"Assalto ao Aeroporto". Professores levam manifestação até aos turistas
Um mês depois de ocuparem os acessos pedonais da Ponte 25 de Abril como forma de protesto, os professores vão este sábado reunir-se nos aeroportos portugueses para uma manifestação que promete alertar os turistas para os problemas na educação do país.
Intitulada "Assalto ao Aeroporto", esta forma de luta distinta é organizada pelo grupo "Missão Escola Pública" e vai decorrer em três pontos diferentes: Lisboa, Porto e Faro, "lançando pontes a outros colegas de outras partes do país", para uma ação de "iluminação sobre a Escola pública e os seus profissionais".
"A nossa ideia é chamar a atenção para o problema através do sensacionalismo. Queremos captar a atenção da população em geral, daí termos feito a manifestação na Ponte 25 de Abril e agora nos aeroportos com o título de "assalto". A nossa intenção é estar nos sítios em que a segurança é mais controlada, para despertar interesses", disse ao DN Rui Foles, professor de Educação Especial doAgrupamento de Escolas da Caparica e um dos organizadores da manifestação.
Segundo o professor, esperam-se cerca de duas mil pessoas a participar neste "assalto" (alunos, encarregados de educação, assistentes operacionais e todos os profissionais da educação), que pretende "despertar atenção para o problema junto dos turistas que visitam Portugal". "Os estrangeiros visitam-nos pelas maravilhas que o país tem, no entanto a educação e a escola pública continuam a não ser uma aposta e convém que os turistas que nos procuram tenham essa noção. Vamos chegar aos turistas através de flyers, postais em várias línguas e tentar passar a mensagem da melhor forma possível", informou.
A "Missão Escola Pública" é composta por um grupo apartidário de 13 professores que se reuniu para organizar a marcha na Ponte 25 de Abril, que teve lugar no dia 20 de março. Porém, o grupo não se ficou por apenas uma manifestação e promete agora dar continuidade a este projeto - "Somos professores que se uniram porque consideram que é importante dar força a esta luta pela escola pública", afirmou Rui Foles.
"O nosso objetivo é fazer pontes e construir em vez de destruir. Não estamos aqui para dividir, mas sim para unir", frisou.
Perante o contínuo desentendimento entre o Ministério da Educação (ME) e os sindicatos, o professor considera que "as negociações estão a decorrer muito lentamente e com muitos impasses". "Em nenhuma delas vemos a escola a ser beneficiada tendo em conta a situação em que já se encontrava antes", assegura.
Assim sendo, num futuro próximo podemos esperar mais formas lutas "diferentes" deste grupo, que segue o principal lema dos professores: "Não paramos!".
A garantia que os protestos não vão parar é confirmada pelas ações agendadas para os próximos dias, fazendo com que este fim de semana, a véspera e o feriado de 25 de Abril sejam marcados por protestos.
Após nova reunião entre o ME e sindicatos [na quinta-feira] que terminou sem acordo, os professores garantiram manter as greves e manifestações planeadas até ao final do ano letivo. Mas a "ameaça" não fica só por aqui: os docentes ponderam agora realizar greves aos exames nacionais caso a tutela recuse recuperar o tempo de serviço congelado (6 anos, 6 meses e 23 dias).
Para este domingo está prevista uma manifestação no Porto, que vai reunir cerca de 70 mil pessoas numa marcha entre a Rotunda da Boavista e o Palácio de Cristal (Pavilhão Rosa Mota) - local onde decorrerá as comemorações dos 50 anos do Partido Socialista. A marcha "Todos por Portugal" é organizada por professores do norte do país e vai contar com a presença de profissionais de todas as áreas.
Já a partir de 24 de abril e até ao dia 1 de maio, os docentes do país estão a planear um acampamento no Largo do Carmo, em Lisboa. Esta forma de luta, que já conta com 200 participantes, é uma iniciativa organizada por profissionais da educação através de grupos nas redes WhatsApp e Facebook.
À margem do feriado do dia 25 de Abril, o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P) vai manter várias medidas de protesto entre os dias 26 e 28 de abril - começando com três dias de greve nacional nas escolas, "em defesa das reivindicações dos docentes e não docentes".
Contudo, é no Dia da Liberdade que André Pestana, coordenador do S.T.O.P, apela a que os portugueses se juntem para uma "grande manifestação" em nome das escolas públicas portuguesas. "Só não há dinheiro para quem trabalha!" é o mote deste protesto, que pretende juntar não só os profissionais da educação, mas também de outras áreas para defender o direito à greve e o aumento salarial. Esta ação de luta terá início pelas 14:30 no Marquês de Pombal, em Lisboa.
O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação irá ainda avançar com uma greve a partir do dia 2 de maio, que irá coincidir com as datas das provas de aferição para os 1.º, 2.º e 3.º ciclos.
ines.dias@dn.pt