Ana Mendes Godinho: "É fundamental empoderar mulheres"

No encerramento da tertúlia, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social destacou os progressos feitos até hoje, mas deixou claro: ainda há trabalho a fazer.

"Uma sociedade que desperdiça uma única mulher, é uma sociedade que se desperdiça a si própria". A frase, dita no final do seu discurso, é de Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e foi proferida esta quarta-feira à tarde na tertúlia DN que assinalou o Dia Internacional da Mulher.

Perante uma sala cheia, no Edifício dos Leões, no Espaço Santander, em Lisboa, Ana Mendes Godinho começou por falar da sua "antiga vida", enquanto secretária de Estado do Turismo (entre 2015 e 2019), quando foi convidada para uma conferência em que havia mais de 30 pessoas a discursar - apenas duas mulheres, "porque eram as responsáveis políticas e tinham mesmo de ser convidadas". Então, lançou um "repto à plateia: porque não as mulheres aí tomarem o palco?", ouviu-se depois "uma voz masculina que pede para não subirem mais ao palco, porque se não vai abaixo".

Partindo deste exemplo, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social - que falou no encerramento da tertúlia - referiu que "dar o palco às mulheres" foi e é, também, "uma forma de empoderamento e de mostrar estes testemunhos em que, às vezes, aquilo que parece difícil, exigente, impossível é facílimo: é uma questão de normalizar aquilo que é evidente". "Foi esse testemunho que aqui passaram, da forma como transmitiram a naturalidade com que exercem as funções", continuou.

Recuando às décadas de 1960 e 1970 - "em que a mulher tinha de pedir autorização ao marido para viajar" -, Ana Mendes Godinho enalteceu o progresso feito desde então, algo que Maria Celeste Hagatong (presidente do Banco Português de Fomento) já havia feito na sua intervenção durante o painel. "É evidente que muito foi feito. Muito mudou, mas ainda há muito por mudar", considerou a ministra.

Exemplo destes progressos são as quotas de género, inseridas na Lei da Paridade, no contexto da administração pública. "Em 2015, havia 78% de mulheres, mas apenas 40 tinham lugares de direção. Era uma desproporção completa. Havia aqui um número residual de homens, mas ocupavam os cargos de direção". Atualmente, comparou, "há 69% de mulheres em direção". Ou seja: "Isto resulta. É preciso forçar e há medidas que precisam de levar um abanão. Temos de acelerar esta mudança."

Apesar dos progressos, continuam a existir, no entanto, dimensões em que pode ser feito mais, como "a desigualdade salarial". "É inaceitável que uma mulher receba menos que um homem na mesma função", considerou a governante, dando outro exemplo: "Em média, as pensões das mulheres são 43% abaixo das dos homens."

No final, Ana Mendes Godinho deixou uma mensagem: "É fundamental empoderar mulheres.

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