Agricultores suíços juntam-se aos protestos com tratores nas ruas de Genebra

Agricultores suíços juntam-se aos protestos com tratores nas ruas de Genebra

Um pouco por toda a Europa continuam os protestos dos agricultores. Siga aqui todas as notícias do dia sobre esta crise.
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 Os agricultores suíços juntaram-se hoje aos protestos do setor, que decorrem há várias semanas na Europa, pela valorização da atividade agrícola, com um desfile de cerca de 30 tratores nas ruas de Genebra.

"Como jovens, assusta-nos muito não saber se, realmente, há futuro para a nossa profissão. É muito triste ver a geração anterior, com dificuldades em gerar lucro, a modernizar os seus equipamentos para fazer o que a política nos pede: produzir de uma forma mais sustentável", apontou, o vinicultor Antonin Ramu, de 19 anos, em declarações à Agência France Presse (AFP).

O Parlamento Europeu reúne-se, a partir de segunda-feira, com uma agenda marcada pelos debates sobre os recentes protestos dos agricultores em vários Estados-membros da União Europeia e a ajuda à Ucrânia em vésperas da guerra cumprir dois anos.

Na quarta-feira, em Estrasburgo (França), os eurodeputados vão debater com o Conselho da União Europeia (UE) e o executivo comunitário as respostas às exigências dos agricultores, incluindo a de melhores rendimentos, no contexto dos recentes protestos em vários Estados-membros, incluindo Portugal.

Os agricultores exigem uma maior flexibilização da política agrícola comum e mais apoios para o setor, contestando ainda a imposição de políticas ambientais.

No dia anterior, na terça-feira, as atenções do hemiciclo estarão voltadas para a Ucrânia, quando faltam poucas semanas do conflito, iniciado pela invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, cumprir dois anos.

A presidência semestral belga do Conselho da UE e a Comissão Europeia estarão representadas na sessão plenária para debater com o Parlamento Europeu sobre o apoio à Ucrânia, país que conseguiu estatuto de candidato ao bloco europeu em junho de 2023.

A ajuda da UE à Ucrânia será também abordada, na terça-feira, no debate sobre os resultados do Conselho Europeu extraordinário de 01 de fevereiro, no qual os líderes europeus aprovaram uma ajuda macrofinanceira de 50 mil milhões de euros ao país, para o período 2024-2027.

As alegadas tentativas de ingerência russa nos processos democráticos da UE é outro tema que será abordado na sessão, à luz das recentes notícias sobre uma partilha de informações por parte de uma eurodeputada com o serviço de segurança russo.

Apesar de saudar a mudança para uma agricultura mais verde, Ramu pediu mais apoios para o setor e lembrou que não é possível competir com quem não cumpre as mesmas exigências, referindo-se às importações fora da União Europeia.

Os tratores foram escoltados pela polícia, concentrando-se no centro de Genebra. O protesto atraiu cerca de 200 pessoas.

Este protesto foi convocado pela Uniterre, após o Sindicato dos Camponeses Suíços ter lançado, esta semana, um documento com as reivindicações do setor.

"Esta é a primeira concentração de camponeses na Suíça, depois das manifestações e bloqueios que ocorrem em toda a Europa. Na Suíça, muitas pessoas dizem que a situação é diferente e que não estamos sujeitos às políticas da União Europeia [...], mas temos o mesmo tipo de estrutura", referiu a sindicalista da Uniterre Eline Müller.

Já na Bélgica, os agricultores continuaram hoje a bloquear vários centros de distribuição alimentar dos supermercados Aldi, Lidl, Intermarché e Delhaize, apesar da ameaça dos empregadores, o que já provocou algumas falhas de produtos.

Na sexta-feira, os empregadores ameaçaram os manifestantes com ações judiciais, caso os protestos não terminassem.

Estes bloqueios já provocaram algumas quebras de produtos nas prateleiras dos supermercados belgas.

Os supermercados Aldi, Lidl e Delhaize anunciaram estar em conversações com os agricultores para tentar travar os protestos.

