Sociedade
25 outubro 2021 às 12h47

Muita emoção no regresso da Bartolomeu Dias a Portugal, três anos depois

A fragata Bartolomeu Dias atracou esta segunda-feira (25 de outubro) em Portugal após um processo de modernização da embarcação que durou 3 anos.

Ana Raquel Lopes, agência Lusa

A fragata Bartolomeu Dias atracou esta segunda-feira (25 de outubro) no cais da Base Naval de Lisboa, depois de ter estado quase três anos nos Países Baixos em processo de modernização, com dezenas de familiares que esperavam emocionados os militares embarcados.

"Com esta modernização, a Marinha e Portugal passam a ter novas valências, em várias áreas que permitem garantir a defesa militar, a dissuasão, a autoridade e a segurança no estado do mar e naturalmente, o apoio à diplomacia", explicou aos jornalistas o comandante do navio, capitão-de-fragata Rodrigues Pedra.

Dentro da embarcação, com cerca de 122 metros de comprimento e bandeira portuguesa ao alto, o comandante partilhou um "sentimento de missão cumprida" e mostrou-se feliz por regressar a Portugal, pela gastronomia, pela cultura, mas também pelas "condições solarengas", confessou, sob um sol quente que se fazia sentir pelas onze horas da manhã.

A Bartolomeu Dias - que se juntou ao efetivo da Marinha Portuguesa em 16 de janeiro de 2009 - esteve em processo modernização nos Países Baixos desde 2018, contando com uma guarnição de 135 militares portugueses que se foram revezando desde o início do processo, de acordo com as necessidades.

Este processo deveria ter terminado em 2020, mas a pandemia causada pela covid-19 - que chegou a gerar um surto na guarnição, sem necessidade de internamentos - atrasou um pouco o calendário.

Questionado sobre que sistemas foram modernizados, o comandante apontou alterações "ao nível do sistema de combate, do sistema de comunicações, do reconhecimento e da vigilância e também da projeção da força".

"Esta fragata pode ser empregue em todos os cenários de operações (...): desde os cenários mais simples, como é o combate ao narcotráfico ou a busca e salvamento, até ao teatro de guerra. Todos os cenários operacionais fazem parte do espectro da missão deste navio", explicou o comandante, acrescentando que, para já, a fragata não tem nenhuma missão prevista.

Também na embarcação, o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Mendes Calado, deixou algumas palavras aos militares que hoje regressaram, salientando que este processo de modernização foi "um dos mais desafiantes em termos tecnológicos".

"Quando se faz um navio novo, tudo é mais fácil. Quando se adapta um navio, com alguma idade, com novas tecnologias, o desafio foi grande", destacou.

O almirante manifestou a sua "grande alegria" por ver o navio "pronto para combate depois de um processo de modernização, que o manterá operacional para fazer face às missões da Marinha até 2030/2035", destacando ainda o papel "dos técnicos da Marinha, no acompanhamento deste programa, que foi relevado pelas entidades holandesas", que enalteceram a competência dos engenheiros portugueses.

A próxima fase, continuou, será a de "corrigir" alguns aspetos em falta: "em termos de propulsão, em termos de instalação do novo sistema de guerra eletrónica, que prolongará os trabalhos agora no Arsenal do Alfeite até março/abril do próximo ano e depois a fase seguinte - depois da plataforma pronta, vamos aprontar as nossas pessoas, as nossas competências, fazer deste grupo uma equipa de combate", aditou.

Entre as dezenas de familiares que aguardavam fora da embarcação, enquanto os militares retiravam as fardas, reuniam malas e se preparavam para regressar a casa, estavam a mulher e filha do capitão-tenente Ricardo Veloso, que esteve durante dois anos na Holanda, com algumas pausas, e não via a família desde agosto.

"Culminámos um processo bastante complexo, durante bastante tempo, que nos tomou a nós muito tempo fora da família e agora é um regresso reconfortante", disse à Lusa, com a filha pela mão e a mulher ao lado, "muito feliz" com o reencontro.

A escassos metros, Joaquim Mares, 68 anos, que disse ter sido militar também na Marinha, aguardava pelo filho que não via há cerca de dois meses e confessou estar contente "desde que ele esteja bem".

Já a mãe Dora Oliveira, de 49 anos, aguardava ansiosamente pelo filho, Sandro Martim, de 25, que não vinha a Portugal desde junho e confessou já estar "com saudades de casa".

"Como mãe é difícil ver um filho fora de casa, é uma parte de nós que vai embora e estar cá é um reconforto, é maravilhoso", acrescentou, confessando ainda que chorou "durante três dias" quando o filho ficou infetado com covid-19 durante a estadia na Holanda, apenas com sintomas leves.

A Marinha portuguesa tem entre os seus meios cinco fragatas, entre elas, a D. Francisco de Almeida, que também se encontra em processo de modernização nos Países Baixos, terminando o seu plano de intervenção no próximo verão, de acordo com o Chefe do Estado-Maior da Armada.

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