António Saraiva pede "mais ação para a igualdade"
O anfitrião era um homem mas quis reunir à mesa um grupo de destacadas mulheres da realidade empresarial portuguesa para debater o que há ainda a fazer para levar por diante a luta pela igualdade, abraçando "mais ações concretas" que levem a este desígnio.
Num almoço comemorativo do Dia Internacional da Mulher, a CIP convocou ao Hotel Tivoli, em Lisboa, mais de trinta mulheres gestoras portuguesas, que destacaram o papel das mulheres neste momento particularmente difícil, de conflito armado na Europa. E sublinharam a importância da mulher na sociedade e nas empresas.
Este "é um momento de otimismo na questão da igualdade de género nas empresas, pois muito foi sendo feito ao longo dos anos, embora exista ainda muito caminho a fazer", declarou Isabel Barros, membro executivo do Board da Sonae MC. A também presidente da APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição destacou os números que demonstram "que apenas 8% dos CEO no continente europeu são mulheres" e sublinhou a importância da mudança contínua que tem de ser feita para que "as mulheres deixem de ter apenas os papéis mais vulneráveis na economia".
Esse foi também o leme que Helena Ferro Gouveia, diretora de Comunicação do Grupo Bel (acionista do DN e do Dinheiro Vivo) tomou, salientando a "importância das mulheres que conseguiram quebrar a barreira de género em funções executivas têm no crescimento de outras, seja pelo exemplo inspirador seja pela voz de incentivo e alerta que faz eco em toda a sociedade". Defensora do "sistema de quotas como fator de algum equilíbrio na igualdade de género nas empresas e outras atividades", Ferro Gouveia apontou o facto de os "países nórdicos não necessitarem hoje de adotar esse tipo de políticas porque começaram essa prática há muito tempo". E defendeu que "a ausência de mulheres em cargos políticos de maior relevância é um sinal de que a sociedade ainda não se transformou o suficiente".
E uma das áreas em que ainda se verifica muito essa ausência é precisamente uma das de maior expansão neste momento: as áreas tecnológicas. Cristina Rodrigues, CEO da Cap Gemini Portugal, debruçou-se sobre esse universo "ainda muito masculino" que é o setor tecnológico, ainda que reconhecendo que começa a haver uma lenta abertura para "incorporar mais mulheres nos seus quadros". Uma transformação que "ainda vai demorar algum tempo até termos igualdade de género na economia". Cética em relação às quotas, Cristina Rodrigues referiu também que "a Cap Gemini Portugal integra na sua comissão executiva, cerca de 30% de mulheres, e isso é um sinal importante".
Ao anfitrião e presidente da CIP coube fechar as intervenções, realçando que "mais importante do que as estatísticas é olhar para o futuro e perceber como vão ser encontradas as soluções para os problemas que ainda persistem na questão da igualdade de género, e do papel das mulheres na especialização do nosso modelo económico". E deixou uma certeza: "A CIP, enquanto órgão integrante da Concertação Social, tem feito tudo o que está ao seu alcance para sensibilizar o Governo e parceiros sociais para a questão da igualdade de género". E continuará a seguir esse caminho, assegura António Saraiva.