Estão bloqueados, no total, três centros de distribuição do Aldi, dois do Intermarché, dois da Delhaize e um do Lidl.

Na região Sul, os agricultores cortaram a circulação de veículos em duas estradas secundárias, perto de Bouillon, enquanto no porto de Zeebrugge o bloqueio já foi levantado.

Os agricultores belgas estão em protesto há uma semana, contra os baixos preços pagos pelos distribuidores de alimentos, o excesso de burocracia, as regulamentações ambientais e contra as importações fora da União Europeia, que não cumprem as mesmas exigências.

Esta quinta-feira, mais de 1.300 tratores bloquearam Bruxelas.

Os agricultores europeus saíram à rua nas últimas semanas, cortando estradas com tratores e fardos de palha, exigindo a flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC) e mais apoios para o setor, em ações que já levaram os governos a adotar novas medidas.

Os agricultores alemães bloquearam hoje com os seus tratores o acesso ao aeroporto de Frankfurt, em protesto contra o corte de subsídios para o setor, indicou a polícia local.

"O trânsito está interrompido junto ao aeroporto. As pessoas que se dirigem para o aeroporto devem deslocar-se de transportes públicos", lê-se numa publicação da polícia de Frankfurt na rede social X (antigo Twitter).

Apesar de a polícia não ter divulgado números oficiais, algumas publicações, como o jornal Bild, noticiaram que mais de mil tratores estiveram presentes na manifestação.

O aeroporto de Frankfurt divulgou uma mensagem no seu 'site' a avisar os passageiros para a necessidade de se deslocarem para o local com mais antecedência.

Os voos não foram afetados pelo bloqueio.

Os agricultores europeus saíram à rua nas últimas semanas, bloqueando estradas com tratores e fardos de palha, exigindo a flexibilização da Politíca Agrícola Comum (PAC) e mais apoios para o setor, em ações que já levaram os governos a adotar novas medidas.

Os agricultores alemães têm vindo a bloquear cidades de Norte a Sul, em protesto contra os cortes nos subsídios públicos.

Na base das manifestações está a eliminação gradual da redução do imposto sobre o gasóleo para os agricultores.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, já se mostrou preocupado com os "extremistas" que procuram explorar a agitação social no país.

"Quando os protestos, em si mesmos legítimos, se transformam em raiva ou desprezo pelos processos e instituições democráticas, todos ficamos a perder. Só aqueles que desprezam a nossa democracia beneficiarão", avisou o líder alemão numa mensagem escrita e em vídeo, divulgada em 13 de janeiro.

As manifestações têm sido apoiadas, em especial, pelo partido de extrema-direita AfD, que tem vindo a subir nas sondagens.

Os agricultores em protesto junto à fronteira de Vila Verde de Ficalho (Beja), desmobilizaram na última noite, depois de receberem a garantia do Governo de que vão receber os apoios que tinham sido retirados.

Em declarações à agência Lusa, José Maria Charraz, um dos elementos do movimento de agricultores, explicou que o Ministério da Agricultura "cedeu" às exigências dos profissionais do setor, tendo os agricultores desmobilizado da fronteira de Vila Verde de Ficalho "perto da meia-noite" de sexta-feira.

José Maria Charraz disse ainda que na quinta-feira vai decorrer em Moura, também no distrito de Beja, "uma reunião presencial" com a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, a partir das 19:00.

Fonte do Comando Territorial de Beja da GNR disse à Lusa que o trânsito voltou a circular com normalidade durante a última noite na fronteira de Vila Verde de Ficalho e que "todos" os tratores que se encontravam no local já desmobilizaram.

Desde quinta-feira que os agricultores portugueses se têm manifestado pela valorização do setor e condições justas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.

O Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de 'luz verde' de Bruxelas.

A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.

Os protestos dos agricultores portugueses são organizados pelo Movimento Civil de Agricultores, que se juntou às manifestações que têm ocorrido em outros países europeus, incluindo França, Grécia, Itália, Bélgica, Alemanha e Espanha.

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