Sociedade
21 março 2023 às 19h47

Navio com combustível a arder ao largo do Porto. 12 tripulantes resgatados

Barco em chamas dirigia-se para o Porto de Leixões. Embarcação transporta combustível refinado (gasolina e gasóleo), tendo o incêndio deflagrado na casa das máquinas.

DN/Lusa

Um navio Greta K, que transporta combustível está a arder ao largo do Porto, na zona da Foz do Douro, na projeção da Praia de Gondarém, revelou à Lusa o comandante da capitania do Porto, Silva Rocha.

Segundo a página da Proteção Civil, o alerta para o incêndio foi dado às 15:24.

"O navio tem a bordo gasóleo e combustível destinado a aviões (jet fuel) e não tem crude. A Autoridade Marítima Nacional está a reforçar o material e as equipas de combate à poluição para alguma eventualidade de foco de poluição", indica um comunicado da Autoridade Marítima Nacional (AMN).

Doze dos 19 tripulantes já foram resgatados. "O incêndio continua ativo e 12 dos tripulantes foram resgatados por embarcações das Estações Salva-vidas de Leixões, da Póvoa de Varzim e do Comando-local da Polícia Marítima de Leixões. Os outros sete tripulantes mantiveram-se a bordo", assinala a AMN.

O navio em chamas dirigia-se para o porto de Leixões, em Matosinhos, proveniente do porto de Sines. A embarcação está registada em Malta.

Em declarações à Lusa, na Avenida Brasil, na marginal do Porto, um casal de espanhóis de visita à cidade referiu ter visto chamas na embarcação desde as 14:00.

Pelas 17:00, era ainda visível um fumo negro a sair do navio, estando o incêndio a ser combatido com água, projetada por pelo menos duas outras embarcações.

Pelas 18:15, de acordo com informação disponível no site da proteção Civil, o incêndio ainda estava ativo.

No combate às chamas estão meios da Capitania do Porto.

Segundo a AMN, o Instituto Hidrográfico, da Marinha, também se encontra a acompanhar a situação "para a eventual necessidade de cálculo da deriva, em caso de foco de poluição".

"A Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), que tinha a bordo um piloto de barra no apoio ao navio que se dirigia para Leixões, conseguiu rapidamente colocar no local três navios-rebocadores a ajudar no combate ao incêndio", pode ler-se na nota da AMN.

O navio transporta "combustível refinado", "exatamente diesel, gasóleo" e gasolina para aviões, declarou à Lusa o hidrobiólogo e investigador do ICBAS, Adriano Bordalo e Sá. Segundo o especialista, o incêndio deflagrou na parte de trás do barco.

"O incêndio deflagrou na parte de trás do barco, ou seja, na ré, onde está a casa das máquinas. Tudo indica que efetivamente o incêndio deflagrou na casa das máquinas, sem atingir os tanques de combustível", explicou Bordalo e Sá.

Segundo explicou Bordalo e Sá, antigamente os combustíveis eram produzidos na refinaria de Leixões, mas a refinaria encerrou e agora esse material tem de vir de outro lado.

Questionado pela Lusa sobre se tem conhecimento sobre se houve algum derrame para o mar, Bordalo e Sá afirmou que se tiver havido algum derrame foi "muito limitado"

"Para já, se houve derrame foi muito limitado, ainda não é visível, e, em principio, não haverá. Mas já temos aqui na zona onde estamos --na Foz do Douro (Porto) , perto da Praia dos Ingleses - o cheiro a combustível o que mostra que o navio não está completamente estanque", disse Bordalo e Sá, acrescentando que o cheiro pode ser fruto do incêndio, porque está a arder a parte de trás do navio, a zona da casa das máquinas, que tem ligação direta aos depósitos de combustível da locomoção do navio.

Segundo explicou, o navio tem dois tipos de depósitos. Um para alimentar os seus motores e outro para o transporte dos produtos refinados.

"Seja como for, um produto refinado, se for derramado, tem consequências ambientais trágicas, mas de menor dimensão do que se for petróleo bruto".

O incêndio estava a ser combatido pelas 18:00 com jatos de água que estavam a ser lançados não só sobre a casa das máquinas, mas também nas tampas dos depósitos para arrefecer, acrescentou.

"O pior que podia acontecer era uma ignição secundária", disse, explicando que ela poderia ser provocada pelo aquecimento de toda a infraestrutura, e considerando que tentar arrefecê-la e é um procedimento correto que faz parte dos planos de contingência quando há este tipo de acidentes.

Questionado sobre quem estava a combater as chamas, Bordalo e Sá disse que eram os serviços próprios do porto de Leixões, que tem "pessoal altamente especializado neste tipo de acontecimentos".