, é triste". Para os restantes ausentes foi a constatação de "quem não está ou nunca esteve connosco".
Já o PSD enviou o secretário-geral do partido, Hugo Soares, acompanhado dos deputados eleitos pelo círculo de Leiria e pelo presidente da Câmara de Pedrógão Grande.
Hugo Soares constatou e ouviu os relatos de que a "desorganização da floresta continua, que a pouca limpeza continua, que há falta de controlo das faixas de proteção [das estradas] e um problema recorrente: a falta de rede nas comunicações móveis. E isto cria uma clima de desconforto e de medo mas populações".
O secretário-geral do PSD criticou o governo por ter nacionalizado o Fundo Revita, criado para apoiar a reconstrução e reabilitação das áreas afetadas pelos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera.
"Soubemos agora que foi alvo de uma espécie de governamentalização, retirado de quem aqui pode decidir e sabe quais são as principais necessidades (...) é inacreditável que esse dinheiro não possa ser usado para aquilo que foi doado", afirmou.
Para além do PSD, só a IL [ e o Chega numa curta visita] se fez representar em Pedrógão Grande. Rui Rocha apelou "ao ministro das Finanças e ao primeiro-ministro para que não nacionalizem o fundo Revita e deixem o dinheiro (1,3 milhões de euros) disponível para ser investido nas necessidades destas populações" e desafiou Marcelo Rebelo de Sousa a "não desistir destes territórios".
Do dia de ontem resta ainda uma dúvida: "De que falava Costa quando no Twitter fala em data a escolher pela câmara municipal [para inaugurar o Memorial] se o presidente da câmara de nada sabe e a obra é do governo?", questiona Dina Duarte.