Aposta na aviação passa pelo crescimento da TAP como privada

Aposta na aviação passa pelo crescimento da TAP como privada

Secretário de Estado das Infraestruturas diz que Governo está "plenamente comprometido" com o desenvolvimento do setor da aviação e que isso passa pelo crescimento da TAP como empresa privada.
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O secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, afirmou esta segunda-feira que o Governo está "plenamente comprometido" com o desenvolvimento do setor da aviação e que isso passa pelo crescimento da TAP como empresa privada.

"Nós não podemos aceitar que aquilo que foi o resultado de anos de alguma inação seja visto como uma inevitabilidade", disse o governante, sublinhando que a visão do executivo para o setor passa por "continuar a investir" nas infraestruturas aeroportuárias do país, apostar em mais tecnologia, aumentar o quadro de recursos humanos e ter mais oferta.

Hugo Espírito Santo indicou que parte desta oferta passa pelo "crescimento da TAP", a que se referiu como: "A nossa companhia aérea de bandeira".

"Uma companhia aérea que será privada, que vai ser privada, obviamente, mas que vai manter o 'hub' [plataforma de distribuição de voos], vai manter o emprego, vai manter a marca", assegurou, afirmando também que o Governo vai continuar a investir no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, "enquanto ele não é permanentemente encerrado".

O secretário de Estado das Infraestruturas falava cerimónia de entrega do novo sistema de deteção de ventos no Aeroporto Internacional da Madeira, um investimento da NAV - Navegação Aérea de Portugal, orçado em 3,5 milhões de euros.

O Sistema MADeira Winds (MAD Winds) é composto por um Radar Banda X, um sistema LIDAR e um sistema de processamento que analisa dados meteorológicos com alta precisão, oferendo um suporte essencial às decisões operacionais durante as fases mais críticas do voo, nomeadamente aproximação, aterragem e descolagem.

A operação no Aeroporto Internacional da Madeira, localizado no concelho de Santa Cruz, na zona leste da ilha, é frequentemente afetada pelas condições de vento, sendo que o novo sistema permite um conhecimento mais efetivo da situação em "muito curto prazo".

O MAD Winds inicia agora um período de pré-operação de um ano, durante o qual será avaliado e submetido a ajustes para otimizar o funcionamento face às características do Aeroporto da Madeira, o único no mundo cujos limites de vento são obrigatórios -- 15 nós --, embora tenham sido impostos em 1964 e definidos com base em estudos que usaram um avião DC3 da II Guerra Mundial, quando a pista tinha 1.600 metros, sendo que atualmente tem 2.781.

"Passado este ano, esperamos que a ANAC [Autoridade Nacional de Aviação Civil] tenha toda a informação necessária para poder reequacionar a revisão dos limites da operação com vento", disse o secretário de Estado das Infraestruturas.

Hugo Espírito Santo garantiu, no entanto, que a questão da segurança será sempre tida em consideração.

"Nunca vamos claudicar na segurança, mas não quer dizer que sejamos inamovíveis naquilo que existe", explicou, para logo reforçar: "Vamos ter os factos, vamos ter os dados e vamos obviamente repensar [os limites de vento], tudo feito com a segurança enquanto prioridade máxima."

De acordo com a NAV Portugal, cerca de 80% das divergências de voos motivadas atualmente pelo vento estão apenas até três nós acima dos limites impostos, pelo que o novo sistema é uma "ferramenta crucial" para uma avaliação mais precisa e potencialmente mais favorável à operação.

O LIDAR (para avaliar as condições com tempo seco) e o Radar Banda X (com precipitação) garantem a deteção e alerta para fenómenos meteorológico de turbulência e 'windshear' (rápida variação do vento) nas zonas de aproximação à pista.

"A implementação do LIDAR e do Radar Banda X não apenas melhora a segurança, mas também reforça a previsibilidade das operadoras aéreas e da vida dos passageiros", explicou o presidente executivo da NAV, Pedro Ângelo, sublinhando que se trata de um "passo importante para consolidar a imagem do Aeroporto da Madeira como infraestrutura confiável e essencial ao crescimento sustentável da região", bem como para atração de novas companhias aéreas.

O responsável alertou, no entanto, para o facto de o novo sistema não eliminar a problemática dos ventos na zona do aeroporto.

"É importante enfatizar que este sistema não elimina completamente os desafios impostos pelas condições de vento extremas, que continuarão a exigir adaptações operacionais", avisou.

Pedro Ângelo disse, por outro lado, que, com este sistema, o Aeroporto da Madeira torna-se um dos poucos no mundo a beneficiar de tecnologia de ponta para mitigar condições adversas de vento, a exemplo do de Hong Kong (China) e o de Palermo (Itália).

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