A maior parte dos tanques Leopard portugueses está inoperacional
Governo português está a avaliar os termos de colaboração com a Ucrânia no que se refere aos tanques Leopard 2.
Portugal tem 37 tanques Leopard A6, comprados aos Países Baixos em 2008, mas a maior parte está inoperacional, noticia a edição desta sexta-feira do Expresso, que cita fontes do Exército. A maioria destes carros de combate está no "nível vermelho de operacionalização", segundo uma escala utilizada pela NATO para averiguar a prontidão dos equipamentos a serem utilizados em combate.
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Há ainda cerca de uma dezena de veículos no nível "amarelo", o que significa que os tanques não estão a 100%, mas podem ser utilizados em contexto de guerra. Já no nível "verde", prontos a utilizar, estão uma minoria destes carros de combate, segundo relatam fontes do Exército ao semanário.
Apenas 12 tanques Leopard portugueses estarão operacionais, segundo o Correio da Manhã, mas não há certeza sobre o número exato.
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Perante esta informação, o Ministério da Defesa explica ao Expresso que, por "evidentes motivos de segurança", o Governo "não se refere publicamente à operacionalidade dos sistemas de armas e equipamentos do sistema de forças nacional".
O gabinete da ministra Helena Carreiras indica ainda que o Executivo está a estudar os termos de colaboração com a Ucrânia. "O Ministério da Defesa Nacional está em contacto com os seus aliados e parceiros para avaliar as diferentes modalidades de ajuda à Ucrânia na edificação de uma capacidade militar de Leopard 2, designadamente com treino. Recebemos um pedido formal do Governo ucraniano para avaliar as modalidades em que esse treino poderá ser realizado."
Ouvido pelo jornal, o general Pinto Ramalho, que foi o responsável pela aquisição dos 37 Leopard 2, em 2008, manifesta-se a favor do treino de soldados ucranianos, mas está contra o envio destes tanques para o campo de batalha para fazer face à ofensiva russa, uma vez que isso significa "amputar uma unidade" que não está sequer "constituída".
O antigo chefe do Estado-Maior do Exército é da opinião de que Portugal devia ter 54 destes veículos de combate, em vez de 37, de modo a formar um grupo de carros completo.
O general Pinto Ramalho considera que na base da inoperacionalidade da maior parte destes tanques estão as reduções orçamentais. "Quando se reduz na operação e manutenção, reduz-se no treino e na manutenção", afirma.
Recorde-se que esta semana a Alemanha e os EUA aprovaram o envio de tanques Leopard 2 e M1 Abrams a Kiev. Os carros de combate de fabrico alemão deverão chegar à Ucrânia "no final de março, início de abril".
Foi na quarta-feira que a Alemanha deu luz verde ao envio de 14 Leopard 2 e autorizou que outros países possam fornecer este tipo de veículos de combate à Ucrânia. Já os EUA, pela voz do presidente Joe Biden, anunciaram o envio de 31 tanques M1 Abrams para as forças ucranianas.