A frase que marca uma semana de bombardeamentos: "Eu não mordo", garante Zelensky
Rússia avisa Finlândia e Suécia para não aderirem à NATO
A invasão da Ucrânia por parte das tropas russas na madrugada do dia 24 de fevereiro provocou críticas, aprovação de sanções e inúmeros encontros por parte da grande maioria dos líderes mundiais. E entre as várias declarações surgiu a indicação de que a Finlândia e, eventualmente, a Suécia poderiam pedir a adesão à NATO (aliança de países da Europa e da América do Norte, que existe desde abril de 1949). Desejo que recebeu um aviso claro da Rússia: haverá "sérias repercussões políticas e militares" caso os dois Estados peçam essa adesão. O aviso, em jeito de ameaça, foi feito na conta da rede social Twitter do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo pela porta-voz da instituição, Maria Zakharova. Que ali deixou o apelo ao "comprometimento finlandês de não alinhamento" para "assegurar a segurança e a estabilidade no norte da Europa".
Tropas no terreno e o alerta máximo na componente nuclear
A guerra não se desenrola apenas no terreno - neste caso na Ucrânia. Também passa muito pelas declarações e decisões colocadas em prática para pressionar o adversário. E perante o coro de críticas e sanções aprovadas de que estava a ser alvo, o presidente da Rússia aumentou a pressão e deu um passo na escalada da retórica/avisos. Numa reunião com o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior Vladimir Putin deu ordens para que colocassem em "alerta máximo" as forças de dissuasão russas, as quais têm uma componente nuclear. O que levou a mais críticas à agora denominada "retórica muito agressiva" do líder russo.
O pedido de adesão à UE e a reunião para decidir outra reunião
No dia em que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinou o pedido formal de adesão à União Europeia, realizou-se a primeira reunião entre as delegações ucraniana e russa para negociar um eventual cessar-fogo. Após várias horas de conversações, o acordo anunciado foi o de que... iria existir uma outra reunião. Ao nível diplomático a Assembleia Geral das Nações Unidas iniciou a sua 11.ª sessão especial de emergência, um tipo de reunião muito pouco habitual. E, em termos económicos, começaram a surgir as primeiras consequências: o rublo desvalorizou 30% em relação ao dólar norte-americano e o preço do barril de petróleo nos EUA (que interessa a Portugal) começou a subir.
O apelo ucraniano e a resolução que o PCP contesta
"Provem que estão connosco." O apelo foi feito pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no discurso que fez - por videoconferência - na sessão do Parlamento Europeu onde se discutiu a invasão da Rússia ao seu país. Uma intervenção aplaudida pelos deputados, exatamente o contrário do que aconteceu quando o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, discursou na Conferência de Desarmamento: nesse momento, centenas de diplomatas deixaram a sala. Voltando ao PE, foi aprovada uma resolução sobre a invasão com 637 votos a favor, 26 abstenções e 13 votos contra - destes, dois foram do PCP. No final, o eurodeputado João Pimenta Lopes justificou o voto contra "tendo em conta o enquadramento de uma resolução que, no lugar de procurar abrir caminho ao diálogo, instiga uma escalada de tensões numa situação já ela própria de grande tensão".
Ao fim de uma semana cai a primeira cidade ucraniana
Uma semana depois da invasão da Ucrânia, o exército russo conseguiu o controlo da primeira grande cidade. Após vários dias cercada, Kherson ficou sob controlo das tropas de Putin que assim assumiram a liderança de um importante porto do mar Negro. A cidade tinha cerca de 300 mil habitantes e é um ponto de acesso a várias zonas do interior da Ucrânia. Além disso o domínio desta região permite aos russos acederem à Crimeia e à cidade portuária de Odessa. Depois de reconhecer a perda do controlo da cidade, o presidente da câmara Igor Kolikhaiev divulgou uma mensagem onde escreveu existirem dificuldades em sepultar os mortos, distribuir medicamentos, alimentos e em recolher o lixo.
"Eu não mordo", diz Zelensky ao desafiar Putin. Que não respondeu
"Sente-se comigo para negociar, mas não a 30 metros. De que é que tem medo? Eu não mordo." Este foi o desafio que o presidente da Ucrânia fez ao seu homólogo russo no dia em que delegações dos dois países cumpriram a segunda reunião para tentar um acordo de cessar-fogo. Porém, Volodymyr Zelensky apenas recebeu silêncio do lado de Vladimir Putin. Que, no entanto, não poupou nas palavras numa intervenção no Conselho de Segurança Nacional da Rússia. Nesse fórum frisou que russos e ucranianos são "um povo" e que a "a forma como a batalha se está a desenvolver" mostra que a Rússia está "a lutar contra neonazis". Ou seja, não há reunião entre os dois líderes. Já a que se realizou entre as duas delegações terminou com referências à necessidade de se autorizar corredores humanitários. Mas nada ficou decidido. Na realidade, certo, certo, é que poderá haver um terceiro encontro...
TPI vai investigar crimes de guerra. Não atingirá líder russo
Uma denúncia de 39 países, incluindo Portugal, levou o Tribunal Penal Internacional a enviar um grupo de investigadores à Ucrânia para analisarem no terreno a possibilidade de estarem a ser cometidos crimes de guerra, contra a humanidade ou genocídio naquele país. O anúncio foi feito pelo procurador-geral do TPI Karim Khan. Também a Amnistia Internacional acusa a Rússia de crimes de guerra frisando que foram atingidos blocos residenciais, habitações e viaturas civis, um hospital e um jardim-de-infância. No entanto, será difícil Vladimir Putin responder por qualquer crime que eventualmente lhe seja imputado pois a Rússia não é membro do TPI.