Que meios humanos e equipamentos estão envolvidos nas operações de salvamento e buscas? Desde 2018 a responsabilidade desta vigilância, em termos de época balnear, diz respeito às autarquias. A Autoridade Marítima Nacional (AMN) tem a responsabilidade de garantir a segurança, ou responder a qualquer chamada, nas áreas que não estão vigiadas. Nas praias vigiadas, as autarquias têm essa responsabilidade. Mas sendo praias balneares, atribuído um concessionário, a contrapartida de atribuir a exploração desse espaço é garantir a segurança através de nadadores salvadores, durante a época balnear. Depois, os concessionários têm duas hipóteses: ou eles próprios contratam nadadores salvadores ou fazem um plano integrado com outros concessionários e, aquilo que são as associações de nadadores salvadores, garantem esse serviço, prestando-o a esses concessionários..Quantos nadadores salvadores têm de existir na praia? Tem de haver dois nadadores salvadores a cada 100 metros. Os planos integrados fazem com que exista maior flexibilidade, reduzindo o número de nadadores salvadores. Isto em areais muito extensos, porque as várias praias são áreas contíguas, e os nadadores salvadores podem garantir a segurança de um lado e outro. Se esse plano integrado tiver meios complementares de salvamento, através de viaturas, por exemplo, esse número é reduzido face ao que está estabelecido na lei. Por exemplo, na área da Costa da Caparica e Fonte da Telha há planos integrados de salvamento, garantidos por três associações: a Âncora, da Fonte da Telha, a Frente Urbana e a Caparica Mar. Isso é o que garante a vigilância nas praias que têm concessionários. Nas outras praias, em Almada, há o programa Praia Protegida e isso garante meios complementares que fazem a vigilância desde a Cova do Vapor à Fonte da Telha..Que meios são esses? São meios garantidos pelos bombeiros da Trafaria e de Cacilhas, em articulação com as associações de nadadores salvadores e também com a Autoridade Marítima, traduzido no programa Praia Segura. Nesse âmbito, em todo o país, temos ainda o projeto Sea Watch, com várias parcerias que nos fornecem os meios: viaturas todo o terreno, equipadas com desfibriladores auxiliares externos, e outros sistemas de salvamento. Estas viaturas são tripuladas por militares da marinha e têm a responsabilidade, de acordo com as autoridades marítimas locais, de integrarem esses planos complementares de salvamento. Podem prestar o primeiro auxílio em qualquer situação que seja necessário o salvamento de náufragos. Os elementos que fazem parte da tripulação das viaturas têm certas competências: são nadadores salvadores, condutores todo o terreno e também têm as competências de trabalhar com o desfibrilador auxiliar externo. .No terreno, além do projeto Sea Watch há a presença da polícia marítima e, ainda, as estações salva-vidas. Quais as suas funções? As estações salva-vidas não dizem só respeito à parte da assistência a banhistas mas também a todos os incidentes que acontecem no mar. As estações salva-vidas estão distribuídas de acordo com as capitanias, por todo o país, e têm técnicos que garantem, durante o período diário, a segurança perante qualquer incidente que aconteça, quer nas praias quer ou no mar, com embarcações ou o que quer que seja..Quais são as responsabilidades da polícia marítima? A polícia marítima não tem uma intervenção direta na assistência e salvamento. A polícia marítima tem competências de polícia criminal, garante a fiscalização e faz com que sejam cumpridos os normativos em vigor, nomeadamente em termos do que são o número de nadadores salvadores nos sítios. A polícia marítima também responde àquilo que são as ocorrências que respeitam à parte legal..A Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores adianta que morreram, por afogamento, 49 pessoas desde o início do ano até 30 de abril. Havendo bom tempo fora de época muitas pessoas vão para a praia. Como é que se resolve esta questão? Os dados que são fornecidos periodicamente pela FEPONS, no Observatório para o Afogamento, relatam e distribuem os números do afogamento. Mas temos de distinguir o que é o afogamento do que é a assistência a banhistas. Repare, o próprio suicídio é considerado afogamento de acordo com aquilo que surge no relatório. Morreram 49 pessoas por afogamento: mas em que condições? Em que águas? Fluviais? Balneares? Marítimas? Estes dados não o distinguem. Muitas das pessoas questionam-se sobre o que é a segurança das praias. No que diz respeito às praias, à parte balnear, os números efetivos e reais são aqueles fornecidos pela AMN. Por exemplo, em relação à época balnear, antecipada a 1 de maio, só tivemos um caso de uma morte de uma pessoa que se sentiu mal, na zona sul..Com pessoas a ir à praia todo o ano a AMN nunca equacionou haver sempre nas praias? Temos de ser razoáveis e realistas. Com os meios que temos é impossível garantirmos esse dispositivo o ano inteiro. Daí a importância da cultura de segurança. A segurança parte muito da responsabilidade individual de cada um..Quais as tais linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas, na praia? Imagine, se as pessoas almoçarem e não respeitarem o período para fazerem a digestão, isto é uma linha vermelha. A qualquer momento podem sentir-se mal. Há várias instruções que divulgamos e um slogan, criado por Alexandre O’Neill, que é Há mar e mar; Há ir e voltar. A frase é feliz, porque é o apelo ao mar que temos: vasto e cheio de perigos. Podemos ir mas temos de regressar em segurança. .Em que consiste essa cultura de segurança e quais as linhas vermelhas, em concreto? A cultura de segurança constrói-se desde muito cedo e, hoje em dia, as crianças têm isto interiorizado Qualquer pessoa que procure zonas vigiadas - não ouse estar sempre fora das praias vigiadas -, que não tenha comportamentos de risco, que tenha a noção concreta de que estamos num estado costeiro... Todos sabemos que o mar de inverno é extremamente perigoso. Até a própria envolvência do norte, é diferente da do sul e do Algarve. As pessoas procuram muito o Algarve porque sabem que o mar é mais calmo, há menos correntes, menos agueiros. Isto é uma cultura que podemos garantir, sensibilizando as pessoas, mas que passa muito por cada um de nós. Ao chegar à praia, deve-se parar um bocadinho e olhar à volta. Onde é que estão as pessoas a tomar banho e se sentem mais confortáveis? Há sinalização própria para as zonas de banhos? Porque é que havemos de ir para zonas não vigiadas? Para termos mais espaço? Podem fazê-lo mas corremos um risco enorme.