"Promover a igualdade de género nas ações de resposta às alterações climáticas". Esta é a principal missão da Organização Não Governamental Business as Nature (BasN) que dos países lusófonos para o mundo junta jovens mulheres em prol do clima..Desde 8 de maio de 2019 que este grupo de mulheres de todas as geografias e das mais diversas experiências e áreas - desde cientistas, empresárias, dirigentes, ativistas, educadoras, mães, políticas, jornalistas até influenciadoras - visa o empoderamento feminino num movimento que atua para o desenvolvimento sustentável do planeta terra, "assumindo os negócios (business) não como sempre (as usual), mas procurando o equilíbrio da natureza (as nature)"..Susana Viseu, presidente da Organização Não Governamental, explica ao DN que a associação quer "envolver sobretudo as mulheres e as meninas na transição para uma economia circular em baixo carbono e na promoção de um consumo e de uma produção mais sustentáveis"..O Business as Nature - Associação para a Produção e Consumo Sustentável e a Economia Circular - é um grupo criado por mulheres e para mulheres. Mas não só, também os homens são convidados a juntar-se a esta causa: "Embora queiramos mobilizar os jovens, as mulheres e as meninas, somos uma equipa muito diversa. Não somos uma organização exclusivamente para mulheres, somos sim uma organização que quer mobilizar em especial as mulheres", esclarece..De acordo com Susana Viseu, as campanhas a nível nacional e internacional da BasN vão de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 e dirigem-se às mulheres e meninas por vários motivos, entre eles o facto de terem "um papel muito importante como influenciadoras nas famílias, nas comunidades e nas empresas".."Se nós queremos mudar hábitos de consumo para modelos de vida mais sustentáveis e sabendo que as mulheres representam em média 85% das decisões de compra, nós temos que obrigatoriamente trabalhar e mobilizar as mulheres", defende..Além disso, "muitas mulheres e meninas vivem em áreas que são muito afetadas pelos efeitos das alterações climáticas, em termos de cheias e seca, e são quem normalmente está na linha da frente para arranjar comida, para ter acesso à água e para cuidar da família. São as mulheres as que mais rapidamente ficam desalojadas e, nas crises, são as primeiras afetadas em termos de empregabilidade, sendo consideradas como um dos grupos mais vulneráveis"..Logo, "sem envolvermos as mulheres e meninas na luta pelo clima é muito difícil atingirmos os objetivos desejados", resume. "É importante contar com esta energia transformadora e cuidadora que tipicamente as mulheres têm. Mobilizar o papel da mulher neste processo é fundamental. Não podemos continuar a não agir, temos de acelerar o que precisamos de fazer, não só em termos do clima, mas também nas causas da conservação e regeneração da biodiversidade e utilização dos recursos naturais", sublinha..Depois do projeto #fishingtheplastic (em parceria com a Câmara Municipal de Ovar) e do evento Women 4Our Ocean - que teve lugar durante a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (entre 27 de junho e 1 de julho) - o manifesto Women 4 Our Climate é a mais recente iniciativa da organização. A partir de amanhã o projeto ficará disponível a todos e o objetivo é apenas um: "mobilizar as mulheres e as meninas pela ação climática", tornando-as agentes de mudança através de um documento criado mediante o Focus Group Women - um grupo com cerca de 20 participantes (mulheres e homens) que irão definir ações concretas a realizar-se entre 2023 e 2025..Susana explica que este manifesto surge "de acordo com os dados da Organização das Nações Unidas (ONU) que ditam que as mulheres e as meninas estão entre os grupos mais vulneráveis relativamente aos efeitos das alterações climáticas" e que o documento poderá ser subscrito "por todas as pessoas, organizações e empresas que se revejam no manifesto"..Segundo a representante, o mais recente manifesto do Business as Nature realça a necessidade de agir e liderar por uma sociedade mais responsável, mais justa e mais equilibrada, unindo os direitos humanos à ação climática, e representa "um passo para colocar no terreno ações que ajudem a mobilizar estes agentes tão importantes para a transição climática que são as mulheres".."É importante haver uma ação concreta em vez de meras palavras", conclui Susana Viseu, reforçando que no futuro "o ambiente melhorará quanto mais ações se conseguirem concretizar a seu favor". Quanto ao manifesto, deixa o convite: "Aconselho as pessoas a consultarem o texto do manifesto e, se concordarem com a nossa missão e assim o quiserem, que se juntem a nós no Business As Nature .".ines.dias@dn.pt