Sociedade
01 outubro 2022 às 14h01

Associação dos Profissionais da GNR "perplexa" com declarações do MAI sobre descontentamento

Segundo a APG, o ministro José Luís Carneiro afirmou "que sente as forças de segurança muito mobilizadas e que as manifestações de descontentamento são posições isoladas".

DN/Lusa

A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) disse este sábado que ficou "perplexa" com as declarações do ministro da Administração Interna ao afirmar que as manifestações de descontentamento são "posições isoladas" que "não correspondem ao sentimento geral".

Segundo a APG/GNR, o ministro José Luís Carneiro, na sexta-feira, em resposta aos jornalistas, na cerimónia de Compromisso de Honra de 921 novos agentes da PSP, "terá afirmado que sente as forças de segurança 'muito mobilizadas' e que as manifestações de descontentamento são 'posições isoladas' que 'não correspondem ao sentimento geral'".

"São declarações que contrariam a realidade e, das duas uma, ou o senhor ministro vive noutro país ou anda a ouvir só e apenas as chefias", refere aquela associação em comunicado.

Acrescenta que o governante, "a fazer fé nas notícias veiculadas pela imprensa, referiu-se ao que viu e ouviu nas esquadras da PSP, não mencionando sequer os postos da GNR, optando por generalizar e falar em 'forças de segurança muito mobilizadas'".

"Ora, nem acreditamos nessa motivação toda na PSP, nem acreditamos que o senhor ministro tenha muito interesse em ouvir os profissionais da GNR", vincou a APG/GNR.

E prossegue: "Acreditará o senhor ministro que numa qualquer visita a um posto ou esquadra, devidamente programada, algum profissional vai dizer o que sente, sujeitando-se a um qualquer procedimento disciplinar?".

A associação lembra que já propôs que as visitas sejam realizadas sem aviso prévio, pois certamente que, se tal acontecesse, o governante "iria encontrar cenários totalmente diferentes e ver o bom e o mau que existe e que, em regra, é escondido".

A APG/GNR desafia o ministro da Administração Interna "a falar com os profissionais, mas dando indicações para falarem à vontade sem receio de represálias, sem receio do Código de Justiça Militar, sem a presença do topo das hierarquias".

"Perceberia rapidamente que está enganado nas suas conclusões. Ou, em alternativa, poderia, no mínimo, valorizar as preocupações que a APG/GNR tem feito chegar ao seu conhecimento e que não têm merecido resposta", lê-se.

Ainda de acordo com a nota, "sem medo, com razão e coragem, no próximo dia 21 de outubro os profissionais das forças de segurança estarão junto à residência do Presidente da República", onde realizarão uma ação de protesto.

A APG/GNR exorta à participação de todos os profissionais da Guarda na iniciativa.

"Se há vontade de varrer o descontentamento para debaixo do tapete, este é o momento de agir, de pôr um ponto final no absoluto desprezo que tem existido por aqueles que garantem a segurança do país", remata.

A APG/GNR anunciou a realização, este mês, de vigílias e de uma manifestação devido ao "grande descontentamento e desmotivação" do efetivo da GNR e pela "constante desconsideração" do Governo.