Em 2023 registaram-se 36 595 acidentes de viação com vítimas.
Em 2023 registaram-se 36 595 acidentes de viação com vítimas.Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens

Acidentes em dias de chuva diminuem. Portugueses estão mais prudentes ou é apenas um reflexo da seca?

Balanço anual da ANSR mostra aumento dos acidentes com vítimas em 2023, mas uma redução destes episódios em dias de chuva. Mesmo com mais veículos a circular nas estradas nacionais.
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“Com chuva modere a velocidade”. Quem conduz por autoestradas nacionais já deverá ter reparado nesta mensagem que surge nos painéis, sempre que a chuva é mais forte e cria condições para que aumente o risco de despistes, seja por aquaplaning ou falta de aderência ao asfalto quando os pneus estão em mau estado.

No entanto, o Relatório Anual de 2023 sobre sinistralidade a 30 dias, fiscalização e contraordenações rodoviária, elaborado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e revelado na segunda-feira, mostra que a esmagadora maioria dos acidentes e vítimas são registados em dias de “bom tempo”: 84,6% dos acidentes com vítimas (30949, +8,8% que em 2022), 89,3% das vítimas mortais (573, +6,3%), 88,8% dos feridos graves (2221, +10,8%) e 83,9% dos feridos ligeiros (35 960, +8,3%).

A consulta do documento permite, aliás, perceber que com chuva os números da sinistralidade e consequências diminuíram em todos os campos analisados e a própria ANSR chama a atenção para isso: “O aumento da sinistralidade não foi denominador comum às principais e maioritárias condições atmosféricas, uma vez que com o fator chuva todas as variáveis registaram reduções, com maior expressividade na sinistralidade grave”. Sob essa condição atmosférica, e na comparação com 2022, o número acidentes com vítimas diminuiu (5320, - 4,8%), assim como as vítimas mortais (60, - 13%), feridos graves (249, - 10,4%) e feridos ligeiros (6489, - 1,8%). No que diz respeito a peões, é também com “bom tempo” que se registam mais vítimas e também aqui o total (vítimas mortais, feridos graves e feridos ligeiros) aumentou em relação ao ano passado (4373 vs. 4146 - +5,5%).

A análise de ANSR à sinistralidade em Portugal por fatores atmosféricos também tem númeroa sobre nevoeiro (215 acidentes com vítimas), vento (38), neve (20), fumo (2) e granizo (11)

Os dados têm, no entanto, de ser enquadrados com os da pluviosidade em Portugal. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, em 2023 choveu menos do que no ano anterior (735,8 mm de valor médio em 2023, contra 797,6 mm em 2022, uma quebra na ordem dos 7,8%), o que influencia a quantidade de dias com chuva que poderiam proporcionar acidentes. Mas, por outro lado, se houve menos dias de chuva também é verdade que houve mais veículos nas estradas, logo mais hipóteses de acontecerem acidentes: segundo a ANSR, a circulação total anual na rede rodoviária aumentou 7,9% face a 2022.

De resto, olhando para os grandes números, em 2023 registaram-se 36 595 acidentes de viação com vítimas, 642 vítimas mortais, 2500 feridos graves e 42 873 feridos leves. Em relação a 2022, registaram-se acréscimos em todos indicadores: mais 2319 acidentes com vítimas (+6,8%), mais 24 vítimas mortais (+3,9%), mais 198 feridos graves (+8,6%) e mais 2759 feridos leves (+6,9%).

Na comparação com os 27 países da União Europeia, Portugal foi o sexto pior no número de mortos na estrada por milhão de habitantes (60,8), tendo sido ultrapassado apenas por Grécia, Croácia, Letónia, Roménia e Bulgária, numa tabela liderada pela Suécia (21,8). Refira-se que a UE tem como meta reduzir em 50% as mortes na estrada até 2030.

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