As revistas da PSP, os seus protestos e o retrato da emigração. Um país em revista
PS com novo líder. PSD/CDS/PPM fazem renascer a AD
Sábado, 6 de janeiro
Foi um dia de renovações políticas, este 6 de janeiro: o PS confirmou Pedro Nuno Santos como secretário-geral e, à direita, PSD e CDS reeditaram a Aliança Democrática (AD). Neste panorama, os socialistas vão ter durante os próximos anos - ou pelo menos nas próximas eleições - o líder que tanto interesse mostrou pelo lugar nos meses mais recentes. No primeiro discurso como comandante, Pedro Nuno Santos disse ter amadurecido enquanto ministro e que “só erra quem faz”. Sem nunca se referir ao PCP e ao Bloco de Esquerda, lá foi elogiando a experiência que ficou conhecida como gerigonça (entre novembro de 2015 e outubro de 2021).
O que, certamente, deixou ainda mais insatisfeito o outro espetro político, à direita, que nesse mesmo dia viu PSD e CDS fazerem renascer a Aliança Democrática (AD), a que se junta o PPM, com o objetivo de voltar a governar o país. Além de se formar uma força unida contra o PS, a AD garante desde já o regresso do CDS ao Parlamento, com a perspetiva de eleger, pelo menos, dois deputados.
Rita Chantre / Global Imagens
Assim revista a PSP: “Se te dizem para despir é para despir”
Domingo, 7 de janeiro
“Tu aqui não mandas nada: se te dizem para despir é para despir - e vais outra vez lá para dentro e a revista vai ser minuciosa.” Esta frase é o início de um texto publicado no DN sobre uma ação que deveria envergonhar a Polícia de Segurança Pública: a ordem dada a ativistas do coletivo Climáximo para se despirem totalmente numa esquadra da PSP. Segundo uma das queixosas, esta situação -- ocorrida a 14 de dezembro -- não terá sido a primeira deste tipo em que esteve envolvida. Aliás, uma das queixas que apresentou resultou, para já, numa pena de repreensão à agente que ordenou às ativistas que se despissem, punição decidida pelo ministro da Administração Interna José Luís Carneiro.
O desfecho será conhecido após as investigações da Procuradoria-Geral da República, mas, para já, fica, pelos vistos, o à-vontade com que na PSP se fazem revistas à margem da lei. Ao DN, a polícia não nega as revistas “nuas”. Mas garante que tratou os detidos com “respeito, tolerância e elevada consideração”.
Brasil: “Onde é que você estava no 8 de janeiro?”
Segunda-feira, 8 de janeiro
Há um ano, o Brasil assistiu a uma situação que se considerava impensável: milhares de pessoas invadiram as sedes dos Três Poderes -- Executivo, Legislativo e Judiciário --, destruíram o que encontraram pela frente e até houve quem defendesse um golpe militar. Tudo como forma de contestação ao vencedor das eleições presidenciais, Lula da Silva, com o antigo presidente Jair Bolsonaro a surgir como um instigador-fantasma devido às suas publicações nas redes sociais. Passados 12 meses, o atual líder do país promoveu um evento no Congresso com 500 convidados para assinalar a data, enquanto Bolsonaro estava de férias na casa de praia em Angra dos Reis. Com processos judiciais a decorrer e um país pouco pacificado, o Brasil ganhou uma nova expressão popular: “Onde é que você estava no 8 de janeiro?”
O mais novo primeiro-ministro da História Francesa
Terça-feira, 9 de janeiro
Aos 34 anos, Gabriel Attal tem um novo, e difícil, desafio pela frente: liderar o Governo de França. O antigo ministro da Educação - o mais recente cargo governamental que exerceu - é considerado uma estrela em ascensão na política gaulesa e um nome a ter em conta para as eleições presidenciais de 2027. Na tomada de posse, Attal lembrou que é o “mais jovem primeiro-ministro da História. Um símbolo de audácia, a confiança que ele [presidente de França Emmanuel Macron] deposita na juventude”. Talvez seja mais do que isso. Provavelmente, o jovem líder do Governo foi o trunfo que Macron conseguiu para melhorar a imagem do Presidente e do Governo, numa altura em que estes enfrentam a contestação de vários setores da sociedade motivada por leis polémicas, deserções no campo político e o avanço da extrema-direita. Pelo exposto, Gabriel Attal vai ter muito trabalho pela frente.
AFP
A greve do GMG e o protesto das polícias
Quarta, 10 de janeiro
Uma greve e um protesto espontâneo fizeram o dia mediático em Portugal. A paralisação do Global Media Group - onde se inclui o Diário de Noticias - fez com que o país lançasse definitivamente um olhar para a Comunicação Social, ao mesmo tempo que a rádio TSF não emitia nesta quarta-feira e os diários DN, JN e O Jogo não estavam nas bancas no dia seguinte. Um marco que fica na história do país.
Também em destaque neste dia esteve a PSP com a decisão individual dos agentes de irem dando baixa dos carros, apontando avarias e deficiências dos veículos. Neste caso, o protesto teve início com um alerta de um agente que começou a ganhar apoios por todo o país e que depois até alastrou à GNR. Um subsídio pago à Polícia Judiciária e não a estas duas outras forças de segurança foi o primeiro ponto de contestação, mas muitos outros foram surgindo. E o protesto até teve um ângulo humorístico: a colocação do número de telefone do piquete da PJ nas páginas de várias esquadras da PSP e quartéis da GNR levando, quem procurava contactar essas forças, a ligar para a PJ...
Pedro Granadeiro / Global Imagens
África do Sul acusa Israel de genocídio. TIJ ouve argumentos
Quinta, 11 de janeiro
A ofensiva que Israel está a levar a cabo na Faixa de Gaza contra o Hamas - iniciada depois do ataque de elementos deste grupo, a 7 de outubro, em território israelita - chegou a um novo palco: o Tribunal Internacional de Justiça. E chegou com a acusação apresentada pela África do Sul de que naquele território está a acontecer um genocídio. Na primeira audiência, os representantes da Acusação pediram aos juízes para imporem ordens vinculativas a Israel, incluindo a suspensão imediata da campanha militar, o que foi contestado pelos representantes israelitas. Paralelamente, surgiram vozes a favor e contra a atitude sul-africana: os EUA consideram a acusação infundada, Turquia e Autoridade Palestiniana apoiam a iniciativa e dizem que é um triunfo da Justiça. Já Portugal, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho, diz que veria “com muito bons olhos” que o TPI decretasse um cessar-fogo. Na realidade, nada se alterou e as operações de Israel continuaram...
EPA
Baixos salários e crise na habitação. ‘Convites’ para sair de Portugal
Sexta-feira, 12 de janeiro
Baixos salários e crise na habitação. Estes são dois dos culpados pela escolha dos portugueses em emigrar. As conclusões estão expressas no Atlas da Emigração Portuguesa, um trabalho do Observatório da Emigração onde se demonstra que as diferenças de salários e as perspetivas profissionais são razões para os portugueses, principalmente os mais jovens, saírem do país. De acordo com o documento, entre 60 a 65 mil cidadãos nacionais decidem anualmente sair do país, quando o caminho inverso é feito por cerca de 20 mil. Segundo o Atlas, cerca de 30% dos portugueses com idades entre os 15 e os 39 anos estão emigrados, sendo que 2,3 milhões de cidadãos nascidos em Portugal residem fora do país. É só o mais recente alerta para quem decide as políticas em Portugal...
Orlando Almeida / Global Imagens